¤ capítulo 11.

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Ah, a chuva e seus clichês.

#ClichéTheory

- Sina Maria Deinert!

A voz firme da minha mãe preenche toda a cozinha, e a casa parece tremer com o som da sua voz.

Vish, ela falou meu nome inteiro, pode ter certeza que deu merda. Até paro de lamber a tampa metalizada do iogurte, para vasculhar minha mente em busca do meu suposto erro, mas não acho nada.

Enquanto meu coração dispara a cada passo que ela dá em minha direção, começo a pedir para todos os santos e deuses existentes um pouco de clemência.

- Posso saber o que é isso? - ela pergunta exasperada chocoalhado um papel no ar.

- Uma papel. - brinco e posso escutar a música fúnebre tocar em minha mente.

Ela cerra os olhos verdes para mim e sinto que estou prestes a morrer.

Encaro melhor a folha de papel estendida para mim e percebo que não é um papel qualquer, é a minha prova de química com um grande 2.0 em caneta vermelha. Pronto, acabou.

Meu coração começa a disparar.

Eu escondi tão bem aquela prova, bem no canto mais obscuro perto do buraco negro existente do meu quarto. Como foi que ela achou? Só se..

- A senhora andou mexendo nas minhas coisas? - pergunto tentando não alterar a voz e nem ficar histérica por terem mexido no meu quarto.

Okay, que ela era minha mãe e tem cinco por cento de direito de mexer nas minhas coisas pelo fato do meu quarto está dentro da sua casa e tal. Mas cara, cadê a minha privacidade?

- Não importa, Sina! Eu quero saber quando você ia me contar sobre isso.

- Credo mãe, até parece que você achou drogas no meu quarto. É só uma prova, não um corpo em decomposição. - falo.

- Só uma prova? Só uma prova?

- É dona Helena, só uma prova. - repito me controlando para não revirar os olhos para ela, porque eu sei se eu fizer isso, aí sim ela vai me matar.

- Sina, não é a primeira vez que isso acontece. E o tal professor particular?

- Deu mer... problema. - falo me levantando da mesa para ir até a pia.

Como é que eu ia explicar para ela que o tal Lamar não me daria aulas porque nossos colégios são rivais? Provavelmente ela vai achar que eu to zuando ou achar a coisa mais idiota do mundo - assim como eu - e vai começar a falar sem parar como isso, digo, a richa entre os colégios, é uma besteira e blá blá blá.

- Filha, desde que sua amizade com a Joalin acabou, suas notas caíram... - ela fala diminuindo o tom de voz.

- Mãe! - a corto irritada, antes dela completar a merda daquela frase. Com isso eu acabo jogando a colher no lixo e potinho plástico do iorgute, na pia.

Resmugo pegando a colher dentro do lixo e a pote dentro da pia, e os jogo em seus devidos lugares.

- Eu não entendo. - ela continua, se aproximando de mim, envolvendo meu rosto em suas mãos, olhando dentro dos meus olhos -, como uma amizade tão linda como a de vocês, pode ter acabado assim, sem mais nem menos.

E isso é o suficiente para mim surtar; caramba, quando foi que aquele assunto sobre notas foi para o fim da minha amizade com Joalin.

- Dá para você parar de colocar aquela garota em um pedestal? - elevo meu tom de voz na tentativa de acabar com aquele assunto, sem me preocupar com as consequências desse ato. - Se ela é tão perfeita assim, adota ela. - falo saindo da cozinha.

stay with me - adaptation noart | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora