¤ capítulo 1.

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Sina Deinert, a garota que não sente..

#ClichéTheory

Ele já olhou para cá umas quatro vezes. Ele acha que eu não percebi o fato dele ficar me observando.

Já posso considerar a ideia dele ser um psicopata, né? Tipo, o garoto está sempre ali do outro lado da rua, lançando olhares nada discretos na minha direção.

No começo eu achava que ele ficava me olhando por causa do meu uniforme ridículo que consiste em uma saia azul quatro dedos a cima dos os joelhos - porém a maioria das alunas sobem dois palmos, o que deixa as freiras do colégio malucas - blusa social branca e meia ¾, mas ficou tão frequente que comecei a pensar seriamente, que ele poderia estar arquitetando um plano para me sequestrar, estuprar e esquartejar.

Dramática? Talvez. Minha avó sempre diz que tenho que ficar atenta com esse tipo de coisa.

Já Any diz que ele está flertando comigo, o que acho um pouco impossível. Qual a probabilidade de outro cara incrivelmente lindo se interessar por mim? Uma em um milhão.

E de caras incrivelmente lindos - porém babacas - eu já estou de saco cheio.

Quando aqueles olhares começaram eu ainda era uma garotinha de quinze/dezesseis que ainda namorava o Gabriel, e ficava meio incomodada, me sentindo culpada.

Bom, agora eu já tenho dezessete anos, e graças a uma traição não sou mais uma garotinha ingênua que acreditava em contos de fadas, muito menos tenho um namorado, mas ainda me sinto incomodada com a atitude do garoto, só que dessa vez sem a culpa.

Sim, eu já posso considerar a ideia dele ser um psicopata e chamar a polícia. Mas é que ele parece meio inofensivo vestido com aquele jeans surrado, usando sempre um moletom do Batman - não importa se está fazendo frio ou calor, ele sempre estará usando o moletom do super herói - tipo, pessoas que vestem coisas de super-heróis não são tão perigosas assim, né?

O Batman me lança mais um olhar e ao contrário das outras vezes, eu não desvio. Sustento o olhar e resolvo entrar também nesse jogo. Ele sorri e atravessa a rua, seus cabelos balançam de acordo com seus movimentos.

E por um segundo, um mísero segundo o ar não entra e meu coração acelera só de pensar que aquele ser humano poderia vim a falar comigo. Mas me lembro que eu sou Sina Deinert, a garota que não sente nada.

Desvio o olhar para meus all star amarelos e me concentro na música que saí dos meus fones de ouvido.

O garoto para ao meu lado e se fosse a alguns meses atrás com certeza eu estaria vermelha e com centenas de borboletas bêbadas voando no meu estômago.

Ainda bem que a garotinha ingênua morreu, deixando assim meu coração imuni ao amor. É como dizem, as decepções nos fazem crescer, nos tornam mais fortes ou mais frios. Tudo depende do tamanho da decepção.

O Batman ainda me olha, eu posso sentir. Levanto o olhar e entro novamente na batalha de olhares, eu posso sentir o seu perfume por conta da nossa proximidade.

Nós nunca havíamos ficado tão próximos um do outro, sempre separados por uma rua. Seus olhos são de um castanho claro, quase verdes e a intensidade daquele olhar me transmitiu uma vibe tão sinistra que me fez sorrir, e nem adianta você me dizer que isso foi paixão porque não foi, eu sei reconhecer muito bem quando essa desgraça me atingi.

Por sorte eu percebo a tempo a aproximação do ônibus e consigo dar o sinal, o que interrompe a nossa troca de olhares.

[...]

stay with me - adaptation noart | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora