24 - Como um filho?

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Alec estava bastante orgulhoso de si mesmo e não negaria isso.

Em apenas três meses ele progrediu muito mais do que nos últimos três anos, e apesar de Magnus ter sido o principal motivo de tudo isso, estava decidido a abandonar sua bolha aos pouquinhos por vontade própria.

Seu namorado jamais o pressionou a nada, mas demonstrava muito orgulho a cada novo passo que Alec dava pra longe daquela escuridão.

Nesses três meses ele tinha aberto as portas de sua casa, tinha derrubado os muros do seu coração, conversado mais com a família, permitido que a melhor amiga de Magnus e atual namorada de sua irmã soubesse da sua existência, e a maior aventura que teve foi passear no seu próprio quintal apesar do medo daquela imensidão verde.

Depois de ambos finalmente contarem aos pais que estavam namorando, Magnus passou a jantar na casa dos Lightwood em todas as suas quartas de folga, almoçar lá duas vezes por semana antes de ir pra escola com Izzy, e todo sábado continuava dando suas escapadinhas durante os estudos para agraciar sua visão e seus lábios com Alec.

Os domingos permaneciam sagrados para eles, e apesar de Maryse não se sentir tão confortável com os dois sozinhos durante o dia inteiro, bastava um "por favor" de Alec e ela sedia por saber que faria o filho feliz.

De fato Alec estava plenamente feliz durante aqueles três meses, assim como no quarto mês e no quinto, mas no sexto mês ele percebeu que Magnus não estava sendo seu Magnus exatamente.

Alguma coisa não estava certa.

O namorado ainda fazia suas visitas, mas com menos frequência ou durante menos tempo.

Ele ainda ligava para dar boa noite ou bom dia, mas com menos vontade de continuar puxando qualquer assunto bobo apenas para continuar ouvindo a voz de Alec.

Ele também soava mais cansado na maioria das vezes, até mesmo Izzy comentou que ele não parecia dormir muito nas últimas semanas, e Alec sentiu um profundo medo de que seu namorado pudesse estar se cansando, talvez até se entediando daquela rotina nada emocionante dos dois.

Magnus e Alec quase sempre iam passear no quintal quando não estavam na cama durante os domingos, e parecia divertido fazerem piqueniques, ler histórias, deitarem agarradinhos numa rede que Magnus pendurou entre as duas únicas árvores naquele espaço, mas e se não fosse o suficiente?

Com medo das vozes perturbadoras ameaçarem dar sinal de vida após muito tempo, Alec teve uma ideia para animar as coisas sem que precisasse trazer o assunto à tona e acabar pressionando Magnus de alguma forma, então na quarta-feira, depois de jantar com a família, Alec puxou o namorado para o sofá e cochichou com ele enquanto os pais arrumavam a cozinha e Izzy passeava pela casa conversando no telefone com Camille.

O contato físico sempre foi muito importante para Alec, mas nas últimas semanas ele também percebeu que Magnus já não pegava tanto em suas mãos, nem qualquer pedacinho de pele por mais de alguns segundos, e naquela noite ele percebeu o porquê.

- Amor... o que aconteceu com as suas mãos? - Alec questionou preocupado ao pegar a mão do namorado que repousava em sua perna e acariciá-la com cuidado e muito carinho.

Estavam ásperas e não macias como sempre foram, e além dele ter abandonado os anéis que tanto gostava, ainda tinha um corte em sua palma esquerda que poderia ser grave.

- Não é nada. - O rapaz disse com uma voz que deveria ser tranquilizadora, mas Alec sabia que ele estava disfarçando alguma coisa. - Eu só estava ajudando um amigo dos meus pais a cortar a grama e me machuquei com o cortador, mas juro que não é grave. Foi só um cortezinho superficial e eu não queria te preocupar.

Be My Eyes - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora