¤ capítulo 13.

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É madrugada, é hora de fazer insanidades.

#ClichéTheory

Maldita hora que eu fui aceitar essa ideia maluca.

Ele pode estar muito bem me levando para uma emboscada, para me estuprar e me matar.

São uma e quinze da madrugada e o frio congela até minhas pálpebras. Abraço meu próprio corpo na tentativa falha de me esquentar, no mesmo momento em que o vento gelado sopra meus cabelos platinados ferozmente no meu rosto, o que me faz praguejar baixinho e o garoto ao meu lado ri da minha luta com meus cabelos. Ele bagunça um pouco seus cabelos e sorri para mim. O mesmo sorriso que me fez estar aqui, andando sem rumo, pelas ruas vazias de Belo Campo.

Meus pais vão me matar.

Porquê 1: eu estou fora de casa as nove horas 2: mandei apenas duas mensagens informando minha localização e 3: estou andando por aí de madrugada em busca de um estabelecimento que venda café ou toddynho, ou melhor ainda, os dois; com um garoto que eu mal conheço. Que seres humanos ficam perambulando na rua a essa hora?

Ah sim, a trouxa aqui e o Batman.

quando Noah sugeriu que saíssemos da Utopia para comprar uma bebida descente para esquecer problemas adolescentes, sorrindo daquele forma, foi impossível dizer não. Nós só não imaginamos que já era quase onze horas da noite.

Saímos rindo e tropeçando nos nossos próprios pés, iguais dois idiotas do pub como se realmente estivéssemos muitos bêbados, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, como se fossemos bons e velhos amigos. A sensação que eu tenho é essa, que somos velhos amigos, que o conheço a minha vida toda.

Nas nossas quase duas horas de conversa, danças desajeitadas e vergonhosas no meio do pub, serviram para mim perceber que ele é um cara engraçado, inteligente, um pouco misterioso e viciado em filmes e livros e com a maior coleção de quadrinhos e bonecos de super-heróis da história, fora o fato de que nós curtirmos quase as mesmas bandas. Isso é.. surreal.

O vento sopra forte novamente, fazendo os pelos dos meus braços desnudos se arrepiarem.

- Aqui. - ele diz com sua voz rouca habitual, colocando sua jaqueta jeans sobre meus ombros.

- Não precisa. - digo no automático. É que é uma cena tão clichê, que dói no pâncreas. Mas esquenta. Passo os braços pela manga da jaqueta e coloco minhas mãos dentro dos bolsos. Logo seu perfume preenche todo o meu ser.

Ele simplesmente ignora meu comentário com um sorrisinho travesso, e começa a fechar os botões da camiseta de flanela xadrez vermelha, que ele usava por baixo da jaqueta.

Enquanto eu nessa combinação gótica de jardineira e top preto, sentindo frio. Mas é que, a minha roupa foi escolhida para um flashmob as três da tarde não um passeio de madruga.

- Posso te levar em um lugar? - ele pergunta, olho para ele com as sobrancelhas erguidas. - Juro que sem malícia, com todo o respeito do mundo.

- Com tudo que não me diga que é surpresa. - digo sorrindo e ele me devolve o sorriso. - Não vamos fazer nada ilegal, né? - pergunto, enquanto andamos lado a lado na calçada.

Noah me olha, enquanto prende o lábio inferior com os dentes para segurar um sorriso.

- Ah, então a garota dos clichês está preocupada com atos ilegais. - brinca me dando um leve empurrão nos ombros e eu devolvo com um soquinho também leve e ele ri mais.

stay with me - adaptation noart | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora