Capítulo 31

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     Meus olhos ardiam enquanto encarava firmemente a água corrente do rio sem realmente vê-la

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     Meus olhos ardiam enquanto encarava firmemente a água corrente do rio sem realmente vê-la. Pisquei para afastar a sensação e notei que finalmente minhas lágrimas desapareceram levando com elas meu desespero. E minha raiva. E minha tristeza. Nada. Eu não sentia absolutamente nada. Naquele momento, sentada no lugar exato onde eu estava quando Ian me deixou, eu estava me tornando uma pessoa oca e vazia e eu realmente não me importava com isso, afinal, era melhor não sentir nada do que se afogar na dor paralisante do abandono, certo?

     Depois de alguns minutos, talvez horas eu não sei, ouço uma voz suave chamar meu nome, bem de longe. Não respondo pois ainda estou me concentrando em não sentir nada e temo que o mínimo movimento faça romper a barreira de proteção que estou cuidadosamente criando. Porém nada está saindo como o planejado hoje e logo um rosto preocupado surge diante de minha visão, olhando-me com preocupação.

-- Missy! Senhorita Missy, pelos deuses fale comigo! -- ela me sacode um pouco, soando desesperada -- Missy, está me assustando!

-- Ele me deixou. -- sussurro e minha voz soa terrivelmente partida até mesmo para meus ouvidos.

     Vejo as feições de Agnes se transformarem de preocupada para tristes em um segundo. Seu aperto em meu braço, que antes me sacudia, agora parece me amparar com compaixão.

-- Eu sei. -- ela diz apenas, bem baixinho, e depois senta-se ao meu lado e faz carinho em minhas costas.

     Deito minha cabeça nos ombros delicados de Agnes e percebo que ela ficará ali comigo pelo tempo que eu precisar, me amparando. Ela não diz mais nada, não faz perguntas, não inventa mentiras como "está tudo bem", ela apenas mostra que está comigo. Agnes é assim, uma fortaleza com quem posso contar e essa percepção de que não estou sozinha faz meu controle desmoronar. Eu a abraço e as lágrimas voltam com toda a força, e eu choro, e choro e choro. "Sinto muito", ela sussurra entre meus soluços e em nenhum momento sua mão para o subir e descer em minhas costas, tentando me dar algum conforto. Aos poucos meu pranto vai diminuindo até cessar completamente e endireito minhas costas agora pronta para conversar.

-- Eu ia contar à ele. -- começo fungando, limpando o rosto -- Eu tentei contar à ele desde que chegamos mas não consegui. Ele me pegou conversando com o bebê.

     Um suspiro de surpresa escapa pelos lábios dela.

-- Oh! Eu o vi sair furioso a cavalo e imediatamente entendi o que aconteceu. Mas não imaginei que ele havia descoberto dessa maneira. Ah, Missy…

-- O olhar de decepção dele, Agnes, a dor que eu vi ali. Oh, céus, pobre Ian! -- suspiro tristemente -- Ele me odeia, agora.

-- Não odeia, não. -- Agnes diz, firme.
 
     Viro meu rosto para ela rapidamente ao ouvir sua afirmação.

-- Você não viu o que eu vi, Agnes.

-- Senhorita, ele está magoado certamente. E com raiva, sem dúvidas. Mas não a odeia. Logo ele irá voltar à si e perdoá-la e…

Meu querido Senhor Mackenzie - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora