Capítulo 27

537 78 8
                                    

     O silêncio no cômodo é aterrador

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

     O silêncio no cômodo é aterrador. Talvez eles estejam ouvindo as batidas frenéticas de meu coração. Eu… eu vi o corpo, eu vi o sangue e a carne dele pelo chão. Como isso é possível? Ainda trêmula dou mais alguns passos até ele e, de alguma forma, permaneço completamente consciente da presença reconfortante de Ian às minhas costas.

-- Senhorita Kedard, sua beleza faz jus à sua reputação. -- ele diz galante, com uma pequena reverência.

-- O que... Paul? O que significa isso? -- pergunto aos sussurros, visivelmente assustada.

-- Entendo sua confusão, senhorita, meu irmão e eu somos muito parecidos. Ouso dizer que se fossemos gêmeos não seríamos tão idênticos. Sou Patrik Lavin, irmão mais novo de Paul. Estou o procurando à meses e, segundo informações, soube que ele trabalha aqui.

     Levo alguns momentos para me controlar e compreender o sentido do que está acontecendo. Mais calma, começo a perceber as diferenças. Esse homem é um pouco mais claro que Paul, que devido ao trabalho braçal estava sempre bronzeado. Também é mais alto e esguio, não tendo os músculos que seu irmão possuía. E naquele rosto tão parecido, os traços tranquilos e alegres de meu antigo amante estão deformados por um sorriso cínico e olhar perfurador que fazem os pêlos de meu braço se arrepiarem.

-- Há quanto tempo vocês não se vêem? -- Ian pergunta, dando-me tempo para me recompor.

-- E você é…? -- Patrik olha para Ian com indiferença, o desconsiderando rapidamente.

     Certamente, ao vê-lo sujo e desarrumado, o visitante pensou que ele era algum simples empregado da fazenda.

-- Ian Mackenzie, sócio da senhorita Kedard. -- ele diz, com autoridade.

     O homem não se abala ao descobrir a identidade dele, e retorna o olhar para mim.

-- Eu sinto lhe informar, mas seu irmão morreu há mais ou menos três meses.

-- Como? -- pede sem mostrar tristeza, apenas… curiosidade.

-- Eu não estava à frente dos negócios da propriedade na época, então não sei os detalhes. Apenas soube que houve um acidente no galpão, uma das vigas do telhado caiu. Como pôde ver ao chegar aqui, precisamos construir um galpão novo pois o antigo começou a desmoronar, o que acabou levando seu irmão.

     O homem não demonstra reação ao ouvir meu relato. Após alguns segundos, aquele sorriso estranho retorna.

-- Então, ele certamente morreu sem receber seu salário daquele mês, não é?

-- O… que? -- pergunto.

-- Suponho que, como parente mais próximo, devo receber o que a senhorita deve à ele. E não sairei daqui até que meus bolsos estejam com o pagamento de meu falecido irmão.

Meu querido Senhor Mackenzie - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora