Capítulo 35

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Os passos de Jack ao descer as escadas são suaves, quase inaudível, mas eu estava super consciente da sua presença no porão.

Eu me forço a relaxar o corpo e fazer minha respiração ficar suave e rítmica. Seus passos param ao lado da minha cama, mas ele não faz nada além de ficar ali, parado. Meu coração acelera alguns instantes depois quando o colchão ao lado da minha cintura afunda com o peso de Jack.
Leva tudo de mim para não segurar a coberta quando ele a puxa até a minha cintura. Seus dedos descem do meu ombro até meu cotovelo e depois sobe até meu ombro novamente. Meu coração acelera e minha respiração sai desregular.

Por favor, que ele não tenha percebido.

—Vamos, levante.— Eu continuo na minha posição assim mesmo. 

Se ele acreditar que estou dormindo, vai acabar desistindo.

— Não precisa fingir, sei que está acordada.

Assim que ouço essas palavras, desisto de continuar fingindo está dormindo, era bem provável que ele me sacudisse até acordar.

Eu me sento na cama e o olho impassível.

—O que deseja?—pergunto sarcasticamente.

—Quero lhe mostrar algo—declara já me dando as costas e seguindo para a escada.

Eu reviro os olhos e respiro fundo.

—Anda logo—resmunga parando no topo da escada, para me olhar.

Eu levanto devagar, temendo que qualquer movimento brusco pudesse levar a acontecimentos que expusesse o livro sob o travesseiro.

Eu arrumo meu vestido e caminho apressadamente  até ele.

—Pronto!— exclamo em uma falsa animação.—Podemos ir?—lhe dou um sorriso brilhante e espero uma resposta que vem num simples gesto de me dar as costas e recomeçar a caminhar.

Meus pés nus se arrastam pelo chão frio enquanto eu o sigo pelo corredor.

—E então, o que quer que eu veja?—pergunto impaciente assim que chegamos no meio da sala.

Tudo o que eu quero é voltar para o porão e começar a ler os recados que estão rabiscado nas páginas do livro. Quero descobrir a história delas.

Jack se vira de repente para mim, me assustando. Eu pulo dando dois passos para trás.

—Escute bem, meu animalzinho—ele começa dando um passo em minha direção. – Não tente fugir, não traia minha confiança, não faça nada que eu não fosse aprovar, compreende?

Jack agarra meus braços quando não respondo e isso me deixa alarmada. Eu balanço a cabeça para cima e para baixo — como aqueles cachorrinhos bregas que colocam nos carros e suas cabeças ficam balançando sem parar.

—Sim—respondo engolindo em seco.

Eu ainda não compreendi exatamente o que Jack quis dizer com tudo isso. 

Ele segura firmemente meu pulso com seus dedos desnudos e me arrasta em direção a porta da frente. Meu coração bate forte no peito quando percebo o que está prestes a acontecer.

—Espere— Eu viro para ele um pouco atordoada.

Eu estava tão centrada com a ideia de ter uma chance de estar lá fora— sem grades, nada para me segurar, uma real possibilidade de fuga— que nem percebi que Jack havia soltado meu pulso.

Ele está segurando um casaco aparentemente grosso e uma sacola.

—Está frio lá fora. Vista isso.—ordena me entregando o casaco.

Sequestrada por Jack, o assassino Onde histórias criam vida. Descubra agora