Só decepções

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Lilith

Faz quatro meses que houve o vexame do restaurante. Por sorte, meu bondoso chefe, mesmo após tudo o que meu esposo fez a ele naquele fatídico jantar, o perdoou e, ainda pagou por sua fiança para o mesmo ser liberado de ficar preso. Porém, após esse dia vergonhoso e lamentável, meu casamento com meu esposo vai de mal a pior.

Lúcifer está cada vez mais chato, arredio e ciumento. O mesmo vive tentando me persuadir a sair de meu trabalho que eu amo. Ultimamente, estamos brigando muito mais do que de costume, pois o mesmo cismou que meu chefe é afim de mim.

Eu vivo lhe dizendo que ele está louco e, que só pensa e fala asneira. Ontem mesmo, nós brigamos novamente pelo fato de eu ter saído tarde do meu trabalho e do senhor Shion ter me trazido em casa.

Só de lembrar, eu me sinto irritada e triste...

— Olá, querido. Boa noite, tudo bem? Me desculpe pela minha demora, mas hoje eu precisei ficar até mais tarde. — lhe falei calmamente, após fechar e trancar a porta da sala.

— Que safadeza é essa, Lilith? Quer dizer que você está dando mole para esse cabeça de alface desgraçado?! — gritou ríspido e um tanto nervoso.

— Lúcifer, não é nada disso. Eu já lhe disse que eu estava trabalhando. — falei me sentindo injustiçada. Afinal, eu não havia feito nada demais.

— A mim você não engana! Eu sei muito bem a forma que você estava trabalhando, pois eu posso ser corno, mas idiota eu não sou. — soltou essas mentiras após bebericar mais uma dose de uísque.

Eu me sentia tão triste e mal, além de decepcionada. Eu resolvi sair de perto do mesmo, o deixando sozinho. Segui então para o quarto, para me livrar de minhas roupas e tomar um banho.

Universidade de Atenas...

Lúcifer

Eu me preparava para ministrar a mais uma aula de história e filosofia. Porém, eu me sentia super mal ao me lembrar da terrível discussão que tive ontem à noite com minha esposa. E tudo por culpa do desgraçado do cabeça de alface que vive cortejando minha loira, com sua educação e sutileza, mas no fundo eu sei muito bem o que ele realmente deseja. A mim, aquele maricas educadinho não me engana! E se ele não parar de querer cortejar minha loira gostosa, eu o mato com requintes de crueldade.

Hoje, eu saí bem cedo de casa, após ter dormido novamente no sofá. Ao ir até o meu quarto, vi que minha esposa dormia feito um anjo, trajando um pijaminha curto de seda, na cor vermelha.

Agora, cá estou eu para trabalhar e, minha cabeça está a mil. E só de pensar que minha loira irá para aquela empresa, meu sangue ferve, ainda mais sabendo que minha esposa é secretária daquele filho da puta.

Como eu tenho vontade de esquartejá-lo inteiro! Eu odeio esse cara mais do que tudo!

***

Empresa Kido, sala de reuniões...

Shion

Eu estava na sala de reuniões para presidir a mais uma reunião com os acionistas da empresa, para buscarmos expandir em novos mercados. Duas empresas estavam desejando se aliarem a da nossa deusa, uma empresa Italiana e outra francesa.

Dessa vez, necessitamos fechar esses contratos, pois o que Lúcifer fez naquele restaurante, meio que fez a empresa de nossa deusa perder um pouco de seu prestígio e credibilidade.

Muitos nem querem mais ter uma aliança conosco, devido à repercussão do que ele causou. O pior que Lilith se sente totalmente triste e culpada, por esse lamentável fato ocorrido. E me parece que o casamento deles, anda indo de mal a pior. Após uma hora e meia, finalmente a nossa reunião cansativa chegou ao fim.

E, ao eu sair da sala, resolvi me esconder atrás de um dos imensos pilares de puro mármore branco, escutando assim a conversa da loira. A mesma conversava com Sara, sobre sua última briga com seu marido troglodita.

Ela parecia muito triste. Sara a aconselhava a se separar de marido traste. Porém, ela dizia que isso era algo inviável no momento, ainda mais que seu esposo estava passando por um momento difícil. Parece que ele está doente e anda bebendo todos os dias.

Após terminar seu triste desabafo, a mesma começou a chorar e, a minha vontade era de abraçá-la e lhe arrancar sua dor, lhe dando amor e carinho. Meu desejo era poder me declarar para ela, embora não possa e nem devo pelo fato dela ser casada.

Em seguida, antes mesmo de ser notado por elas, resolvi entrar na minha sala. Afinal, estamos cheios de trabalho. Mesmo que a empresa da nossa deusa não esteja mais como antes, ainda assim o trabalho árduo continuava dia após dia.

Finalmente as horas passaram, bem mais rápido do que de costume e, a hora de retornarmos as nossas casas enfim chegou. Antes de sair para ir até o estacionamento da empresa, eu ofereci uma carona para a bela loira. Porém, ela havia rejeitado após me agradecer.

Então, segui indo embora para o meu apartamento, que é no mesmo condomínio que Saga e nossa deusa vivem juntos.

Lilith

Após o meu belo e gentil chefe me oferecer uma carona, me senti obrigada em rejeitar, pois hoje eu não desejava discutir com meu marido novamente. E o mesmo havia me dito que viria me buscar no trabalho. Mas as horas passavam e nada do traste cachaceiro vir me buscar. Ao dar 19:15, resolvi ligar para o mesmo, pela sétima vez. Só que todas as vezes que eu ligava, o celular de meu marido só caia na caixa postal, me fazendo deduzir que o traste havia ido novamente para o boteco e se esquecido de mim. Então, me vi obrigada a seguir rumo à estação de metrô.

Conforme ia seguindo até a mesma, o tempo começou a ficar fechado e as estrelas começaram a ficarem encobertas pelas nuvens pesadas e densas. Os relâmpagos cruzavam o céu noturno e o vento já se tornava forte; os primeiros respingos de chuva já começavam a cair das nuvens.

Por sorte, eu estava com a minha sombrinha. Porém, tive que parar em um ponto de ônibus, próximo a estação de metrô, pois a chuva agora caia de forma intensa.

As horas passavam e por volta das 21:00 horas, a chuva deu uma cessada e foi possível eu entrar na estação de metrô que estava cheia. E, para completar, o metrô que faz o bairro que eu moro, havia se atrasado, fato que me fez chegar em casa por volta das 22:30. Ao finalmente entrar em casa, me deparei com meu marido totalmente embriagado.

— Isso são horas de chegar, sua vadia?! Você passou o dia com seu amante, não foi?! — ele me xingava e só me dizia asneiras.

— Lúcifer, eu estava trabalhando. Veja só como você fala comigo! E eu e o senhor Shion não temos nada. — soltei decepcionada.

— Eu já te disse: a mim você não engana mais! Eu sei muito bem que você é a concubina daquele desgraçado e, sei também que no trabalho você não estava, sua piranha! Agora, eu vou te ensinar a não manchar a minha honra, sua vagabunda!

Em seguida, meu marido partiu para cima de mim, me puxando pelos cabelos e me arrastando pelo chão. Eu tentava, a todo custo, me livrar dele, pois pelo fato dele ser homem, sua força física é bem maior que a minha.

Conforme ele me arrastava pelos cabelos, eu comecei a gritar por socorro e chorava ao mesmo tempo. O mesmo me mandava calar a boca, senão ele me mataria. Lúcifer me levou até o nosso quarto e me trancou dentro do mesmo. Por sorte, alguns vizinhos chamaram a polícia e ao descobrirem o fato dele ter me trancado, meu marido foi enquadrado na lei Maria da Penha e tentativa de cárcere privado. Vi a polícia o levando algemado e, após o mesmo ir para a delegacia, eu desabei em lágrimas.

Eu pensava que não podia ser verdade aquela situação. E, de fato, ele está doente...

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