CAPÍTULO 23

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Na verdade, eu já sabia perfeitamente o motivo, eu só não queria tocar no assunto pra ele não ter motivos pra brigar, desde que chegamos em São Paulo nós não tivemos um momento de paz. Vamos o caminho inteiro em silêncio e isso vai cada vez me incomodando mais, chego em casa, desço do carro toda apreensiva e caminho pro elevador. Solicito, espero, entro, aperto o andar e o elevador sobe. Encaro ele pelo espelho, ele desbloqueia o celular e fica vidrado na tela com a cara fechada. Descemos do elevador, entramos em casa e eu coloco meu sapato num cantinho, enquanto ele tira o paletó e para na minha frente com as duas mãos na cintura. Me coloco de pé e encaro ele engolindo o seco, já sabendo o quanto ele reclamaria-
MURILO: Agora que já estamos em casa eu posso falar no tom que eu quiser com você!- Fala sério e brutalmente, meu corpo congela e eu fico estática, apenas escutando o que ele tem pra falar- Me diz o motivo pelo qual você estava com aquela cara fechada no início do evento? Caralho, Catarina eu te dou um teto, roupas boas, sapatos bons, comida e é assim que você me retribui? O mínimo que você deveria me ofertar é um sorriso no rosto e nem isso você consegue me dar!
CATARINA: Me desculpa...- Falo engolindo o seco e bem mais baixo que o tom que ele estava falando comigo, concordando com tudo que ele estava dizendo. Murilo não tinha obrigação nem uma de me dar tudo o que me dava, mas mesmo assim eu não era capaz de dar nem um" muito obrigada" pra ele. Me sinto envergonhada, essa não era a Catarina que meus pais se orgulhavam e isso me dava ainda mais culpa nisso tudo.

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