Na manhã de domingo compareço ao churrasco na casa do senhor Thompson. O clima é agradável e me enturmo um pouco com os outros vizinhos. Somente o necessário. Quero manter o máximo que puder o isolamento e a privacidade necessários ao meu trabalho.
Por outro lado, comparecer a ocasiões como essa pode me ajudar a relaxar, além de talvez fornecer material para minha história.
O Thompson me apresenta alguns parentes seus e de sua mulher, além de vizinhos que eu ainda não conhecia.
-Senhor Whitman, é um prazer conhecê-lo. - uma mulher de baixa estatura e cabelo escuro me cumprimenta. – Sou sua fã, li todos os seus livros, mas gostei principalmente de "Beijo Amargo". Que final foi aquele! Surpreendente!
-Obrigado! Que bom que você gostou. - fazia tempo que eu não tinha um contato desses com alguém que apreciasse a minha obra. Sentia saudade disso.
Minutos depois estamos sentados à beira da piscina. Thompson, sua esposa e eu conversamos.
-Está gostando da cidade senhor Whitman?- pergunta a esposa de Thompson. Uma senhora de meia-idade muito adorável.
-Estou adorando. –bebo um gole da minha cerveja- Muito tranquilo aqui. Bem diferente de Chicago, de onde eu venho. Exceto pelas festas que minha vizinha dá às vezes.
-Qual vizinha?- pergunta senhor Thompson.
-A do número 510. Não incomoda vocês também?
-A casa 510? Ah sim! Faz tempo que... -uma bola cai sobre ele assustando-nos. Thompson se levanta bruscamente indo em direção à piscina.
-Ei, crianças! Já falei para tomarem cuidado!- devolve a bola aos fedelhos que brincam ruidosamente dentro da água.
Thompson volta à nossa mesa:- Tudo bem com você, senhor Whitman?
Assinto com a cabeça: - Sim, tudo bem.
-Vou pegar mais cerveja. – ele sai.
A conversa sobre Heidi fica para outra ocasião.
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O progresso que faço em escrever é mínimo. É uma tarde em que estou em frente ao notebook esperando alguma nova inspiração quando ouço a campainha tocar. Quem poderia ser? O senhor Thompson?
Quando abro a porta, fico surpreso. Quase pasmo. Ela veste uma blusa preta da banda Ramones e short jeans rasgado com uma corrente curta pendurada. Uma bota de cano curto. E aqueles cabelos com pontas louras. Os olhos azuis fitando em mim.
-Olá senhor Whitman.
-Heidi? Aconteceu alguma coisa? Algum problema?
-Eu estava me sentindo sozinha e precisava falar com alguém. Posso entrar?
-Claro! Por favor!
Enquanto ela entra, meu olhar pousa sobre essa jovem. Estou intrigado com a sua presença aqui. Ela tem um namorado, deve ter muitos amigos. Por que ela viria me procurar?
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A Estrangeira
RomanceUma misteriosa jovem transforma a vida de um escritor mais velho que acabou de perder a esposa.