— Quem é Joana? — a pergunta sai dos meus lábios antes que eu consiga segurar.Eu havia lido esse nome no livro assim que o encontrei. Eu havia jogado o livro aos pés da cama e ele havia se aberto em uma página onde estava escrito duas frases “Eu não faço ideia de quanto tempo estou aqui, mas já tem um tempo...” e “Eu estou com medo, Joana, fiz algo errado... acho que vou morrer...”.
Diferente das outras garotas que haviam relatado seus pensamentos um atrás do outro, essa não o fez. Suas duas frases estavam quase no final do livro e ela não se identificava, não havia nenhuma outra escrita dela, e nem mesmo da Joana. Eu folheei o livro inteiro e não encontrei nada sobre Joana e nenhum outro registro sobre a tal garota que havia escrito, eu a nomeei como a Sexta. A escrita da Sexta eram grandes garranchos em comparação a todos as outras garotas, não havia nenhuma delicadeza e pareciam corridas.
O ar frio que bate nas minhas costas me faz voltar para o presente. Eu estava na cozinha, sentada no banco com o corpo inclinado na direção do Jack que estava desempacotando as compras, Jack no momento tinha uma lata de massa de tomate suspensa no ar — metade da lata ainda dentro da sacola e a outra metade fora — e o rosto virado para mim. Os olhos verdes pareciam confusos enquanto me olhava.
— Por que a pergunta? — rebate deixando a massa de tomate no balcão e se vira para mim.
— Eu não sei... Isso só me veio a mente...— Quem vai acreditar nisso? Me questiono como se fosse uma idiota. Preciso pensar em algo melhor, muito melhor. — É...bem...Na verdade... é...— gaguejo incapaz de concluir um pensamento concreto e coerente.
— Na verdade? — Jack incita estreitando os olhos para mim.
Eu limpo a garganta e me sento mais ereta enquanto o olho nos olhos.
— É bem bobo na verdade, mas dizem que as mulheres são sensitivas e por acaso eu sonhei com uma mulher vestida com o vestido que usei ontem e...e ela se apresenta como Joana, mas sei lá né, sabe como os sonhos são... estranhos. — termino revirando os olhos como se o que eu tivesse acabado de dizer fosse a coisa mais idiota que eu disse. Eu coloco uma mexa do meu cabelo — que nem mesmo sequer estava solta — atrás da orelha fingindo estar envergonhada com o que acabei de dizer.
Eu me preparo para as explosões de Jack, me preparo para ouvi-lo perguntar se eu achava que ele era idiota para cair em uma mentira estúpida dessa, mas ele não faz nada além de dar de ombros e voltar a tirar as compras da sacola.
— Você conhece? — pergunto em um sussurro.
— Não. — responde me olhando. Eu o olho cética. Ele apoia o quadril na bancada para focar sua atenção totalmente em mim. — Eu não mentiria para você, sabe disso, certo?
Concordo com a cabeça.
— É claro, não teria nenhum motivo para fazê-lo, não é como se eu pudesse contar para alguém, não é mesmo?
Ele não responde, fica apenas me olhando. Eu não sei se acredito, mas seus olhos parecem sinceros e ele não teve nenhuma explosão de raiva como normalmente tem quando eu descubro algo que não devia.
Meu corpo relaxa quando se dá conta que não existe nenhuma ameaça iminente.
Jack se aproxima e separa meus joelhos com uma de suas coxas para se encaixar. Com dois dedos ele contorna meus lábios lentamente. Eu olho para baixo e desvio os olhos para o fogão me forçando a controlar minha respiração. Jack coloca três dedos debaixo do meu queixo e força minha cabeça para cima.
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Sequestrada por Jack, o assassino
Misterio / SuspensoEu me chamo Hanna Cooper e fui sequestrada aos 21 anos. Eu tinha uma vida perfeita, frequentava as festas mais badaladas da cidade e vivia dentro dos mais poderosos círculos da elite de Nova Orleans, mas tudo isso me foi tirado em uma perfeita noit...