bônus lamar.

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minha cor, meus traços e minha origem.

#ClichéTheory

A única coisa que tenho certeza na minha vida é: Dona Tânia, vulgo minha mãe, sempre tem razão.

Não razão no sentido: "leva o casaco porque vai chover", e realmente chove. Ela tem razão no sentido de: "melhor não sai de casa hoje, acho que você vai acabar sendo atropelado". Okay, não tão direto assim, mas sim, como um sentimento de que alguma merda vai acontecer.

É isso que não saí da minha cabeça desde do momento que pus meus pés na casa grande dos Beauchamp's. É como uma premonição, sabe?

Mas essa premonição pode ser também um tipo de reflexo ao ar sombrio que essa propriedade causa nas pessoas.

Principalmente, pessoas como eu.

Vamos ser sinceros, todo mundo sabe quem são eles, e o que eles fizeram. Porra, a gente aprende isso na escola.

Os Beauchamp's são tipo patrimônio histórico da cidade. Os grandes fundadores desse fim de mundo denominado Belo Campo e blá blá blá.

A verdade é isso aqui era uma das propriedades que o tataravô de Josh Beauchamp possuía, sua casa é grande. Não muito longe daqui, ali onde possui um belo arco de concreto branco, em que várias pessoas tiram fotos, existia uma senzala, que seus pais fizeram o favor - e a descência- de destruir. Mas isso não apaga o mau presságio que a casa tem.

Balanço a cabeça para tirar essas asneiras da cabeça. Isso talvez seja o efeito da cerveja na minha corrente sanguínea, já está me fazendo delirar.

Ah, ótimo se eu chegar em casa bêbedo minha mãe me mata. Vou ter que fingir que está tudo bem.

Me sinto um peixe fora d'água, enquanto caminho em direção a cozinha para pegar mais uma long neck de alguma marca burguesa.

Eu não devia ter vindo nessa festa em que grande parte dos convidados são alunos do Santa Amélia, e estar aqui sendo um do São Vicentino é praticamente suicídio, mas a minha mente idiota, ou melhor, a parte do meu coração em que aquelas primas malucas ocupam lugar - isso soou tão brega! -, me fez vir para essa loucura. Certo que até agora nada de estranho aconteceu, mas a vozinha falante da minha mãe dizendo que não era para sair de casa hoje, fica indo e voltando na minha mente.

Merda.

Bebo mais um gole da minha cerveja.

Não seja ridículo Lamar, nada vai acontecer.

Até que os amigos da Sina são legais. Tirando aquele ruivinho irritante. Mas em geral eles são legais, tipo Noah, seu namorado, que tem um gosto musical mais que daora. Porra, você sabe como é difícil achar pessoas com bom gosto musical nessa cidade?

Caminho até a varanda pois preciso de um pouco de ar. Acho que é a bebida.

Suspiro, pois a ideia de ficar sozinho foi para o ralo, porque encostada no parapeito de concreto se encontra uma garota loira, usando roupas largas de mais.

- Se importa se eu ficar aqui? - pergunto só por perguntar mesmo, não é como se eu fosse para outro lugar. Sem condições de andar de volta passando por todos aqueles alunos do S.A.

- Fica a vontade. - ela solta como se realmente não desse a mínima onde eu fico ou não. Gosto disso, sorrio.

- Eu não te conheço? - pergunto olhando bem para seus olhos azuis.

- Ah, estava demorando. - resmunga, cruzando os braços sobre o peito, e me encara séria com um olhar que chega a intimidar. - Olha aqui, garoto. Se você começar com piadinha sem noção para cima de mim, eu te jogo lá baixo.

stay with me - adaptation noart | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora