Sequestrada por Jack, o assassino

Capítulo 46

Havia se passado três semanas desde de o dia que Jack havia se encontrado com Beth ali no orfanato Children of City Red. Eles conversaram, não por muito tempo é claro, mas por tempo o suficiente para ele perceber que Beth precisava se mudar, ele chegou até mesmo sugerir que ela saísse do país, mas ela se recusou, gostava do país e não pretendia ir embora.

—Onde está morando? — Jack havia perguntado, fazendo Beth ponderar se valia ou não a pena responder.

— Toronto. — respondeu olhando para cima. Para o céu nublado.

—Você devia se mudar. Sair do país.

—Eu não vou sair do país.

— Então sair de onde está.

— Para onde? Capital talvez?

—Não.— Respondeu virando o rosto para ela —Para Montreal.

Beth voltou os olhos para ele.

— Por quê?

Jack deu de ombros. Ele não sabia, aquela havia sido apenas a primeira cidade a vir em sua mente.

— Gosto de francês. É uma língua interessante. Você não acha?

Jackson viu a confusão no olhar Beth. Ela queria falar sobre o que aconteceu, mas ele se recusava a lhe dar isso. Não era no intuito de ser cruel com ela, era só que ele não via um motivo para falarem sobre o tal acontecimento. Ele não estava interessado em saber como ela se sentia por ter feito o que fez.

— Eu não sabia que você falava francês. — Beth respondeu por fim.

— Eu tive uma boa educação. Nem mesmo minha amada tia foi idiota o suficiente para me negar isso.

Jack desviou o olhar para a floresta, esperava encontrar Milla os espionando, mas não havia nada. Quando voltou a olhar para Beth ela tinha uma caixa retangular de tamanho médio nas mãos.

— Um presente para mim? — Jack havia fingindo empolgação. Mas mesmo o tom debochado não foi o suficiente para ocultar sua surpresa

— Sim. É uma caixa com pacotes de amendoim. Eu me lembro que você adorava, portanto quis trazer algo bom para você. — Beth sorriu quando ele pegou a caixa e seus dedos magros e gelados tocaram a pele de Jack. — Ah meu garoto! Você devia ter continuado com os Gilberts, não devia ter vindo para cá, você não faz ideia de como são esses lares de adoção.- Seus dedos magros apertaram o pulso de Jack para que ele voltasse os olhos para ela.— Orfanatos são lugares sujos e cruéis.

Jack se levantou rapidamente, forçando Beth a largá-lo. Mas Jack não se moveu, ficou em pé olhando para o embrulho vermelho de presente. Ele sorriu para Beth e respondeu suavemente, a voz tão doce quanto açúcar.

—Mas você sabe e mesmo assim foi capaz de deixar um pedaço de si mesma para trás. — E Jack viu o exato momento que Beth percebeu que ele havia descoberto seu segundo segredo.

Ela não fez nada. Ficou apenas o encarando com seus grandes olhos verdes arregalados. Estava totalmente congelada naquele infinito instante.
Jack se moveu para ir embora, não precisava mais estar ali, mas então as palavras de Beth o de teu.

— Eu não faço ideia do que está falando.

É claro que não, Jack havia pensado, eles nunca faziam.
Jack lhe deu as costas e então voltou a caminhar, mas parou logo em seguida.