10 - Nunca mais

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Magnus perdeu a noção do tempo, perdeu a noção de qualquer realidade enquanto observava Alec se remexendo inquieto na hora de lavar os pratos.

Talvez, ou com certeza tivesse pegado muito pesado quando questionou sobre a escolha do toque no celular, mas foi apenas pra matar sua curiosidade por ser uma música tão profunda, e não para deixa-lo constrangido de qualquer maneira.

Naquele momento, quando percebeu o rubor nas bochechas dele, Magnus se obrigou a dizer que não precisava de uma resposta e que sentia muito por ter perguntado.

Alec então se virou com a louça e foi em direção à pia para leva-las.

Magnus se limitou em secar e guardar os pratos, envolvido pelo silêncio enquanto pensava numa forma de consertar o clima que havia estragado, até que de repente ouviu a voz do moreno, suave e ao mesmo tempo envergonhada.

- Depois que eu te conheci essa música passou a fazer mais sentido pra mim. - Ele explicou. - Ela fala sobre as sombras se espalhando, se tornando mais fortes, e era exatamente assim que eu me sentia. Consumido por elas. Mas aí você apareceu e agora é como se eu não estivesse mais me perdendo nessa escuridão. É como se você fosse uma luz, e pela primeira vez em 4 anos eu consigo sentir que posso estar vencendo essa guerra.

Por um segundo Magnus ficou sem reação diante de tanta sinceridade, mas logo se aproximou um pouco mais dele e sorriu.

- Eu gostei muito dessa resposta, Alec. Gostei de saber que estou fazendo alguma diferença positiva pra você. E a verdade é que você também está me afetando de alguma maneira. Ainda não sei exatamente como. Só sei que é de um jeito bom.

Alec parecia ficar feliz com essas pequenas coisas, e ainda sim Magnus sentiu vontade de lhe dar mais.

Mais elogios.

Mais rosquinhas.

Mais carinhos na mão e onde mais ele permitisse.

Sentiu vontade de abraça-lo e protege-lo de qualquer sombra que ainda o assombrava, mas sabia que não tinha esse direito e aparentemente nem muito tempo.

O relógio no pulso dele apitou mais uma vez indicando que já era uma hora da tarde, o que significava que sua família retornaria a qualquer momento.

Alec soltou um suspiro, e Magnus se flagrou fazendo a mesma coisa porque aquelas quase 4h em que ficaram juntos estavam muito longe de ser o suficiente.

- Eu tenho que ir.

- Eu sei.

- Mas eu volto na quarta e trocaremos as músicas que você quer. Só não deixe a janela fechada, ok?

Alec de repente voltou a sorrir e sussurrou um simples "Nunca mais"


****


Magnus indo embora parecia tão errado, mesmo com a promessa de que voltaria em apenas 3 dias e até mesmo ligaria quando pudesse.

Por alguma razão Alec já não consiga mais entender e muito menos controlar a vontade de estar perto dele, e era pensando nisso que sua imaginação viajava para bem longe.

Mesmo acordado ele sonhava com o toque de Magnus, a voz dele, o desejo de saber como ele realmente era por fora, já que parecia conhecê-lo tão bem por dentro.

Foram apenas alguns encontros escondidos, a maioria tão breve que nem parecia real, e ainda sim era como se os dois se conhecessem a vida inteira.

Uma familiaridade irradiando que era difícil de ignorar.

Talvez tivessem existido vidas passadas onde eles eram amigos, quem sabe mais íntimos do que isso, e o efeito daquelas vidas estivesse refletindo nessa de alguma forma.

Be My Eyes - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora