36 - Magnus e eu também somos

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Alec sentia um turbilhão inexplicável de emoções, mas ele não pensou em nada porque simplesmente não tinha o que pensar.

A resposta era óbvia se tivesse que escolher entre o seu sonho e o de Magnus, mas foi um choque total quando o marido apareceu com aquela ideia.

Alec e a família já tinham pesquisado sobre cirurgias, não aquela em específico envolvendo genes sintéticos, mas ele sabia que coisas assim custavam mais de 10 mil dólares, sem mencionar que aquela clínica ficava no Reino Unido e as passagens e hospedagens também não deviam ser baratas.

Não!

Ele não pensou nisso, ele não pensou em nada, mas precisava de um tempo sozinho antes de criar coragem e dizer para Magnus voltar pro curso que tanto adorava há mais de 800km de distância.

Com um suspiro Alec rolou pela cama e abraçou um travesseiro, o travesseiro que Magnus tinha dormido na madrugada passada e que ainda tinha o cheiro do shampoo dele.

Alec sabia que tinham se passado horas desde que voltaram da praça e a verdade foi jogada, mas não sabia quanto tempo exatamente e nem queria apertar o botãozinho no relógio especial para descobrir.

Tudo o que ele fez foi sugar uma grande quantidade de ar e levantar.

Talvez Magnus tivesse ido embora pra casa de Camille, e talvez sua família estivesse no quinto sono em seus quartos, mas mesmo assim ele saiu silenciosamente pelo corredor, esperando ouvir alguma movimentação.

De início ele não escutou nada, mas conforme deslizava pelas escadas, conseguiu escutar as vozes baixas de sua mãe e Magnus vindo da cozinha.

Sua presença não parecia ter sido notada, então guiado pelas mãos ele se escorou na parede entre a sala e a cozinha e não se moveu mais.

- Você pegou todos nós desprevenidos, mas principalmente o Alec, e o que você está oferecendo não é pouca coisa, Magnus. Por mais que eu aprecie de coração o que você está fazendo, também tenho minhas preocupações. Você vem trabalhando sua vida toda pra faculdade e estava com aquela bolsa praticamente garantida. Não pode desistir agora.

O tom de voz da mãe era difícil de interpretar porque ela parecia dividida com o que era certo ou não, mas mesmo assim a voz de Magnus soou firme na resposta.

- Maryse, você não imagina a sensação de fazer uma cesta da vitória. A torcida te adora e todo mundo te trata como se fosse uma estrela. Eu posso dizer com certeza que sinto isso toda vez que piso numa quadra... mas agora é a vez do Alec. Ele merece recuperar o que perdeu e eu sei que ele está pronto pra tentar. Por mais que ele esteja indo tão bem ultimamente, voltando a estudar e a sair, eu só quero que ele se sinta completo de novo. Ele merece um futuro melhor mais do que qualquer um.

- Mas e o seu futuro?

- Eu já sei o meu futuro. É ao lado do Alec.

Parecia tão simples quando ele falava assim, mas não era nada simples, e por isso Alec não conseguiu conter as lágrimas.

Ele respirou fundo mais uma vez antes de sair do seu esconderijo e entrar na cozinha.

Ouviu sua mãe dizendo "filho" num tom surpreso, mas ele apenas esticou a mão, e um segundo depois, como sempre, Magnus já estava ali o segurando.

- Alexander... - Ele sussurrou, prestes a dizer algo mais, porém Alec o interrompeu.

- Nós precisamos conversar, Magnus. Mas não é sobre o que você está pensando. Eu não vou deixar que você desista do seu sonho por minha causa.

Be My Eyes - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora