Eu havia terminado meu banho e descido para o porão, minhas roupas novas estavam dobradas em uma cadeira nos pés da cama. Eu peguei uma sacola e coloquei minhas roupas sujas nelas. Meus olhos vagaram pelo quarto, a cama pequena, as janelas sujas, as paredes riscadas com giz, contando os dias em que eu estava ali. As paredes imploravam para ser pintadas, mas o giz já estava acabando, meus dias pareciam sem fim e completamente incertos.Eu subi as escadas e caminhei pelo corredor em direção a porta dos fundos e então parei para colar as torradas sobre a mesa, para que Jack pudesse comer quando descesse, logo em seguida peguei a bacia com roupas sujas e caminhei para fora. A porta dos fundos não ficava mais trancada como antes, não era como se eu fosse capaz de passar pelo vão da grade. Eu sempre ia ali — quase todos os dias — para ficar olhando as flores e as árvores, ouvir os sons dos pássaros, o som da floresta. Me acalmava, me fazia sentir melhor, não foi diferente desta vez.
O ar frio envolveu meu corpo me fazendo arrepiar. Eu entreabro meus lábios e assopro. Um sorriso largo enfeita meu rosto enquanto eu vejo fumaça desaparecendo de vista. Eu apoio a bacia na pia e coloco a sacola com minhas roupas sujas sobre as roupas que estão dentro da bacia. Começo a pegar as peças de roupas do Jack e por na máquina, quando estou na última peça, uma sensação incômoda toma conta do meu corpo, os pelos da minha nuca se arrepiam e mim mão trava. Eu solto a blusa e esfrego minha nuca; minha cabeça se vira muito rápido quando ouço o barulho de um galho estalando atrás de mim. A fumaça que saía dos meus lábios já não me distraiam mas — meu coração estava batendo rápido demais por causa do medo. Eu me viro um pouco mais para encontrar o que causou o barulho atrás de mim, mas não vejo nada. Respirando fundo, solto minha respiração lentamente e me viro.
Um grito fica preso na minha garganta e eu levo minha mão direta a boca enquanto a outra eu apoio na pia. Tento acalmar meu coração quando consigo registar a imagem de Jack parado as mais de três metros de distância de mim. Sua cabeça estava inclinada para o lado enquanto ele me encarava fixamente. Seu olhar era tão intenso que eu me senti como uma presa diante do caçador, o pior de tudo, era que não era de todo figurativo. Jack era o caçador e eu era a presa.
—O-oi — Minha voz sai tremida e fraca quando finalmente consigo dizer.
Jack não dá sinal de que me ouviu, ele continua parado, completamente imóvel na mesma posição.
Ele não estava ali antes, penso enquanto movo meus olhos para todos os lados em completo desespero.
Se acalme, porra!
Meus olhos voltam a focar os olhos dele novamente e depois começam a se mover para sua boca e depois mais para baixo, passando por seu torço até parar em sua mão.
— Oh meu Deus...— sussurro baixinho enquanto vejo a tesoura enorme presa entre seus dedos nus.
Era um péssimo momento para ele estar segurando uma tesoura de jardinagem suja de terra...
Minha linha de raciocínio é interrompida quando meus olhos seguem uma gota que cai lentamente da ponta da tesoura e pinga sobre a pétala branca como a neve a manchando de...de vermelho.
Vermelho?
Meus olhos voltam para a tesoura e depois para a pétala manchada agora com vermelho. Não era terra, era sangue.
Minha mão aperta com força a borda da pia enquanto sinto que estou perdendo o controle. Minha respiração acelera e meu coração bate ainda mais rápido do que antes. Meus olhos seguem a segunda gota de sangue que cai sobre a pétala e então percebo que estou entrando em pânico. As bordas da minha visão escurecem e minha garganta começa a fechar. Quando Jack se move, todos os sons desaparecem, não sou mais capaz de escutar minha respiração, meu coração, a floresta, e então de repente, tudo volta a vida. Acontece tudo muito rápido. Meu coração, minha respiração, a floresta, tudo volta. Eu vejo Jack se aproximando e só posso pensar que preciso sair daqui. Eu jogo minhas roupas dentro da máquina e a última pessoa de Jack que havia ficado na bacia, fecho a tampa e aperto o botão para ligar a máquina. Eu dou dois passos para trás sem tirar os olhos de Jack e me viro para entrar. Quase caio quando passo pela porta, mas consegui me equilibrar, eu fecho a porta atrás de mim e me encosto, minhas mãos vão para minha cabeça e meus dedos se fecham com força nos fios.
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Sequestrada por Jack, o assassino
Mistério / SuspenseEu me chamo Hanna Cooper e fui sequestrada aos 21 anos. Eu tinha uma vida perfeita, frequentava as festas mais badaladas da cidade e vivia dentro dos mais poderosos círculos da elite de Nova Orleans, mas tudo isso me foi tirado em uma perfeita noit...