Sem nenhuma chance de retorno

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- Y-Yongguk – Jungkook balbuciou olhando fixamente para a porta de vidro, fitando os olhos daquele que o havia dito coisas horríveis para si, havia dito coisas horríveis para a sua noona tão preciosa e assumido que batia em sua omma, a mulher que mais amava em sua vida. Seu sangue ferveu no mesmo instante, enviando ao seu corpo um misto de medo, ódio e dor, os mesmos sentimentos que havia presenciado em toda a sua família no fatídico dia em que Jeon Yongguk mostrara sua verdadeira face diante de todos. Não que a intolerância do alfa lúpus fosse alguma novidade, entretanto...

- Você vai ter que me ouvir, Jeongguk – disse o mais velho em um tom alto para que seu filho o escutasse, já que estava do lado de fora da casa e o empresário se encontrasse a uma distância considerável da porta de vidro. Ao contrário do dia desastroso de revelações, naquele momento em especial o lobo interno de Jungkook estava seguro e confiante, o que de certa forma tranquilizava o ômega, mas ainda não era suficiente para que seu medo desaparecesse. Merda, ele queria que Jimin estivesse ali naquele instante para protegê-lo, mas infelizmente, ele se encontrava um tanto longe de si. Certo?

- N-Não tenho absolutamente nada... pra tratar c-com você. Vá embora, você não é bem-vindo aqui – disse Jungkook em resposta, tremendo consideravelmente ao proferir tais palavras. Por mais que seu lobo estivesse tranquilo, o Jeon tinha um verdadeiro medo de que o “appa” – era horrível ter de chamá-lo de pai depois de tudo o que aconteceu – decidisse se vingar de Jimin para afetar diretamente o ômega, este que queria chorar e correr para longe. Jamais se sentira tão vulnerável e assustado, como uma criança com medo do escuro. – Não há nada pra você aqui, Yongguk!

- Eu ainda sou seu pai, seu ômega estúpido! – bradou o homem tendo os olhos vermelhos e luminosos. Jungkook sentiu um choque lhe atravessar a espinha e as pernas amolecerem diante do potente timbre alfa, mas recusou-se a desfalecer no chão. Permaneceu firme, em pé, ainda mais trêmulo do que antes mas não desmanchou a face arrogante e imponente. Poderia ser um ômega, poderia ter o interior bem mais fraco do que o homem em sua frente, mas em hipótese alguma se mostraria submisso à nenhum alfa que o tentasse dominar. Sabia que Jimin não era dessa forma, por isso o amava tanto, talvez. Mas o alfa lúpus a sua frente era prepotente demais para ver um ômega como um semelhante ao invés de uma classe que devesse apenas obedecer. – Ômega... é tão ruim dizer isso. Eu te criei pra ser o alfa perfeito, e veja só no que diabos você se tornou.

- Me tornei? Eu nasci assim, seu bastardo – Jungkook disse, tomado de coragem momentânea, esta que fora passada para si por seu próprio lobo. – Eu sou um ômega, nasci assim e não há nada de errado nisso. E se eu for gay também não há problemas, há? Você se afeta tanto com isso, será que você não quer sair do armário também? – debochou, fazendo com que o lúpus rosnasse de ódio. O mais velho cerrou os punhos e o medo voltou ao Jeon, mas seu lobo interno sorriu maldoso. “Se aproxime da porta, Jungkookie. Se aproxime da porta e deixe que ele abra a mesma.”, disse o seu lobo e Jungkook arqueou a sobrancelha direita. O que diabos você está pedindo para que eu faça?!

“Somente confie em mim! Yongguk não representa mais nenhum perigo, e eu quero lhe provar isso. Vamos, faça o que te pedi, por favor!”, insistiu e Jungkook engoliu em seco, se aproximando da porta. Não tanto, mais ou menos um metro e meio de distância, e ali ficou observando fixamente a face de Yongguk, que transbordava de ódio. O mais velho entre os dois levou a mão esquerda até a porta de vidro e arrastou a mesma, fazendo-a correr para o lado, tendo assim, total acesso ao interior da cada do filho caçula e obviamente do corpo deste. Finalmente iria se vingar pela humilhação que passara, iria ao mesmo tempo deixar um recadinho para Jungyeon e Jimin.

No entanto, algo o segurou. Yongguk sentiu as pernas tremerem antes mesmo de colocar o pé dentro da casa do homem à sua frente. Arregalou os olhos e fitou as orbes acastanhadas de Jeongguk, este que não mostrava nenhuma expressão em seu rosto. Por um instante, o alfa lúpus teve um vislumbre do seu braço sendo arrancado e rosnou sôfrego, deixando seu filho com uma interrogação pairando sobre sua cabeça. O mais velho não conseguia se mover para frente, não conseguia pensar com coerência e todas as cicatrizes que foram deixadas em seu corpo durante a luta com aquele alfa desgraçado doeram como se estivessem sendo reabertas.

NO HOMO, NO ALPHA • pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora