Capítulo 6

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Na manhã de domingo compareço ao churrasco na casa do senhor Thompson. O clima é agradável e me enturmo um pouco com os outros vizinhos. Somente o necessário. Quero manter o máximo que puder o isolamento e a privacidade necessários ao meu trabalho.

Por outro lado, comparecer a ocasiões como essa pode me ajudar a relaxar, além de talvez fornecer material para mi­nha história.

O Thompson me apresenta alguns parentes seus e de sua mulher, além de vizinhos que eu ainda não conhecia.

-Senhor Whitman, é um prazer conhecê-lo. - uma mulher de baixa estatura e cabelo escuro me cumprimenta. – Sou sua fã, li todos os seus livros, mas gostei principalmente de "Beijo Amargo". Que final foi aquele! Surpreendente!

-Obrigado! Que bom que você gostou. - fazia tempo que eu não tinha um contato desses com alguém que apreciasse a minha obra. Sentia saudade disso.

Minutos depois estamos sentados à beira da piscina. Thomp­son, sua esposa e eu conversamos.

-Está gostando da cidade senhor Whitman?- pergunta a es­posa de Thompson. Uma senhora de meia-idade muito adorá­vel.

-Estou adorando. –bebo um gole da minha cerveja- Muito tranquilo aqui. Bem diferente de Chicago, de onde eu venho. Exceto pelas festas que minha vizinha dá às vezes.

-Qual vizinha?- pergunta senhor Thompson.

-A do número 510. Não incomoda vocês também?

-A casa 510? Ah sim! Faz tempo que... -uma bola cai sobre ele assustando-nos. Thompson se levanta bruscamente indo em direção à piscina.

-Ei, crianças! Já falei para tomarem cuidado!- devolve a bola aos fedelhos que brincam ruidosamente dentro da água.

Thompson volta à nossa mesa:- Tudo bem com você, senhor Whitman?

Assinto com a cabeça: - Sim, tudo bem.

-Vou pegar mais cerveja. – ele sai.

A conversa sobre Heidi fica para outra ocasião.

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O progresso que faço em escrever é mínimo. É uma tarde em que estou em frente ao notebook esperando alguma nova inspi­ração quando ouço a campainha tocar. Quem poderia ser? O senhor Thompson?

Quando abro a porta, fico surpreso. Quase pasmo. Ela veste uma blusa preta da banda Ramones e short jeans rasgado com uma corrente curta pendurada. Uma bota de cano curto. E aqueles cabelos com pontas louras. Os olhos azuis fitando em mim.

-Olá senhor Whitman.

-Heidi? Aconteceu alguma coisa? Algum problema?

-Eu estava me sentindo sozinha e precisava falar com al­guém. Posso entrar?

-Claro! Por favor!

Enquanto ela entra, meu olhar pousa sobre essa jovem. Es­tou intrigado com a sua presença aqui. Ela tem um namo­rado, deve ter muitos amigos. Por que ela viria me procurar?

A EstrangeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora