¤ capítulo 5.

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Acho que vou cometer um homicídio.

#ClichéTheory

Seria muito errado se eu colocasse pimenta nos pedidos dos clientes da mesa 3? E se eu apenas cuspir no suco e no cupcake? Eles nem vão notar.

E se eu falar que esses clientes são nada mais, nada menos, que Joalin e Gabriel?

- Nem pense nisso. - Diarra fala percebendo que eu estou olhando fixamente para o molho de pimenta.

- Chata! Leva logo isso. - resmungo colocando o copo de suco em cima da bandeja. - Quanto mais rápido eles comerem, mais rápido eles vão embora.

Ela solta uma risadinha nasal e vai levar os pedidos do casalzinho de merda.

Odeio quando eles vêm no Aromas, os dois ficam de beijinhos e sorrisinhos, essa felicidade deles me dá ânsia de vomito. Já basta ter que vê-los no colégio, também tenho que atura-los no meu local de trabalho esfregando esse namoro ridículo na minha cara.

- Continua assim que você vai consegui explodi eles logo, logo. - Diarra sussurra no meu ouvido me fazendo perceber que eu estou encarando a mesa três já faz um tempo.

Desvio o olhar da mesa para encará-la.

- Seria maneiro ver a cabeça daquele babaca voar pelos ares. - comento e Diarra solta uma gargalhada, fazendo os poucos clientes nos olhar com curiosidade. - Valeu por atender eles pra mim.

- Por nada. - ela fala sorrindo. - Mas você sabe que não vai poder fugir para sempre, né?

- Eu não estou fugindo, só evitando eles, até que isso daqui - falo apontado para o meu coração -, congele. - ela me olha com as sobrancelhas franzidas, com cara de quem não entendeu nada do que eu disse. - Esquece.

- Garota, as vezes você me deixa confusa. - ela fala e balança a cabeça, como se quisesse reorganizar os pensamentos. E em seguida vai limpar uma mesa que acabou de ser desocupada.

Aproveito o movimento fraco do café, para terminar uma música que eu comecei no dia anterior na aula de química; aula que eu deveria estar prestando atenção pois é justamente a matéria que está me ferrando. E eu ainda não pensei em ninguém que possa me ajudar a entender essa matéria do capiroto.

Assim que abro minha agenda um guardanapo caí no chão. Abaixo para pegar o papel, pensando em como aquilo foi parar ali dentro e me surpreendo em ler o que está escrito nele:

"Sei que parece difícil esquecer

Mas tente se concentrar em algo além da dor.

Tipo nas estrelas ao escurecer.

Ou no alaranjado do pôr do sol.

Tudo isso pode te dar inspiração para você escrever uma nova canção.

Acredite, isso vai passar e tudo vai melhorar.

- B.
Mesa 16."

Fico atônita olhando para o papel em minha mão.

Aquilo só podia ser brincadeira. Uma pegadinha de alguém bem próximo de mim e que me conhece perfeitamente.

Olho para a tal mesa 16, mas como na outra vez, não possuí ninguém.

- Você viu quem estava na mesa 16? - pergunto a Diarra que está indo para a cozinha, com uma bandeja nas mãos.

- Vish, vi não. Por quê, saiu sem pagar? - pergunta com os olhos arregalados.

stay with me - adaptation noart | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora