Capítulo 8

351 34 1
                                    

Encarei as duas mulheres que estavam na minha frente e elas pareciam realmente atônitas, seus queixos literalmente caídos e os olhos arregalados. Me virei devagar para encontrar um muro de músculos do meu lado, ergui a cabeça e um par de olhos cor café, bem profundos, e maravilhosos. O homem possuía lábios grossos, cílios longos e um queixo anguloso, totalmente masculino. Seus cabelos castanhos impecavelmente arrumados alcançavam sua nuca, emoldurando o rosto angelical; ele vestia uma camisa branca, uma gravata azul e um terno risca de giz, sapatos pretos perfeitamente lustrados e brilhantes. Ele era alto, por volta dos 1,90, mas combinava com ele e não o fazia parecer desengonçado ou fora de lugar. E seu sorriso...ah, que sorriso! Eram dentes alinhados e tão brancos que ele poderia fazer propaganda de creme dental sem necessidade de editores. Pela primeira vez eu estava de boca aberta, sem palavras e sem conseguir encontrar nenhum defeito nesse homem.

Ficamos nos encarando por um tempo, eu provavelmente com minha cara embasbacada, até que alguém pigarreia ao meu lado e volto meu olhar para minha mãe, que estava com os olhos brilhando, mas uma sobrancelha estava erguida.

- Oh - murmuro quando volto a mim - esse é... - calo-me e o homem ao meu lado estende a mão para ela.

- Eu sou Ruggero Pasquarelli - ele diz, com um sorriso brilhante e super sexy -mas podem me chamar Rugge.

- É um prazer Rugge - ela o abraçou calorosamente e eu temi que ela não o soltasse, talvez com medo de que fugisse ou algo assim. Então minha irmã fez o mesmo e nós partimos.

¶¶¶¶¶¶¶

Alguns minutos dentro do carro, com minha mãe fazendo um questionário interminável sobre a vida de Rugge, eu já estava contemplando qual a probabilidade de eu morrer caso me jogasse do automóvel em movimento.

- Então querido, de onde você é? - minha mãe perguntou, lançando um olhar para Rugge através do espelho retrovisor - notei um forte sotaque - e totalmente adorável, devo acrescentar; pensei mentalmente.

- Sou de Pescara - respondeu tranquilamente, parecendo não se importar nem um pouco que estivessem o interrogando.

- E onde é isso? - minha irmã questionou, franzindo o cenho.

- Itália. Fui para os Estados Unidos quando tinha vinte anos e o sotaque é algo difícil de deixar para trás.

- Não se preocupe, adoramos sotaques - Bia disse com excitação. E nisso eu não poderia discordar com ela, eu tinha um fraco por sotaques, ainda mais em uma voz terrivelmente sexy como a de Rugge.

- Como vocês se conheceram? - e ali estava mamãe novamente, com a pergunta de um bilhão de dólares. Cacetada! Precisava parar esse questionário imediatamente ou as coisas se complicariam e tudo iria por água a baixo, mais fundo que o Titanic. E minha mãe...era um monstruoso iceberg.

Rugge me lançou um olhar e quando abriu a boca, direcionando para a "sogra", eu segurei seu braço.

- Parem de interroga-lo ou fugirá antes que vocês digam casamento - resmunguei - deve estar cansado, por que não descansa um pouco?

- A viagem vai ser um pouco longa até a casa de campo - minha irmã falou e um silêncio reconfortante pairou entre nós. Ou talvez fosse o apagão que me deu, pois não lembro de ouvir mais nada.

Acordei não sei quanto tempo depois, com uma mão tocando meus cabelos levemente e uma voz ronronando para que eu acordasse. Ainda estava sonhando? Pois quando abri os olhos, o rosto de um anjo surgiu na minha frente. Permaneci deitada até que minha memória resolveu funcionar e tudo veio para minha mente como um soco.

- Acorda preguiçosa, já chegamos - Bianca gritava. O que ela esperava? Eu madruguei, caramba.

Me sentei no banco de uma vez quando notei que estava deitada nas coxas musculosas do homem ao meu lado e o olhei, que me observava com um sorriso enviesado nos lábios carnudos. Qual é, essa realmente sou eu? Nada de homens Karol, nada de homens. Mesmo que ele seja uma visão, ele só está aqui para que você não pareça uma idiota solitária na frente do seu ex-namorado pé no saco. Pigarreei e olhei no retrovisor antes de sair do carro e quase cai para trás; Ruggero continuava impecável como sempre, enquanto a mim estava com o cabelo como um ninho de pássaros e babando. Jesus, eu poderia ser mais sensual do que isso?

Entretanto, por que eu estava me preocupando tanto mesmo? Ele estava sendo pago para me aceitar de qualquer jeito, babando ou estilo leãozinho. Sai do carro e não consegui manter o queixo no lugar. Uau, o lugar era incrível ! O jardim era repleto de verde e belas flores, dois bancos pintados de brancos estavam posicionados perto da casa e ao longe consegui notar um balanço para duas pessoas, de modo que ficavam uma de frente para a outra. De certo ponto até a escada que levava para a entrada principal, o caminho era coberto por paralelepípedos cinzas, árvores frondosas ocupavam várias partes do lugar, algumas com flores roxas e vermelhas por toda parte, fora as que foram plantadas manualmente. A casa era vitoriana, com dois andares, pintada em um tom carmim, telhado cor azul-marinho, janelas, portas, a escada e várias outras partes, excluindo as paredes, eram impecavelmente brancas.

- Uau - murmurei.

- É incrível, não? - escutei a voz animada da minha irmã atrás de mim e então ela correu, subindo as escadas correndo e entrando na casa como um furacão.

Finalmente sai do meu transe causado pela beleza do lugar e olhei em volta, encontrando apenas Ruggero ao meu lado. Não consegui deixar de observa-lo novamente e eu sabia o que estava fazendo: procurando um defeito, como eu sempre fazia. Acho que na minha cabeça, eu tinha que encontrar algo que me afastasse dos homens para que não me machucasse novamente. Ele virou o rosto para mim e senti minhas bochechas esquentarem por ter sido pega, caminhei até a casa e senti sua presença em minhas costas.

¶¶¶¶¶¶¶¶

Se eu achava que o lugar era bonito por fora, era magnífico por dentro. Como conseguiam manter as paredes e a maioria dos móveis tão brancos? Não consegui reparar minuciosamente nos cômodos, pois Bianca já estava me segurando pela mão e me puxando escada acima.

- Aqui é o quarto - mamãe comentou, a cabeça dentro da habitação. Uma mão segurou minha cintura e eu estremeci involuntariamente. Olhei para dentro e era como o resto da casa: perfeito. O quarto era ainda mais vitoriano do que a casa em si, com toques imperiais; era tudo muito luxuoso e ornamentado, os móveis eram de madeira maciça, cabeceiras bem trabalhadas, com cortinas ao redor, tudo em tons claros como pasteis, bege e marrom claro. Ao lado da casa gigantesca, preenchida de almofadas decoradas, havia uma cômoda com um abajur, um guarda-roupa com portas espelhadas ficava em um dos cantos na parede. E um lustre, UM LUSTRE! Caramba, eu seria feliz nesse lugar.

- É deslumbrante - falei, encantada com o lugar - e onde Rugge vai dormir? - questionei quando ele apareceu no meu campo de visão.

- Ora, não temos a ilusão de que vocês dormem separados - minha mãe falou com um sorrisinho no rosto, provavelmente já imaginando eu e Rugge em uma casa parecida com essa, com crianças correndo por todos os lados. Mal sabia ela...

-vamos, entrem - ela me empurrou e eu comecei a ficar tensa. Íamos dormir no mesmo quarto? Na mesma cama? Cacetada.

- Onde está papai? - perguntei.

 - Lá em baixo. Está havendo uma reuniãozinha com alguns dos convidados que chegaram -respondeu - falando nisso, vou descer e ver se está tudo em ordem. Os pais Jean estão aqui, mas sua mãe são um pouco estranhos.

E com isso ela saiu. Se os pais dele fosse mais estranhos do que ela, meus pêsames para Jean.

 

Um Namorado Por EncomendaOnde histórias criam vida. Descubra agora