17 - Como pode ter tanta certeza?

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Geralmente Isabelle gostava de estar certa sobre as coisas, mas dessa vez ela jamais imaginou que o que passava pela sua cabeça fosse mesmo verdade.

Já fazia um tempinho que ela flagrava Magnus cantarolando a música War of Hearts de vez em quando, umas das que Alec mais escutava atualmente, e claro que poderia ser uma tremenda coincidência, mas então ela passou a flagrar Magnus cantarolando as músicas do Hollywood Vampires, a banda favorita entre todas do seu irmão.

Isso a deixou mais curiosa do que nunca, e quando Magnus passou a ficar muito tempo na biblioteca da escola, o que de acordo com Camille era bem estranho, Izzy se esgueirou até lá no meio da semana, o mais discretamente possível, e tentou descobrir que livros ele estava lendo com tanta concentração, mas foi só quando ela viu ele retirar um reglete da mochila que todas as peças começaram a se encaixar.

Aquele instrumento era exclusivo para se aprender escrita no alfabeto em braille, e braille era um alfabeto exclusivo para pessoas com deficiência visual.

Pessoas exatamente como seu irmão gêmeo.

Mesmo com isso sendo prova suficiente de que alguma coisa estava acontecendo, ela ainda esperou mais um pouco e recapitulou as últimas semanas na própria casa.

Alec ficava de bom humor com muito mais frequência, saía do quarto praticamente todos os dias, nem que fosse um pouquinho, e às vezes sorria pro nada, como se estivesse pensando em alguma coisa que o deixou feliz, principalmente no domingo, depois que ela e os pais voltavam da reunião da igreja.

Ela também reparou que ele voltou a cantarolar músicas no banho, só que não eram as músicas novas que ela passava pra ele quase toda semana, eram músicas que ela nunca tinha escutado antes.

Músicas que outro alguém lhe passou porque sozinho ele não conseguiria baixar.

Ela também lembrou que quando conversavam durante algumas noites Alec se remexia cada vez que o nome de Magnus era mencionado, e por ultimo reparou em como toda aquela alegria dele desapareceu na última sexta-feira, quando ela anunciou que sairia com o asiático num parque de diversões.

Agora, naquela segunda-feira foi o dia em que todas suas suspeitas se concretizaram.

Isabelle estava triste porque seu irmão tinha se fechado de novo no seu próprio mundinho, e assim que descobriu que Magnus tinha matado aula após ela ter mencionado "o probleminha em casa" ela decidiu fugir antes do ultimo período terminar e foi de táxi pra casa.

Tudo estava silencioso lá dentro e ela podia muito bem estar louca ou afogada num mar de coincidências, mas quando pensou que encontraria o irmão dormindo sozinho no próprio quarto, ela acabou encontrando Magnus ao lado dele numa posição intima demais para que seu cérebro processasse.

Ela não soube quanto tempo ficou ali parada encarando os dois, mas quando Magnus acordou e a viu, ela simplesmente saiu correndo.

Furiosa e dominada por uma sensação de traição.

- Izzy, espera! - Magnus gritou e ela se obrigou a parar no meio do quintal, onde nem se deu conta de que estava. - Eu posso explicar.

- Que bom, Bane. Porque eu quero mesmo uma explicação pro que eu acabei de ver. Que merda tá acontecendo aqui? Como você foi parar no quarto do meu irmão? Ainda mais agarrando ele daquele jeito.

A raiva e o desespero eram nítidos em sua voz, mas Magnus não se intimidou, na verdade ele parecia mais preocupado que seus gritos acordassem Alec dentro da casa.

- Eu não estava agarrando nada. Nós só dormimos, Izzy. Ele estava com febre e eu...

- Você ainda não me respondeu como foi parar lá. - Ela acusou com um rosnado.

Be My Eyes - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora