capítulo 16

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Ele se encontrava sentado em um banco afastado dos outros, no fundo de uma lanchonete de beira de estrada. A lanchonete não estava cheia, no máximo oito pessoas, se os funcionários fossem apenas o garçom, a mulher do caixa e quem estava na cozinha. 

Jack se sentia faminto, não uma fome que podia ser facilmente suprida com aquela comida super calórica, mas sim, uma que não é considerada aceitável pela sociedade hipócrita. Ele ainda não havia encontrado aquele que supriria sua fome, e a cada hora que passava, se sentia mais próximo do precipício, era como se estivesse perdendo o controle, como se fosse um principiante, e ele sempre fora paciente, sempre esperando a hora certa.

Jack secou o suor que se acumulava em sua testa com a costa da manga do casaco que usava, logo em seguida puxou o capuz para frente, para se certificar de que o rosto estava devidamente protegido.

O sino tocou quando um novo cliente entrou na lanchonete, mas Jack não levantou o rosto, ainda focado em tentar controlar-se.

— Hey, James! Como vai? — a voz da operadora de caixa chegou de forma abafada aos ouvidos de Jack.

— Olá,Clare. Estou bem e você? — a voz grossa do homem preencheu os ouvidos de Jack, o fazendo ficar de repente calmo e alerta.

Ele gostava da voz, percebeu. Gostaria de ouvir o som que sairia de sua boca ao ser estrangulado; o som que produziria quando estivesse sendo sufocado pelo próprio sangue.

Jack não havia ido ali para isso, saíra do lugar onde havia alugado — não muito distante dali—, apenas para andar e se acalmar e teria sido assim até aquele homem entrar na lanchonete. Quanto mais Jack ouvia a voz, mais calmo se sentia, porém ele se sentia incerto, não possuía nada que pudesse ser usado para fazer o que ansiava, até que ele ouviu o que o homem contava ao garçom. Naquele momento, a falta de "instrumentos" não era um problema.

—... e se tudo não bastasse, a irmã da minha esposa morreu, e agora terei que sustentar o filho que ela deixou— James suspirou balançando a cabeça. — ...mais uma boca. Se aquele maldito não tivesse ido parar na cadeia, nada disso estaria acontecendo... E logo agora, com todos esses problemas...

E assim Jack decidiu que aquele homem seria sua vítima, que a falta de "instrumentos" não seria um problema, o problema foi que Jack não ouviu o resto. Não ouviu o homem dizer que mesmo com todos os problemas cuidaria do garoto. Jack não o ouviu dizer que havia ido ali —em seu dia de folga—, apenas para buscar a última foto que o sobrinho havia tirado com a mãe e ele não viu James tirar a foto do bolso e mostrar para Peter — o garçom. Não viu quando os olhos do homem se iluminaram ao encarar a mulher de longos cabelos cor de areia e olhos cor de amêndoa. Não viu como os olhos de James se encheram de lágrimas ao ver o garoto ao lado daquela mulher. O garoto de pele escura que parecia sorrir para James, oras, Jack não ouviu o homem dizer que ama o sobrinho e que faria de tudo para dar o melhor para ele. Jack não ouvira nada, pois ele tinha sido sugado para uma lembrança a muito esquecida.

    
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A assitente social era uma mulher alta e afro-americana, segurava os ombros do garoto assustado enquanto falava com a mulher e o homem em frente a ambos. A mulher tinha cabelos escuros, e pele pálida, o homem uma pele mais bronzeada e cabelos claros. Ambos possuíam olhares intediados e irritados enquanto ouvia a mulher falar, assim que a assistente social terminou, se virou para o menino e sorriu.

— Eu voltarei na próxima semana, tudo bem? — pegou e sorriu docemente enquanto o menino com os inocentes e tristes olhos, assentia.

Sequestrada por Jack, o assassino Onde histórias criam vida. Descubra agora