Depois da minha dura descoberta uma letargia feroz tomou conta de mim, como se meu espírito tivesse desistido de lutar já que tudo parecia perdido de qualquer forma. Agnes e Madalena ficaram preocupadas, mas as tranquilizei dizendo ser apenas um resfriado. Sendo assim, Madalena me obrigou a ficar de repouso, coisa que eu agradeci grandemente. Sentada diante da janela de meu quarto, vi o dia anterior passar e ir embora, e um novo dia nascer. Agora já é quase hora do almoço e eu ainda não sei o que farei.
Uma gravidez mudava tudo. Em alguns meses eu não teria mais disposição para os afazeres da plantação. Eu não poderia fazer minha parte na colheita sem riscos para mim ou esse bebê. E eu certamente não tenho dinheiro para contratar tantas pessoas para trabalhar na fazenda. E muito provavelmente quando a notícia se espalhar e souberem que sou uma desvirtuada não comprarão mais os grãos da fazenda Kedard.
E ainda sem contar os gastos futuros com mais uma boca para alimentar e, também que essa criança não tem pai. Talvez eu a entregue para ser criada por uma família. A quem eu quero enganar? Família nenhuma faria isso de graça e eu obviamente não tenho condições de pagar. Talvez eu a coloque num abrigo de órfãos, então. Estremeço diante da ideia, pensando em como esses lugares são sombrios e tristes.
Suspiro, frustada e exausta. Tudo o que fiz nesses dois dias tem sido pensar e pensar e pensar. Não comi, não dormi, não sai desse bendito quarto. Minha mente estava frenética procurando uma saída mas não achou nenhuma. Quem ajudaria uma mãe sozinha que estava à beira da falência? Ninguém me ofereceu auxílio antes, não o farão agora.
Espere, isso não é verdade! Um único homem tentou me ajudar e me fez prometer que eu o procuraria caso fosse necessário. Bem, senhor Mackenzie, parece que essa hora chegou!
Como se toda minha energia retornasse a mim num rompante, levanto-me agitada e empolgada. Talvez haja uma saída afinal!
-- Agnes! -- grito a plenos pulmões -- Agnes!
Logo ouço passos rápidos vindo pelo corredor numa corrida desenfreada e ela entra esbaforida.
-- Senhorita! O que houve? Está passando mal? -- ela diz preocupada enquanto recupera o fôlego.
-- Não! Estou melhor, muito melhor! Vá agora mesmo arrumar suas malas, leve o necessário para uns dois dias de viagem, creio que seja o suficiente. Lorde Mackenzie não deve demorar em sua decisão e certamente não vai querer que eu me demore em sua casa. Isso se ele sequer aceitar me receber, não é mesmo?
-- Eu não entendi nada, senhorita.
-- Ian me ofereceu ajuda uma vez, Agnes, e pelo que restou de meu orgulho e minha vergonha eu não aceitei. Agora não mais posso me permitir esse luxo, portanto vamos até a propriedade Mackenzie imediatamente tentar reparar esse meu erro.
Ela me olha surpresa e demora um pouco a responder. Como já a conheço bem sei a pergunta que virá em seguida e já decido que contarei a verdade a ela, pois preciso de alguém ao meu lado e ninguém melhor do que minha única amiga.
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Meu querido Senhor Mackenzie - Livro 2
RomanceNaquela remota cidade da Escócia todos sabem que a senhorita Kedard é uma mulher bela, arrogante e interesseira, capaz de fazer qualquer coisa para conseguir um casamento vantajoso. Mas... alguém realmente conhece Missy Kedard? Alguém sabe qua...