capítulo 2

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Minha cabeça está pesada, muito pesada. Uma dor de cabeça se iniciava, como se eu tivesse passado toda à noite bebendo e minha garganta está seca. Eu preciso de água!

Tateio a mão em direção a mesinha de cabeceira que fica ao lado da minha cama, mas eu não encontro nada, nenhum copo e nem mesmo a mesinha. Um alerta dispara em minha cabeça, piscando de forma desenfreada, minha sede ficando em segundo plano. Este não é o meu luxuoso quarto e não tiro essa conclusão pelo fato de não haver uma mesa de cabeceira, nem mesmo por estar deitada em uma cama extremamente pequena e desconfortável, mas sim pelos acontecimentos que sucedem a essa noite...ou seria na noite anterior? Há quanto tempo estou desacordada?

O desespero está levando o melhor de mim e sei que isso não pode acontecer, eu já passei por isso, sei como isso funciona, eu só preciso esperar. A essa altura meu sequestrador já pediu uma absurda quantia de dinheiro e logo eu estarei salva. Eu estarei em casa. Eu me sento na cama e instantâneamente desejo não o ter feito.

—Ah, que maravilha. Você acordou?

O medo é tão grande por saber que tem alguém me observando que eu não tenho uma resposta para a estúpida pergunta desse idiota.

— Onde você está? — Pergunto olhando em volta. Sei que não vou ver nada, tudo está um breu, mal posso ver o contorno das minhas mãos.

Eu queria perguntar quem estava alí, mas isso realmente importava? Não, ele era meu sequestrador e isso era tudo.

— Aqui em cima. — Ele responde, mas a voz é abafada pelo meu medo.

— Aqui em cima onde?— Pergunto me levantando, tentando me orientar, mas tudo o que faço é cair de forma estúpida não chão.

— Onde você não pode vir.— ele zomba e raiva se apodera de mim.

Quem ele pensa que é para rir de mim?

— Eu quero sair daqui! — Grito. — Me tira daqui seu maldito!

— Ai, ai, ai...— lamentou-se e em seguida fez um som. Ele estalou a língua, um som que distingui como reprovação. — Que mal agradecida.—Resmungou.

Mal agradecida? Oras, ele queria que eu o agradecesse por ter me sequestrado? Então eu me lembro dos três homens e do sangue...

— Aqueles porcos...— ele me interrompe com uma risada. — Você me salvou daqueles porcos....

Mas me raptou depois, é o que eu quero dizer.

— Salvar você? Eu não salvei você, eu só não podia deixar que tomassem o que é meu.

— Eu não sou sua! — digo antes de conseguir me controlar.

Minha cabeça está pesando, doía como o inferno e eu só queria fechar os olhos, descansar.

— Oh,sim, você é. Eu escolhi você, você era minha presa, portanto minha caçada.

Meu sangue está tão gelado que eu não me surpreenderia se congelassem. Os meus primeiros sequestradores não falavam assim, este era diferente, muito diferente. Quanto será que ele pedirá em resgate? Poderia ele ainda não ter pedido?

Eu estou com medo, e não é o medo que eu senti aos dezesseis anos, esse é diferente, esse sequestrador é diferente. E se ele não pretendesse pedir meu resgate? E se ele não soubesse quem eu era? Eu não podia ficar alí, mas havia algo nele, algo que me fazia ficar parada, criando raiz. Eu nem mesmo o havia visto e o fato de sentir tanto medo era ainda mais assustador.

— Por favor...— eu imploro e não sei pelo quê exatamente estou implorando. Me deixar ir embora? Pedir o resgate? Ou, por favor, diga que sabe quem eu sou?— Me deixe ir.

Eu me ajeito, sem forças para me levantar e ir até a cama, minha cabeça pesada demais, logo sinto meus olhos se fecharem, mas não antes de ouvi -lo dizer:

— Nunca.

Sequestrada por Jack, o assassino Onde histórias criam vida. Descubra agora