Leio o jornal sentado na varanda tomando café em minha caneca. É uma manhã tranquila.
Nem sombra de Heidi.
Gostaria de vê-la. Apenas vê-la. Não consigo esquecer a última vez em que estive com ela. Por que ela fez aquilo? Passei os últimos dias tentando entender. Mas não consigo encontrar uma resposta.
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Desligo a TV. Nada interessante passava na tela do aparelho. Estou tomado pelo tédio até o topo da cabeça. Subo para o quarto, para escrever. Mas não resisto à tentação de dar uma espiada pela janela. As luzes da casa dela estão apagadas. Isso pode significar que não a verei hoje.
Sento à escrivaninha e abro o notebook. Durante duas horas pouco é escrito. Estou travado mais uma vez.
Um som familiar invade meu quarto. É um rock pesado. E eu sei exatamente de onde vem.
Levanto e espio de novo a casa dela. Agora as luzes estão acesas e há uma movimentação lá dentro. Fico animado ao saber que ela está lá. Ainda que eu não possa ouvir a voz dela, me sinto feliz ao ter certeza de que ela está bem.
Após um tempo observando a casa, minha campainha toca. Quem poderia ser a esta hora? Desço as escadas. Pelo olho mágico vejo que é ela quem está ali. É uma feliz surpresa.
Ajeito minha camisa. Abro a porta.
-Heidi?
-Olá senhor Whitman.
-Algum problema?
-Posso ficar um pouco aqui com o senhor? Se não for incomodar.
-Pode. Claro. Por favor, entre.
-Obrigada senhor Whitman. Não aguentava mais ficar lá em casa. - ela diz se sentando no sofá.
-Mas e a sua festa? Seus amigos não vão sentir a sua falta?
-É exatamente por causa deles que estou aqui. Não quero vê-los.
-Espere aí. - eu sento na minha poltrona- deixe-me entender. Você organizou uma festa em sua casa, convidou pessoas e não as quer ver mais? Estou um pouco confuso.
-Sim. É estranho. Mas estou me sentindo um pouco sufocada. Deslocada na minha própria casa.
-Você não deveria se sentir assim. Eles não são seus amigos?
-É. Alguns são. Eu não sei.
-E o seu namorado?
Ela fica me olhando e não me responde.
-Não quero ficar mais aqui. - levanta-se- Podemos sair um pouco?
-Para onde você quer ir?- me levanto também.
-Não sei. No caminho decidimos. Só preciso dar uma volta.
Ela está muito estranha, mas consinto em seu pedido.
Tiro o carro da garagem. Heidi senta-se no banco do carona e partimos sem destino certo.

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A Estrangeira
Roman d'amourUma misteriosa jovem transforma a vida de um escritor mais velho que acabou de perder a esposa.