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Uma semana depois...
Eu não aguento mais ficar aqui nesse quarto minúsculo, sem janelas e muitas vezes, fui esquecido aqui por dias, às vezes ficava três dias sem comida apenas com uma jarra de água que já estava pela metade! Não ouvia a voz do rapaz loiro que me trouxe aqui, não ouvia a voz do Steve... não ouvia nada, nada dentro e nada fora, cada minuto uma eternidade, o tédio me dominava, só pensava na minha mãe, se ela estava bem, se ela ainda tinha esperança de me encontrar e o quão desesperada ela estaria. Eu estava morrendo de fome e a água não me sustentava mais meu corpo estava se digerindo aos poucos, sentia dor, sentia náuseas, dor de cabeça e principalmente, fome! Só imaginava a porta se a abrindo e alguém vindo me buscar ou apenas me entregar um prato de comida. Se passaram horas até que finalmente escuto passos do lado de fora, a trinca é aberta e a porta dá uma passagem para a luz adentrar o quarto onde estava, ninguém do outro lado apenas um cheiro atrativo de comida sendo feita, sou guiado pelo cheiro sentindo meu estômago gritar por alguma coisa então aperto o passo chegando a um tipo de sala principal com uma mesa no centro, havia várias panelas em cima com arroz, feijão, carne, salada e um refrigerante, meus olhos brilharam ao me sentar na cadeira pensando por um segundo se tudo isso era um sonho, toquei nas panelas quentes e não era um sonho, não demorei nenhum segundo sequer e já estava enchendo o prato com tudo que tinha direito comendo com as mãos de tão desesperado por comer algo. Eu devorei tudo com o maior gosto do mundo, usei um guardanapo que estava ali na mesa para limpar meu rosto e minhas mãos sujas, tomei metade do refrigerante fechando os olhos com um suspiro de finalmente estar com alguma coisa no estômago, pude olhar com mais clareza a sala, não tinha nada apenas a mesa onde me encontrava e uma porta aberta mas estava tudo escuro dentro, a luz que iluminava a sala estava apenas focada na mesa o resto estava nas sombras.
— Agora você já está gordinho o suficiente para ser cozinhado.
A voz tão de repente do Steve me deu calafrios e meu corpo deu um pulo de susto ao vê-lo do meu lado sentando sobre a mesa, ele usava uma calça larga camuflada típica de policiais ou do exército, botas pesadas e uma camisa branca escrita "Thunder" na frente de preto, mais uma vez me surpreendo com sua beleza e aquele piercing no nariz que nunca tirava aparentemente, ele estava sorrindo e me admirando como se fosse a primeira vez que me visse, não disse nada apenas me encolhi em meu lugar com flashes dos meus sonhos com aquele homem perverso:
— Chegou o dia, vai lavar o rosto e trocar de roupa.
Ele me pega pela gola da camisa me jogando do outro lado da sala, eu não tenho forças o suficiente para enfrentar esse homem, apenas fui ao meu cativeiro de novo esperando ver o rapaz loiro novamente, uma última vez pelo menos, nada dele. Lavo o rosto, e as mãos olhando o armário pegando a última peça de roupa, me visto com o maior desgosto do mundo assim me virando para a porta para sair dando de cara com o Steve, meu coração para por alguns segundos com o susto que tinha tomado e minha face tinha ficada pálida, ele pareceu se divertir com isso olhando meu corpo de cima a baixo com malícia, existem vários tipos de assédio e claramente, esse era um desses. O silêncio se quebra com sua voz saindo do quarto tranquilamente com passos pesados:
— Vamos, quero chegar logo em casa.
Ele fala com a voz indo embora pela distância, o que ele quis dizer com "chegar logo em casa?" Eu iria pra casa?! Eu iria pra casa dele?! O segui cheio de dúvidas até sair do meu cativeiro, não era um local muito grande, mas também não havia saído do quarto por uma semana, era um momento totalmente novo. Ele me guia até lá fora se mantendo junto a mim, provavelmente para impedir qualquer rota de fuga, eu não iria conseguir correr de qualquer jeito, acabei de comer mas sinto meu corpo sem energia e totalmente debilitado, esse tempo todo parado me fez mal. Um carro preto esperava lá fora, uma 4X4 enorme, Steve me faz entrar no banco detrás do carro então logo me deito no banco fechando os olhos, o escuto entrar no carro e dar a partida, estávamos indo embora, saindo de uma prisão, saindo de um cativeiro esquecido, abandonado, debilitado, sem forças e para onde?! Não faço ideia, minha cabeça dói, meu corpo todo dói e apenas quando o carro entra para o asfalto consigo uma posição boa para deitar, olhava de relance ele dirigindo vendo que o mesmo várias vezes me lançava olhares pelo retrovisor, não consigo desvendar esses olhares, fiquei olhando ele dirigindo, qual seria sua história? Por que ele é o que é? E por quê não me matou quando teve a chance? O rapaz loiro sumiu, eu gostava dele e não tinha tanto medo assim, Steven me enche de calafrios, eu nunca sei o que está pensando, eu nunca sei qual será seu próximo passo e nunca saberei o que se passa nessa mente sombria, meus olhos vão se fechando ficando cada vez mais pesados até pegar no sono. Não lembro por quanto tempo eu dormi mas eu acordei deitado numa cama, um quarto azul claro sem janelas, um ventilador de teto, chão de madeira, guarda roupa, banheiro e um grande espaço no quarto, me sentia doente e dolorido, estava com febre e dor de cabeça, a porta se abre e Steve pareceu mais uma vez segurando uma xícara e um remédio na mão, ele veio até mim e se ajoelhou ao meu lado então disse:
—Eu sei que tem motivos para não confiar em mim mas, eu vi que estava com febre então eu trouxe um chá e um remédio para febre.
Ele disse do modo mais gentil que nunca vi antes, ele sempre teve a face de alguém perigoso mas agora, não passava de um cachorrinho bonzinho com um sorriso simpático. Aceitei o remédio o tomando junto ao chá, ele ficou para ver se realmente iria tomar, em poucos goles eu tomei o chá todo, era de gengibre com um pouco de mel e limão, ele toma a xícara de minha mão então volto a me deitar olhando o teto:
— Não se preocupe, já vai melhorar.
Eu olhei em súplicas arrancando as difíceis palavras de minha garganta:
— Quero ir para casa.
Sua expressão de cachorro bonzinho logo se desfez como se nada tivesse acontecido, o antigo Steve veio a tona cheio de raiva se levantando indo a porta:
— Você está em casa!
Ele bateu a porta com força a trancando por fora, apenas fiquei olhando deixando as lágrimas escorrendo pelo rosto caindo em choro de tristeza, de culpa, de desespero, aqui não era minha casa, aqui jamais seria minha casa, alguém me mata.
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Vixe, Stephen tá puto, até o próximo capítulo! :)
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Meu Serial Killer
DiversosFugindo de Washington, Stephen veio à cidade de São Paulo querendo se dar bem na vida, após salvar Marcos, um garoto de 16 anos acaba se apegando ao menino mas terá que enfrentar dilemas em sua vida, dificuldades e julgamentos de si próprio mas nada...