Capítulo 8

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Leio o jornal sentado na varanda tomando café em minha caneca. É uma manhã tranquila.

Nem sombra de Heidi.

Gostaria de vê-la. Apenas vê-la. Não consigo esquecer a úl­tima vez em que estive com ela. Por que ela fez aquilo? Pas­sei os últimos dias tentando entender. Mas não consigo encon­trar uma resposta.

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Desligo a TV. Nada interessante passava na tela do apare­lho. Estou tomado pelo tédio até o topo da cabeça. Subo para o quarto, para escrever. Mas não resisto à tentação de dar uma espiada pela janela. As luzes da casa dela estão apaga­das. Isso pode significar que não a verei hoje.

Sento à escrivaninha e abro o notebook. Durante duas horas pouco é escrito. Estou travado mais uma vez.

Um som familiar invade meu quarto. É um rock pesado. E eu sei exatamente de onde vem.

Levanto e espio de novo a casa dela. Agora as luzes estão acesas e há uma movimentação lá dentro. Fico animado ao saber que ela está lá. Ainda que eu não possa ouvir a voz dela, me sinto feliz ao ter certeza de que ela está bem.

Após um tempo observando a casa, minha campainha toca. Quem poderia ser a esta hora? Desço as escadas. Pelo olho mágico vejo que é ela quem está ali. É uma feliz surpresa.

Ajeito minha camisa. Abro a porta.

-Heidi?

-Olá senhor Whitman.

-Algum problema?

-Posso ficar um pouco aqui com o senhor? Se não for incomo­dar.

-Pode. Claro. Por favor, entre.

-Obrigada senhor Whitman. Não aguentava mais ficar lá em casa. - ela diz se sentando no sofá.

-Mas e a sua festa? Seus amigos não vão sentir a sua falta?

-É exatamente por causa deles que estou aqui. Não quero vê-los.

-Espere aí. - eu sento na minha poltrona- deixe-me entender. Você organizou uma festa em sua casa, convidou pessoas e não as quer ver mais? Estou um pouco confuso.

-Sim. É estranho. Mas estou me sentindo um pouco sufocada. Deslocada na minha própria casa.

-Você não deveria se sentir assim. Eles não são seus amigos?

-É. Alguns são. Eu não sei.

-E o seu namorado?

Ela fica me olhando e não me responde.

-Não quero ficar mais aqui. - levanta-se- Podemos sair um pouco?

-Para onde você quer ir?- me levanto também.

-Não sei. No caminho decidimos. Só preciso dar uma volta.

Ela está muito estranha, mas consinto em seu pedido.

Tiro o carro da garagem. Heidi senta-se no banco do carona e partimos sem destino certo.


A EstrangeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora