stay with me - adaptation noart | ✓

¤ capítulo 9.

Tudo que vai volta para te assombrar.

#ClichéTheory

O copo plástico de café está aquecendo minhas mãos, da mesma forma que a voz de Any está fazendo com minha orelha, ela tagarela sem parar ao meu lado na cadeira da arquibancada.

Desde de que começou a falar, eu apenas estou dizendo "hum", "sério?!" e "ahãm" de vez em quando, para dar o efeito de que estou a ouvindo, mas na verdade eu não estou prestando atenção em nenhuma palavra que sai da sua boca e olha que a garota já está falando há uns dez minutos.

Minha cabeça está em outro lugar, mais precisamente a duas noites atrás, em frente a casa do Batman, não aconteceu nada mais isso não impede que a cena fique se repetindo na minha mente sem parar.

Isso não é normal. Ficar pensando, recriando e inventando a cena da maneira que me convém.

E se eu não tivesse ido dar aquela volta?

E se eu não tivesse deixado o Marvel me levar até aquela rua?

E se eu não fosse tão dramática?

E se eu não fosse humana? Se eu fosse um dos robôs que meu irmão e seus amigos criam? Eu não pensaria tanto neles e nem sentiria nada.

Afinal, quem precisa de coração quando você tem um estômago no qual você pode entupir de pizza e café?

Falando em café, esse em minhas mãos já está esfriando. Levo o copo plástico até a boca e faço uma careta pois o líquido preto está frio. E Any continua falando empolgadamente:

- ... você tem que conhecer a Pierce The Veil.

- Hum sério?! - digo bebendo o café em um gole só, na tentativa de congelar os sentimentos indesejáveis.

- É, tipo, o baterista é incrível e o vocalista manda super bem. - continua empolgada.

- Hum.

- Eu estava pensando em colocar você e o Jace dentro de uma caixa e mandar vocês pra Austrália.

- Concordo com você. - falo no automático demorando alguns segundos para sacar o que ela havia dito. - O quê? Que ideia horrível é essa? Ele não chegaria vivo lá, eu o mataria antes de sair de Belo Campo.

- Você nem estava me ouvindo né?

- Foi mal Maui. Minha cabeça estava longe.

- Percebi. - ela resmunga, colocando um pão de queijo inteiro dentro da boca. - No que você estava pensando? - questiona com a boca cheia.

- Em não ser mais humana. É um saco ter sentimento. - falo pegando um pão de queijo das mãos delas. - Argh, que troço horrível. - resmungo após morder aquele pão de queijo que é tudo, menos pão de queijo.

- É vegano. - ela diz e eu faço uma careta. - Ah claro, como se existisse um botão mágico no qual você deixa de ser humano em segundos e se transforma em um E.Tcórnio que solta glitter pela bunda e que mora em uma montanha de Plutão.

- Você andou tomando aqueles chás de ervas da sua mãe? Porque você viajou legal agora. - pergunto irônica e ela revira os olhos.

Eu que sou a canceriana e ela que faz drama. Ou isso é efeito das ervas que tia Laura usa em seus chás antes de meditar.

- Você que começou. - ela retruca. - O que está pegando?

- Vai parecer estranho, mas... - suspiro. - Só estou cansada de ter coração, digo, sentir coisas que eu preferia não sentir.