¤ capítulo 26.

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Você pensa que vê, que entende, mas no fundo não me compreende.

#ClichéTheory

Se tem uma coisa que eu odeio mais que café frio, é acordar cedo em um sábado, ainda mais se for para ir para o colégio. Deveria ser crime ter aula nesse dia.

Além de ter que aguentar cinco horas usando esse uniforme; ter que fazer um pequeno simulado com questões que caíram no enem nos anos anteriores, e uma prova de geografia; ainda terei que ir estudar química com o Lamar, e depois trabalhar no Aromas.

Depois falam que vida de adolescente é fácil.

Bom, a única parte boa de aulas no sábado com simulados e provas, é o carrinho de café da manhã disponibilizado no colégio, com café, de graça.

Desço do ônibus empolgada com a idéia de me entupir de café, enquanto coloco meu óculos escuros para disfarçar a minha cara de zumbi que dormiu tarde mesmo sabendo que teria aula no dia seguinte, porque foi seduzida pelas sugestões dadas no youtube.

Começo a subir as escadas da entrada e observo vários alunos da mesma forma que eu: parecendo zumbis; já outros parecem bem mais animados, para as sete e quarenta e cinco da manhã.

Pessoas estranhas. Queria ter também esse bom humor de man... Nossa senhora das manhãs loucas, que houve com esse colégio?

Levo o óculos escuro até o topo da cabeça, e observo melhor a decoração do lugar.

Aconteceu uma coisa muito louca nesse hospício em vinte quatro horas. Parece que eu fui transportada para um filme clichê americano de 2003. Tá exagerei um pouco. Mas olha, vou explicar meu drama matinal:

O colégio - católico - inteiro está decorado com coraçãozinhos vermelhos grudados nas portas dos armários e cartazes com frases fofas e cupidos desenhados, pregados nas paredes, fora o fato das meninas da equipe de torcida dos Águias - se preparem para o nome mais zuado da história de líderes de torcida: Hot Female. Esse nome é bem melhor do que Fly Queens, que também era uma opção. Deus, rainhas voadoras! -, estarem circulando pelos corredores com um uniforme horrível de Team Leader, que consiste em um Cropped branco de manga longa azul e saias plissadas brancas que vai até metade da coxa. E para completar o cosplay de escola americana, as garotas estão com uma cestinha cheia de doces, e estão os entregando para os outros alunos. Esse colégio tem problemas de identidade, alguém tem que falar para eles que estamos no Brasil, não no Estados Unidos.

Estou prestes a subir os degraus para o segundo andar, quando no meio de tantas pessoas em volta de um dos carrinhos de café, uma cabeleira cacheada chama minha atenção.

Sorrio.

Já podia imaginar que encontraria Any atacando o carrinho. Eu já falei que minha prima adora comida de graça, né?

- Você não perde tempo, em priminha. - provoco, me aproximando dela.

- Mana, eu preciso estar bem alimentada para ficar olhando para a cara dos professores. - solto uma risada, concordando. - E essa decoração bizarra? Viramos protagonista daqueles filmes lá, de líderes de torcida, sabe? - ela diz sorrindo, enquanto coloca diversos pãezinhos em um prato. - Só que sem as competições.

- Bom dia. - Josh diz, em meio a um bocejo, colocando seus braços em volta dos meus ombros. - Eu ainda estou sonhando, ou, o colégio está decorado com corações?

- Bem vindo ao hospício Santa Amélia. - falo pegando um pouco de café, bebendo logo em seguida.

Caminhamos rumo ao PPD. Eles sempre mudam minha rota.

stay with me - adaptation noart | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora