Capítulo 21

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Estou a caminho do estúdio de tatuagem que eu ainda acredito que seja dela.

Quem me atende na entrada não é a mesma pessoa que me recebera da outra vez que eu estive aqui. É um cara mais magro, estilo meio punk. Me aproximo.

-Boa tarde - eu o cumprimento.

-Em que posso ajudar?

-O proprietário está?

-Quem gostaria?

-Albert Whitman.

-Vou ver se ele está disponível. Só um minuto. – ele fala baixo ao telefone mas consigo ouvi-lo: -Aquele senhor está aqui...

Eu aguardo sentado. Poucos minutos depois aparece um homem jovem, cabeça raspada, braços musculosos cobertos de tatuagens. O atendente fala com ele apontando para mim. O homem forte acena positivamente com a cabeça e se dirige até mim. Me levanto e aperto sua mão.

-Como posso ajudá-lo?- ele me pergunta

-O senhor é dono do estúdio?

-Sim.

-Ah... É que eu sou amigo da antiga proprietária e já não a vejo há um tempo e decidi fazer uma visita a ela. Heidi Zeigers é o nome dela. O senhor deve tê-la conhecido, deve ter comprado o estúdio dela.

-Não a conheço.

-Tem certeza? É uma jovem, ela é holandesa...

-Não senhor. Eu comprei este estúdio de um homem.

-De um homem? Faz muito tempo?

-Não, há apenas uma semana.

-Tudo bem então. Desculpe tomar o seu tempo.

-Sem problemas.

Ao contrário do que eu esperava, saio do estúdio com mais perguntas do que respostas. O tempo desde que aquele cara comprou o estúdio bate com o momento que Heidi decidiu partir. Mas o cara não tratou a venda diretamente com ela. Mas mesmo assim saberia pelo menos o nome de quem estava comprando. Enquanto caminho de volta para casa, imagino várias possibilidades, nenhuma delas conclusiva. Chego a ficar com um pouco de dor de cabeça. Não sei mais em que pensar.

***

Em casa faço mais uma tentativa de localizar Heidi pelo telefone. Ligo para o número dela acrescentando o código do país dela. Sem resposta. Desisto. Tomo um remédio para a dor de cabeça e em seguida vou tomar um banho.

Enquanto a água quente cai sobre meu corpo, quase me conformo com a ideia de que Heidi era uma fantasia da minha cabeça. Mas não consigo, pois lembro-me claramente dos momentos que passei com ela. Eu toquei nela. Eu a senti. Tudo aquilo não pode ter sido uma ilusão. Tem que ter uma explicação.

Chega por hoje. Minha cabeça está explodindo. Preciso dormir para colocar as ideias no lugar.

A primeira coisa que faço quando acordo é abrir o manuscrito do meu livro. Talvez escrever me ajude a aliviar essa tensão. Leio os últimos capítulos que escrevi e reviso o início do livro. Não há mais nada a modificar ou acrescentar. A obra já está concluída. Como não tinha percebido isso?


A EstrangeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora