Capítulo 6

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Faltava apenas uma semana para a viagem e eu estava desorientada. Meu chefe deve ter colocado em sua cabecinha de pote que eu era sua única assistente e resolveu passar todos os "pepinos" do trabalho para que eu resolvesse, minha irmã estava à beira dos nervos, enchendo-me com os preparativos e perguntando incansavelmente quem seria meu par.

Eu ainda não tinha recebido nenhuma ligação e nenhuma correspondência, isso estava me deixando histérica. Será que haviam se esquecido de mim? Eu teria que ir sozinha no casamento da minha irmã e enfrentar meu ex com sua nova namorada durante um mês?

- Me matam logo - resmunguei para os meus melhores amigos.

- Acalme-se Kah, você não vai sozinha - Valen me consolou.

- Sabe quanto tempo faz que não vejo a minha família? É isso ai, muito tempo. Imagina como ficarei quando aparecer lá sem ninguém - gemi ante a ideia - já imagino a voz estridente de mamãe: ainda sozinha, querida. E acreditem, não seria uma pergunta.

- E é por isso que você vai aparecer lá com um cara bem gostoso - Jorge falou, confiante.

- Agradeço por tentarem me animar - abracei os dois.

Um silêncio pairou no ambiente e, de repente, Bugger, o cachorro do vizinho, começou a latir incessantemente e isso significava uma única coisa: correspondência. Levantei correndo da cadeira na qual estava sentada e desci para alcançar minha caixa de correio. Enquanto subia de volta para meu quarto, vasculhando entre os papeis o que me importava, ouvi a voz de Valen

- E fiquei sabendo que é um nojo de tão bonita.

- Quem? - questionei. Meus amigos se entreolharam e torceram os lábios - quem? - repeti.

- Vivian - respondeu Jorge

- Quem diabos é Vivian?

- A nova namorada do Evan - retrucou meu amigo - dizem que é um espetáculo e... - calou-se quando viu minha expressão - mas tenho certeza que é apenas exagero dos opositores.

- Oh, que ótimo - murmurei e desmoronei na cama - era apenas o que me faltava, a garota ser do tipo miss Alabama ou algo assim.

- Ora, duvido que seja mais bonita do que você - Jorge passou o braço ao redor dos meus ombros.

- Está dizendo isso apenas porque é meu amigo - o empurrei e ri.

- Ei, olha isso - Valu praticamente gritou e voltei minha atenção para ela, que estava ao meu lado folheando minhas correspondências esquecidas de lado.

Ela me estendeu um envelope e quase engasguei quando vi o remetente. Rasguei um dos lados e passei os olhos pelo notificado, ergui a cabeça para encontrar dois pares de olhos me observando com curiosidade.

- Ele vai comigo - titubeei, não conseguindo acreditar.

- Ruggero? - Valu questionou, mal conseguindo conter sua ansiedade. Acenei com a cabeça e ela soltou o grito que estava preso em sua garganta, erguendo os braços. - Eu não entendo por que ele aceitou - murmurei.- Talvez ele tenha ficado com pena da louca do telefone - Jorge deu de ombros e Valu deu um tapa atrás da sua cabeça.

- E se ele for um maluco? Tarado? E se não for tão bonito quanto pensam? - comecei, enlouquecendo.

- Pare com isso, vai dar tudo certo - e era isso que eu esperava. A carta dizia claramente que ele havia aceitado ir para a França comigo, que eu iria encontra-lo no avião e que estaria sentado na poltrona atrás de mim; além dessas informações, dentro do envelope estava uma passagem de avião marcada com a poltrona de número A 10, logo, Ruggero estaria me esperando daqui uma semana na poltrona A 12.

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Jorge e Valu não estavam no mesmo voo que eu, então, me encontrava sozinha no enorme aeroporto de Nova York, prestes a embarcar em um avião para encontrar um homem que eu estava pagando um rio de dinheiro e do qual eu não sabia nada, a não ser o nome e sobrenome, se isso contasse como alguma coisa.

Minha língua escapou para umedecer meus lábios, secos pela ansiedade, e enquanto me instalava em minha poltrona, me perguntava como seria meu acompanhante misterioso. Moreno? Alto? Gordo? Careca? Eu não fazia ideia. Somente tinha em mente que deveria valer a pena ou requereria meu dinheiro de volta. Com certeza.

Escutei um movimento atrás de mim e notei quando ocuparam o assento. Meu sangue congelou nas minhas veias e eu estava mais nervosa do que quando ia fazer exame de sangue, e eu tenho pavor de agulhas. Estava me sentindo acanhada e não queria olhar para trás para conferir, descaradamente, como era meu acompanhante. Olhei para onde estavam duas aeromoças e uma ideia surgiu, como se uma pequena lâmpada brilhasse sobre minha cabeça. Me levantei e caminhei até elas.

- Olá - cumprimentei e elas fizeram o mesmo, cada uma com um brilhante sorriso no rosto.

- Precisa de ajuda? - uma delas questionou.

- Na verdade, eu só preciso que me respondam algo, se não se importarem.

- Claro - ambas falaram em uníssono.

- Estão vendo o homem sentado na poltrona A 12? Por favor, digam que é bonito e que não se parece com um psicopata - clamei e, disfarçadamente, as duas mulheres olharam na direção na qual indiquei e arregalaram os olhos. Caramba.

Um Namorado Por EncomendaOnde histórias criam vida. Descubra agora