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¤ capítulo 23.

Um poço de caos, com uma pitada de insegurança.

#ClichéTheory

A sala do diretor Rubens tem cheiro de perfume masculino e mobilia velha, e a decoração em tons pasteis me faz querer vomitar.

- Então, qual das duas irá começar a falar? - o diretor Rubens indaga, se inclinando sobre a mesa, quebrando o silêncio de quase dez minutos que havia se formado.

- Ela quem começou. - Joalin me acusa e a olho indignada.

Eu nem me lembro mais quem começou aquela merda. Não tenho tempo de rebater, pois o diretor é mais rápido:

- Por favor, Joalin. Vocês não são mais crianças. - repreendi, e a loira abaixa a cabeça encarando suas unhas impecáveis pintadas de vermelho. - Vamos combinar, não importa quem começou a briga, pois ninguém consegue brigar sozinho, não é mesmo? O que importa é que houve uma briga.

- E uma agressão. - a loira completa e sinto meu coração acelerar.

Garota maldita. Ela vai ver o que é agressão de verdade.

- Agressão? - Rubens repete, lançando um olhar na minha direção. Me ajeito na cadeira estofada, um pouco incomodada. - Sina Maria Deinert. - começa se encostando em sua cadeira. Como ele consegue guardar o sobrenome de todos os alunos? - O que está acontecendo com você? Suas notas caíram drasticamente desde do ano passado, e agora anda brigando. E não é a primeira vez que isso ocorre. Você já foi pega discutindo com o Gabriel Almeida em um dos corredores. - Joalin me olha surpresa, mas dou de ombros. - O que está acontecendo? - ele repete.

Eu não sei o que falar para me defender. Pois é a primeira vez, que alguém; que ele, me dá a chance de falar, estando na presença da minha ex-amiga. É a primeira vez que não jogam toda a culpa em mim, ou me dão sermões sem sentidos.

- Sina. - ele chama me fazendo voltar para a realidade.

- Desculpa. - peço. - Diretor Rubens...

- Minha vida parece estar desmoronando aos poucos. - Joalin sussurra, me interrompendo. - Tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.

- Fiquei sabendo do ocorrido na quadra mais cedo, Joalin, e eu imagino como isso pode ser difícil, mas não justifica seu comportamento nem hoje e nem nos últimos dias.

A olho confusa e ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha. E logo me lembro de seu comportamento. Ela continua fazendo aquilo.

- Olha, não vou negar, vocês são ótimas alunas. Creio eu, que isso seja só uma fase difícil que vocês duas estão passando. - cruza as mão sobre a mesa. - Mas vou ter que tomar providências.

- O senhor vai nos suspender? - a loira questiona.

- Não.

- Então vai nos expulsar? - é minha vez de perguntar aflita.

- Também não. - suspiramos aliviadas. - Eu estou preocupado com vocês, por isso acho importante vocês falarem com a Solange. - ele decreta escrevendo algo em uma folha, entregando uma para cada logo em seguida.

Solange no caso é a psicóloga do colégio Santa Amélia.

- Não acho que seja necessário. - falo olhando para Joalin. - Falo por mim pelo menos.

- O que você está insinuando, Deinert? - minha ex-amiga se altera.

- Nada. Só estou dizendo que seria bom se você falasse com a Solange.