Dezessete.

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Havia neve espalhada por toda a caverna, que no final não era mais de pedra e sim de gelo. Podíamos ver, em cima de nós, um gigante conjunto de ossos no formato de um enorme lagarto. Sophia e Arabella não sabiam se ficavam mais surpresas ou com mais medo, confesso que até eu fiquei supresa ao ver o esqueleto porém, ao contrário das duas, fiquei curiosa para saber pelo que nos esperava fora da caverna. Como as valazianas estavam com os vestidos longos com várias camadas de tecido embaixo de sua saia, elas deviam estar mais protegidas do frio do que eu, que só vestia uma blusa de tecido fino, uma calça e botas de couro para ajudar.

Quando saímos da caverna, o vento gelado bate forte contra nossa pele fazendo com que meus braços me abraçassem tentando conservar o calor de meu corpo enquanto minha mente trabalha para impedir que o forte vento nos atingisse, dificultando nossa caminhada. Por conta das condições que nos encontrávamos, não era mais possível continuarmos a voar, teríamos que continuar a pé. Sou lembrada pelo meu estômago, que começa a fazer barulhos, de que não comia há dias e sinto o efeito da fome em meu corpo, que estava tendo dificuldades em se manter aquecido. O rapaz que caminhava um pouco atrás de mim parece perceber que está com fome também, já que pude escutar o som vindo de sua barriga e por alguma de suas caretas, que fazia de vez em quando.

Enquanto caminhávamos pela neve espessa com dificuldade, eu olhava atentamente para os lado analisando todos aqueles ossos gigantes meio enterrados pela neve. Pude sentir que havia um par de olhos me acompanhando, mas não liguei, pois estava entretida demais olhando para a paisagem, que, se não fosse pelo frio congelante fazendo minha mandíbula tremer, estaria amando tudo com cada detalhe.

-Gwen...-sussurra Noah vindo para perto de mim. Se ainda não estivesse impedindo o vento de nós tocar, eu provavelmente não teria o escutado.- sua boca está roxa e você está tremendo!- quando sua mão segura meu braço me fazendo virar para ele, fico surpresa por notar o quão quente estava. Concordei com suas palavras mesmo não sabendo a coloração de meus lábios. Seus braços me envolvem nos fazendo parar de andar e consequentemente, as duas também.-Porque não me avisou que estava congelando?- pergunta preocupado.

-Pensei que vocês também estavam...- digo me aconchegando mais finalmente ganhando um pouco de calor.

-Ah Gwen...- ele sorri olhando para sua frente. Suas asas pousam em minha volta impedindo o calor de escapar. -Eu não sinto frio. -ri de leve como se o que acabara de falar fosse muito óbvio.

"Claro!" Pensei. Noah nasceu sendo manipulador do fogo, por isso seu corpo é quente o tempo todo. Me sinto um pouco estúpida por só descobrir isso agora. Pergunto e que habilidade nasci originalmente já que sempre manipulei muitos dos elementos, meu pai nunca soube me dizer, mas por mais que conseguisse fazer o que faço, não conseguia fazer o fogo surgir do nada como Noah.

Voltamos a andar com um de seus braços ainda em minha volta e pude sentir uma de suas asas em minhas costas para me manter aquecida, posso dizer que, agora, podia aproveitar mais as paisagens, o que fazia o rapaz rir de vez em quando percebendo o tamanho de minha empolgação vendo os esqueletos de dragões, estava impressionada com seu tamanho e formato. Imagino como esses animais deviam ser com a carne e pele que faltava nos montes de ossos empilhados um nos outros, encaixando-se perfeitamente como se estivessem do mesmo jeito deixados pelo seus corpos sem vida.

Vejo um gigante arco de gelo com uma escultura em cada lado, que pareciam desgastadas com o tempo, algumas partes delas haviam se separado das mesmas podendo ser encontradas no chão meio enterradas pela neve. Sophia e Arabella começaram a se atrapalhar com seus vestidos, que já estavam encharcados em sua barra os fazendo ficar pesados e nada práticos para continuarmos caminhando. Olho para Noah na esperança de ele saber onde estávamos e para onde o sul estava direcionado, mas ele parecia tão perdido quanto eu, então me olha afastando seu braço lentamente de mim e sorri quando me escuta resmungar por conta do frio, que volta a tocar meu corpo. Seus olhos me avisam que iria para o alto ver se conseguia se localizar e segundos depois voa para o céu como previsto,manipulo o ar em sua volta para que pudesse voar em paz. Continuo observando suas asas se distanciarem do solo até virarem um pequeno ponto no céu.

Valazia (não finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora