capítulo 37

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Eu não consegui ler o livro, hoje, ontem, ou anteontem, pois desde que Jack voltou não estive um segundo sequer sozinha. Estávamos fazendo várias coisas juntos, confesso que não estava reclamando, eu gostava de poder ir lá fora. Gostava de sentir o sol em minha pele, de observar as estrelas, de poder tocar as plantas, gostava do sexo que sempre sucedia os passeios. Mas nada disso superava o meu desejo por liberdade, o desejo de estar livre daquele lugar, de poder ver os meus pais, de poder ver America. Eu queria poder abraçar meu pai, eu queria poder voltar a ser quem eu era, de ter minha vida de volta, às vezes eu pensava que Jack sabia disso e por isso estava fazendo todas essas coisas.

Durante toda essa semana Jack inventou algo para fazermos juntos, e naquele dia, ele havia inventado de fazermos pizza.

— Você já escolheu o sabor?— Jack perguntou me fazendo enfiar a fatia de queijo toda na boca.

Eu me engasguei enquanto tentava engolir o queijo e a uma tosse seca escapou dos meus lábios. Jack me entregou um copo de água e eu bebi rapidamente. Um pouco de água escorreu pelos cantos dos meus lábios e eu os sequei rapidamente.

— É...hum...— comecei secando com a ponta do indicador os cantos dos meus olhos. — Bem, na verdade não, achei que pudéssemos por um pouco de cada.

Eu empurrei o copo para o centro do balcão e olhei para Jack.

Seus olhos verdes estavam me avaliando atentamente. Eu me mexi desconfortável no meu acento. Nada de bom vinha do Jack quando ele me observa desta maneira, era como um dos momentos onde ele colocava na cabeça que eu estava pensando ou planejando algo que ia contrário ao que ele desejava.

Eu passei a mão nos meus cabelos para tirá-los do rosto. Minha perna direita balançava com o nervosismo e minhas unhas batiam ritmicamente sobre o balcão. Eu queria levantar e sair dali, mas sabia que se esse fosse um dos momentos bizarros de Jack, eu não iria muito longe.

— Podíamos colocar bacon, né?— perguntei com uma risada nervosa.

— No que estava pensando? — perguntou ignorando o que eu disse.

— Hã? — perguntei me mexendo na cadeira. — O que quer dizer? Você não gosta de bacon? — me fiz de desentendida.

— Eu não sou idiota, me animalzinho, você é?

Eu engoli em seco e respirei fundo tentando acalmar meu coração e controlar meu nervosismo.

— Não — respondi olhando para todos os lugares, exceto o rosto de Jack.

Jack estava com o corpo voltado para o balcão, suas mãos estavam segurando as bordas do balcão, mas parecia que ele queria colocá-las em mim, e não era de um jeito bom.

— Então pare de agir como uma e responda o que eu perguntei.

Eu fechei os olhos e respirei fundo, quando os abri, olhei diretamente nos olhos de Jack.

— Em meu pai.— não era de fato uma mentira, portanto não vacilei quando contei a Jack— Meu pai costumava fazer pizzas aos domingos à noite e eu e minha mãe o assistíamos. — dei um sorriso triste a ele. — Isso me fez relembrar dos bons momentos.

Ele me olhou por mais alguns segundos, procurando por qualquer coisa que pudesse lhe dizer se eu estava mentindo ou não. Quando ele assentiu para mim e se voltou para a massa da pizza, eu relaxei consideravelmente na cadeira.  Eu sequei o suor das palmas da minha mão na minha calça jeans preta e me levantei. Eu não era capaz de ficar sentada, e de alguma forma, acreditava que poderia me defender melhor em pé.

— Por que está tão nervosa? — Quando Jack fazia esses tipos de pergunta, eu me perguntava qual era o problema dele.

— Não estou— sussurrei balançando a cabeça e pegando uma fatia de presunto.

Sequestrada por Jack, o assassino Onde histórias criam vida. Descubra agora