Valazia (não finalizada)

Vinte e seis.

A longa mesa dava lugares para que todos no salão se acomodassem. Anne estava do outro lado da mesa, de frente para mim e Noah, que fizemos questão de sentar próximos a ela. Havia tanta comida que eu tinha certeza que acabaria com a fome em Valazia. Um aperto em meu coração me faz sentir mal por estar aqui em um lugar esbanjando com tanta comida e eles com medo, sem saber do que estava acontecendo, tentando proteger suas famílias e amigos dos monstros que apareciam enquanto tentavam não morrer de fome e sede.

Tinha muitas perguntas para fazer, mas não acho que agora seria o melhor momento para conversarmos sobre isso. Tento meu máximo para parecer confiante para que Noah possa aproveitar um pouco de tudo isso, ele merece. Anne estava encolhida em sua cadeira no meio de dois homens, um de cabelos brancos, assim como o meu, mas sua pele era escura assim como a das mulheres que conhecemos anteriormente, tinha olhos verdes meio castanhos e lábios grossos, já o outro tinha a mandíbula forte assim como o resto de seu corpo, seu nariz tinha uma argola prata pequena pendurada igual as suas orelhas pontudas, sua pele estava pintada como a te todos ali, mas o desenho em seu rosto pareciam raizes de árvore que percorriam por toda sua testa, nariz, queixo e pescoço.

Na mesa, tinha todo os tipos de carne que eu conhecia e até outras,  ao conseguia acompanhar extensão da mesa, lotada de alimentos, com meus olhos. Vejo Noah olhando para a mesa e sei que ele pensava o mesmo que eu sobre o pessoal em sua antiga cidade, seus olhos ficam tristes assim que sentamos, ele se sentia tão culpado quanto eu, penso que até mais.

-Boa noite a todos! Os convidei aqui hoje para que pudéssemos dar boas vindas a nossas visitas. Gwen, Noah e Anne esse jantar foi preparado para vocês então espero que gostem e aproveitem.-A mulher de tranças fala alto para que todos dali ouvissem. Percebo que os olhares de todos estão em nós. Aperto a mão de Noah por baixo da mesa que aperta de volta como resposta. Ele estava acostumado a chamar atenção já eu ficava invisível justamente para que passasse despercebida.

Sorrio como agradecimento por suas palavras e todos começam a se servir. Alguns colocam tanta comida em seus pratos que acredito que iria cair do mesmo assim que tentassem as colocar no garfo. Não quero parecer rude por continuar sentada assistindo a todos escolherem o que iriam comer então me levanto e começo a fazer o mesmo. Anne já estava com seu prato cheio e não sabia por onde começar. Me sento novamente assim que coloco algumas coisas no prato dourado que deixaram na mesa para nós.

O jantar prosseguiu bem. Todos conversando e nos olhando em alguns momentos, mas nada que incomodasse tanto, a mulher de dera o discurso nos dava uns sorrisos de vez em quando, algumas pessoas passavam atrás de nós para pegar os pratos vazios das pessoas que já tinham terminado seu jantar e essas saiam da mesa até que sobra apenas nós três e a mulher.

-Sei que querem conversar, mas quero que descansem hoje e amanhã de manhã discutiremos alguns assuntos.-Ela apoia suas suas mãos na mesa para empurrar sua cadeira e assim, sair da mesa.

Rolo na cama mais uma vez na cama como tenho feito há um bom tempo. Mesmo estando confortável, com roupas de seda, que haviam sido deixadas no quarto, não conseguia dormir. Por mais que eu fechasse meus olhos e tentasse não pensar em nada, o sono não chegava.

Eu me levanto sem mesmo ter pensado em o fazer. Minhas pernas caminham em direção a porta branca que eu enxergava com dificuldade por conta da escuridão que o lugar ficava sem a luz das velas. Minha mão pousa sobre a maçaneta e a torce para que a porta se abra e assim que eu a puxo, percebo que sou encarada na mesma hora.

Sorrio com a ideia de ter pensado no mesmo que eu. Suas mãos ainda estavam na maçaneta de sua porta enquanto seus olhos ainda me fitavam, vejo um sorriso sair em seu rosto assim como surge no meu. Dou um passo para trás abrindo mais a porta para que ele entrasse no cômodo escuro. Ele caminha calmamente atravessando o corredor, indo em direção a cama vazia enquanto eu fecho a porta e vou para o mesmo lugar.