9 - Eu disse isso em voz alta?

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Alec não se importaria nem um pouco de passar horas ouvindo Magnus falando sobre nuvens ou qualquer outra coisa que ele quisesse falar, mas depois que ele viu aquela nuvem no formato de um coração, ele acabou ficando estranhamente quieto.

Se não fosse por seus joelhos se tocando sutilmente diante daquela janela, Alec pensaria que ele tivesse ido embora, mesmo tendo a certeza de que ele nunca faria isso sem avisar.

- Você está bem? - Perguntou após alguns instantes.

- Sim! Eu só me distraí um pouco. Desculpe.

- Sem problemas. Foi uma brincadeira boba mesmo. Às vezes eu esqueço que já tenho 15 anos porque parece que o tempo parou quando eu fiquei cego.

- Não é nada boba, Alec. As lembranças são muito importantes e você não pode deixa-las para trás. Eu também tenho algumas lembranças com a Camille que fazemos questão de reviver de vez em quando.

- Pode me falar sobre alguma?

- É claro. Talvez você fique um pouco horrorizado, mas eu juro que somos cidadãos do bem. - Alec apenas ergueu uma sobrancelha, sem querer tirar conclusões precipitadas e esperou Magnus respirar fundo. - Camille e eu temos um ritual sagrado no aniversário dela desde que ela completou 9 anos. Nós vamos até sua loja favorita no shopping meia hora antes de fechar e ela escolhe um presente.

- Ok.... isso parece perfeitamente normal pra mim. - Alec observou.

- Pois é... mas o lance é que eu roubo o presente pra ela.

- Espera! Você furta o presente de aniversário pra sua melhor amiga desde os 9 anos?

- Eu sei! Parece horrível, mas não é bem assim. A verdade é que meu pai é amigo do gerente da loja, então quando eu volto pra casa eu conto o que roubei e a gente paga. Só que nunca contamos pra Camille porque ela sempre foi louca pela adrenalina e sabe que eu faria qualquer coisa por ela.

- É tipo você e o "Tudo o que é proibido é mais gostoso"

Magnus ficou um pouco preocupado que Alec pudesse repensar sobre o fato dele ser um psicopata, mas ele estava claramente tentando não rir agora, e por isso Magnus sentiu um forte alivio no peito.

- Exato! Às vezes é bom viver fora dos padrões e fazer uma loucura.

- Deve ser legal não ter limitações para fazer loucuras. - O moreno murmurou baixinho, apoiando a cabeça na parede e remexendo em seus próprios dedos no colo.

Magnus percebeu que era o que ele fazia quando estava nervoso.

- Talvez até com limitações seja possível fazer loucuras. O seu caso, por exemplo. Você deixou um desconhecido que invadiu o seu quarto continuar voltando escondido duas vezes por semana. Isso com certeza significa que você é muito louco, Alec Lightwood.

Sua voz estava suave, até mesmo brincalhona para descontrair, mas Magnus não esperava ver Alec sorrindo antes de responder baixinho.

- Eu não me arrependo nem por um segundo de ter feito isso.

De repente Magnus sentiu alguma coisa se remexendo no estômago mais uma vez, e por mais que estivesse se aproximando da hora do almoço, sabia que não era fome.

- Você por um acaso tem celular? - Ele perguntou.

- Sim. Meu pai me deu pra se comunicar comigo quando eu fico sozinho nas tardes durante a semana. Meus pais e minha irmã têm toques especiais pra que eu possa identifica-los, assim como as batidas na porta.

- E você se importaria se eu te ligasse de vez em quando?

A pergunta saiu mais encabulada do que Magnus esperava, mas lá estava aquele sorrisinho adorável brilhando nos lábios de Alec de novo.

Be My Eyes - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora