Capítulo 2

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     A viagem ao centro de comércio fora calma e silenciosa

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     A viagem ao centro de comércio fora calma e silenciosa. Apenas os sons rítmicos dos cascos dos cavalos se faziam ouvir, e ocasionalmente algum canto de pássaro. Ah, como eu amo a primavera, as planícies verdejantes adquirem um tom magnífico, o mais belo de qualquer estação. Até o ar é diferente, suave, único e leve. Saímos tão cedo que admiramos o nascer do sol em nosso caminho, que foi tão belo que ascendeu algo dentro de mim: esperança.

     Viemos tão tranquilamente que chegamos no meio da manhã, a movimentação já era relativamente grande, mas eu sabia que até o entardecer ainda aumentaria. Prendemos nossas montarias e seguimos para despachar algumas cartas. Ontem separei as pilhas de acordo com seus  níveis de prioridade, porém as que eu responderia agora são as cobranças de pessoas que não iriam receber um tostão meu: as amantes de papai.

     Segundo elas, meu pai se comprometeu com seu sustento, portanto exigiam o pagamento de sua parte na herança. Algumas ainda diziam ter filhos dele. Respondi a cada uma a mesma coisa: que elas não tem direito a nada. Que foram tolas em acreditar por um segundo sequer que ele as deixaria em segurança, pois aquele homem não se preocupou nem mesmo em deixar a herdeira legítima com o mínimo de estabilidade.

     Feito isso, andamos um pouco observando os transeuntes. Muitos vendiam seus produtos, e a demanda de compra também era generosa. Os gritos e cheiros preenchiam o ambiente. Caminhamos a esmo e acabei notando uma cena peculiar: quando um comerciante gritava um valor, outro anunciava o mesmo produto com uma pequena diferença, sendo este mais barato para atrair a freguesia. Isso se seguiu até ambos discutirem e cada um decidir vender seus produtos em pontas opostas da feira. Eu observava achando graça da situação quando outra cena chamou a atenção: um homem alto e ruivo correndo e gritando. Ele perseguia duas crianças, que fugiam dele desviando das pessoas ali com uma destreza impressionante para a tenra idade que tinham. Ambos riam do pai e de sua dificuldade em pegá-los, achando divertida aquela brincadeira. Notei que, mesmo exasperado, o pai segurava para não rir junto deles.

     Até que apareceu um outro homem, de cabelos castanho avermelhados. Esse não fez o mínimo esforço para segurar o riso e agora, num trabalho conjunto, conseguiram pegar os meninos no colo e o pai lhes aplicou a bronca mais amorosa que já vi. Essa é a primeira vez que vejo a família de lorde Mackenzie e novamente sinto vergonha por meu pai ter me obrigado a tentar tirar aquilo dele. Eles são claramente felizes e, pelo que soube, há pouco a senhora Mackenzie deu à luz novamente, agora uma garotinha.

-- Que crianças adoráveis, não acha, senhorita? -- Agnes perguntou, depois de admirar a cena assim como eu.

-- Sim, eles são. E parece que os deixa de cabelos em pé. E caso continuem assim logo os deixarão de cabelos brancos. -- respondi.

-- Sem dúvidas, mas é assim que se deve ser. As crianças mais felizes são as mais travessas, pode apostar.

-- Que eles sejam muito diabinhos, então. Vamos Agnes, o movimento aumentou e temos vendas a fazer.

Meu querido Senhor Mackenzie - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora