capítulo 36

1.5K 118 28
                                    


Com nove anos de idade, as crianças eram, agitadas, engraçadas, brincalhonas, curiosas e muito, muito chatas, mas esse não era o caso de Jack. Jack  não era engraçado, nem agitado, tão pouco curioso. Ele raramente contestava alguma coisa, e também não se enchia de alegria com coisas que faria as outras crianças sorrirem, ele também não era chato como as outras crianças, simplesmente não se importava com nada, mas Melissandra não poderia dizer que ele não era inteligente, pois era, muito mais que uma criança de nove anos. Melissandra tornara-se babá de Jack desde que o mesmo tinha apenas um ano de idade, e ela vira em primeira mão a alegria do menino, como também sua curiosidade. Melissandra também viu tudo isso se apagando, primeiro com a morte de seus pais, depois quando ele passou a ser criado por sua tia Jenna e Matt.

Com apenas nove anos, Jack já havia quebrado pelo menos duas vezes as duas pernas, os dois braços e algumas costelas. Alguns diriam que Jack era uma criança muito arteira, mas ela sabia que as coisas não funcionavam desta maneira. Ela sabia quem era que praticava tamanha crueldade contra o garoto, mas não era como se ela pudesse denunciar seus tios.

Quem iria acreditar nela? Seria a palavra de uma garota pobre contra a dos tios perfeitos e exemplares frente a vizinhança. Era melhor não se envolver nisso, sem contar que isso seria sua demissão. Ela acreditava que o melhor a se fazer, era ficar quieta e assim poder cuidar de Jack.

Melissandra caminhou em passos rápidos em direção ao jardim que Jack havia passado correndo, se escondendo, provavelmente, ele fazia muito disso. Enquanto se aproximava da cerca viva de arbustos que formava a parede debum labirinto pequeno, um cheiro podre começou a invadir suas vias nasais provocando uma queimação em seu estômago, ela teve vontade de vomitar, mas ela continuou mesmo assim, precisava saber que cheiro era esse e tirar Jack de lá.

— Jack! Jack! Apareça! — gritou para que o garoto saísse de onde quer que estivesse naquele mini labirinto.

Melissandra não obteve respostas, portanto adentrou o labirinto.

Direita, esquerda, esquerda, direita, direita e enfim bem no centro.

— Oh meu Deus, que cheiro horrível!—guinchou apertando o nariz entre o dedo indicador e o polegar.

Ela olhou em volta atrás do que poderia ser este cheiro e foi quando viu... Seu estômago se contraiu em náuseas e ela só teve tempo de se abaixar para desejar todo o seu almoço.

— Você não parece bem — a voz de Jack chegou em seus ouvidos.

Melissandra tossiu e limpo a boca nas costas da mão enquanto voltava seus olhos para ele.

— O cheiro... É horrível!

— Existe piores.

Ela olhou a coisa mais de perto, o rosto contorcido em uma careta de nojo.

— Você fez isso? Por quê? — perguntou quando percebeu as linhas envolta das patas do roedor.

— Sim — ele ficou em silêncio observando o rosto de sua babá muda para horror diante de sua afirmação — É para que eles fique longe da casa, resolvi fazer deste um exemplo.

— O quê? — entoou incrédula diante as coisas que ouviu sair da boca do garoto.

— Tia Jenna disse que se outro rato aparecesse na casa, me faria come-lo — ele passou a mão nos cabelos para que os mesmos parassem de ocultar sua visão.— Você já comeu um rato? — perguntou quando tudo o que Melissandra fazia era encará-lo.

Ela negou com a cabeça e se aproximou dele.

— Jack, sua tia nunca faria isso, é só modo de dizer. — tentou explicar para ele, mas o mesmo a olhou como se ela fosse uma idiota e uma mentirosa.

— Você disse isso da última vez, mas você estava errada.

Melissandra fechou os olhos lentamente quando a lembrança de Jack lhe perguntando o que ele tinha que fazer para as baratas não aparecerem mais em sua casa, veio em sua mente.

Ela dito que ele devia deixar isso para os adultos.

Eu não posso, jack havia respondido, tia Jenna quer que eu me livre delas, ela disse que se outra aparecer, vai me fazer come-las; Melissandra havia rido dele novamente, e explicado que sua tia não faria tal coisa e que era apenas um modo de falar.

Diga-me que isso não é verdade — implorou para ele, mas Jack não fez isso, ele apenas a encarou e lhe deu um de seus sorrisos estranhos. — Sinto muito.

Mas sentir muito não mudaria as coisas e ambos sabiam disso.

Sequestrada por Jack, o assassino Onde histórias criam vida. Descubra agora