44 - Eu preciso vê-lo agora

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 Isabelle estava esparramada no sofá com Spot em seu colo e Alec estava deitado no tapete, ambos encarando o teto enquanto conversavam sobre coisas simples como Alec ter trocado o óculos por lentes de contato, até assuntos mais sérios.

- Então... como está indo a vida de morar junto com seu marido perfeito? - Ela perguntou em algum momento daquela manhã, e Alec não sabia se sorria ou suspirava.

- É quase um sonho realizado. - Ele respondeu, e Izzy virou a cabeça no sofá para encará-lo.

- Quase?

- Sim. O Magnus é mesmo perfeito e sempre consegue fazer eu me apaixonar um pouco mais, mas já estamos morando juntos há duas semanas e quase não nos vemos. Eu sei que parece egoísta, mas ele passa a manhã toda no trabalho e a tarde toda na escola. Eu sinto falta dele.

- Mas vocês almoçam juntos todos os dias e ele nem volta tarde da escola. - Izzy observou. - Às vezes eu nem consigo me despedir, porque ele já tá correndo de volta pra cá.

Alec sorriu e se sentou no tapete, pensando no quanto amava o fato do marido chegar e sempre lhe dar um beijo alegando ter sentido saudades, mas Alec também suspirou com o que vinha depois daquilo.

- Acho que estou numa mistura de carência e preocupação. Sei que ele tem se esforçado bastante pra ficarmos juntos o máximo possível, mas tem dias que ele chega em casa tão cansado que simplesmente senta no sofá e apaga. Ontem mesmo ele dormiu enquanto eu fazia o jantar e acabou perdendo um jogo que queria ver na tv.

- Eu pensei que ele tivesse mudado de setor naquela fábrica horrível.

- Mais ou menos. Ele não carrega mais aquelas barras de aço em caminhões, mas continua limpando as máquinas. Eu pesquisei na internet e aquelas coisas são enormes, Izzy. Sem mencionar o perigo dele decepar uma mão ou o braço inteiro. Eu também pesquisei sobre acidentes numa fábrica metalúrgica e acho que um braço decepado não é nada comparado com os horrores que eu vi.

- Alec! - Isabelle o chamou e o fez voltar a realidade. Só de lembrar daquelas imagens seu corpo inteiro tremeu. - Tenho bastante certeza de que existem proteções pra esse tipo de serviço, e tenho mais certeza ainda de que o Magnus sabe se cuidar, então faça o favor de parar de pesquisar e pensar em tragédias porque nada de ruim vai acontecer, ok? Pensa que amanhã já é sábado e vocês dois poderão ficar o fim de semana inteiro sendo melosos e safados. Só não esquece que vocês tem um filho na casa, por favor.

Alec assentiu fraquinho, mas alguma coisa ainda martelava em seu peito desde o primeiro dia.

Uma sensação ruim e que parecia crescer mais e mais toda vez que Magnus saía de casa para ir trabalhar.

- Você tá certa, Izzy. - Alec disse sem demonstrar que ainda estava inseguro. - Eu quero mesmo ficar meloso e safado com ele o fim de semana inteiro, e é só o que eu vou pensar agora.

- Não. Agora não, maninho. Daqui a pouco o Magnus já vai chegar e eu to aqui ainda. Não quero ver nenhuma obscenidade em plena sexta-feira, então guarda os pensamentos pra de noite, ok? Vamos preparar o almoço agora que é melhor.

Alec riu e foi com ela pra cozinha enquanto Spot continuava dormindo no sofá.

Os dois ficaram cerca de meia hora numa briguinha boba de quem cozinhava melhor até que Alec recebeu uma ligação.

Isabelle não sabia quem era e nem o que estava acontecendo, mas conforme o irmão ficava assustadoramente pálido até derrubar o telefone e quase cair junto, ela teve a impressão de estar revivendo a época da infecção, quando ele perdeu uma parte muito importante de si mesmo.

Be My Eyes - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora