— Oi pai, oi mãe.
Digo para os dois túmulos em minha frente, com dizeres bonitos sobre serem pais amados.
Estou ajoelhada na grama com o envelope do laboratório em minha mão, cujo qual ainda não abri. O resultado chegou rápido demais, acho que o dinheiro tem esse poder.
Eu precisava de um momento com meus pais, desabafar toda essa coisa me deixando cheia de raiva nas últimas semanas.
— Não sei se vocês quiseram acreditar que Jerome era totalmente nosso, ou se decidiram ignorar e seguir em frente. — Digo encarando as lápides, como se eles estivessem ali, decido olhar para a da minha mãe apenas. — Segundo a tia, ele te perdoou por ter tido um caso, ele realmente te amava. Se vocês se encontraram em algum lugar aí com certeza sabe disso. Mas eu só quero dizer, que não sou ele e não estou pronta para te perdoar ainda, independente do que está escrito aqui.
Meus olhos ardem e me sinto meio ridícula por conversar sozinha, mas é o único jeito de talvez me sentir bem.
— Eu era uma criança e você estava tendo uma vida amorosa fora da nossa casa, sem mim e o papai. Você não se arrependia quando me olhava? Não pensava pelo menos em ser honesta? Porque enquanto mentia para nós e estava com ele, me dava lições sobre ser uma garota forte e boa. E, quando cresci, eu tinha que me esconder para ficar com meu namorado, porque as pessoas podiam não me dar valor. Onde estava sua preocupação com isso quando foi com você? Eu sinto tanto mãe porque agora acho que você estava sendo hipócrita. Mas sinto ainda mais por não conseguir mais acreditar na nossa vida, não consigo deixar de pensar se era feliz com a gente, se nos anos seguintes estava arrependida e odiava sua vida. O que mais dói é que nunca vou saber quanto da nossa vida em família era uma mentira.
As lágrimas já estão descendo por meu rosto a essa altura.
— Mãe eu só quero dizer que não te odeio, mas talvez eu precise de um tempo para fazer as pazes com você. — Digo e dou um leve dar de ombros para ninguém e então começo a abrir o envelope. — Eu só precisava confirmar, aqui com vocês.
Eu leio com calma o papel que tiro do envelope, para não correr o risco de concluir nada errado. Provavelmente, Adam já leu o resultado que ele pegou, e talvez já tenha até contado a Josh que está parado na frente do cemitério dentro da caminhonete.
Leio uma segunda vez com calma, antes de suspirar e limpo minhas lágrimas com as costas de minha mão.
— Pai eu quero que saiba que sempre que você pode você foi o melhor pai do mundo, para mim e o Jerome, e ele saberá disso, se lembrará, o amará, mas ele tem outro pai agora também. — Cubro minha boca tentando não chorar mais. — Eu vou contar isso a ele, e quero que ele ame o outro pai, quero que ele tenha mais amor. Espero que entenda. Eu amo você.
Não consigo repetir o mesmo para minha mãe, o que é triste e doloroso. Eu me levanto e olho as flores que deixei e então me viro, caminhando a passos lentos até deixar o cemitério. Josh está encostado na caminhonete.
— Você já sabe?
Ele assente e abre os braços para mim, para onde vou sem nem pensar duas vezes.
Minha vida virou uma loucura desde que conheci esse homem, eu sofri um acidente depois de fazer sexo com ele, eu perdi algumas memórias, eu o encontrei e me apaixonei em Duke, eu soube do caso dos nossos pais, eu descobri que compartilhamos um irmão. Mas ainda assim, por mais momentos tensos que tenhamos tido, eu não trocaria esses quase quatro meses por outros mais tranquilos.
— Meu irmão é seu irmão. — Murmuro contra a camisa dele enquanto ele me abraça. — Isso é tão estranho.
— Sim, mas pelo menos isso significa que se pensar em escapar de mim não vai ter como me ignorar para sempre. — Ele fala em um tom de brincadeira.
— Perseguidor. — Brinco de volta, mas logo volto a ficar séria. — Honestamente eu não faço ideia de como vamos contar a ele.
— Nós vamos todos pensar em uma maneira.
Nós todos. Eu tenho que me controlar em relação ao pai dele, e de Jerome. Tenho que conviver com ele pelo bem dos meus dois amores, mas no momento eu olho para Adam e só penso no que ele e minha mãe fizeram.
— Quer ir para casa? — Meu namorado pergunta entre beijinhos em meu rosto.
— Ainda não. Podemos ir a praia?
Ele assente quando me solta e me olha para em seguida abrir a porta da caminhonete para eu entrar.
Josh não me faz conversar no caminho, ele simplesmente dirigi em silêncio, esperando que eu o alcance quando estiver pronta para isso. E, se demorar, ele vai me alcançar. É isso que ele faz.
Sorrio o admirando. Ele não é como o pai dele, ou como a mãe, ele é Josh, é o homem que eu amo com todo meu coração.
— Vou ficar tímido se continuar a me olhar assim. — Ele nota meu olhar fixo sobre ele. — Eu fiz alguma coisa?
— Você apareceu na minha vida Beaumont. — Estico um braço tocando o cabelo dele enquanto ele para o carro. — Que praia é essa?
— Wrightsville.O carro desliga e quando saímos ele me oferece a mão e nos guia em direção a ponte de madeira mais a frente. Faz frio, ainda mais na ponte, onde a brisa do mar está cortando. Mas é tranquilizador.
Soltando minha mão Josh me abraça por trás e encosta seu rosto em meu ombro. Me sinto em um filme clichê de garota pobre e cara rico em uma vida feliz, e eu nunca sonhei com isso.
— Josh...
Eu paro e o abraço dele cede um pouco, como preocupado pelo silêncio.
— Hm?
— Acho que estou pronta para saber, eu quero que me conte sobre a noite do seu baile de formatura. — Estou cem por cento segura sobre isso, nada disso vai me deixar confusa.
Seja lá o que aconteceu ou como acabei com Josh, sei que estou exatamente onde quero e devo estar.
— Bom, nós devíamos nos sentar para eu te contar tudo.
Assinto para ele e me soltando ele se senta na beira da ponte, pernas para fora, repito o que ele faz me sentando ao seu lado e coloco a mão sobre a dele.
— Então Beaumont, como foi que vi meu ex me traindo e terminei a noite com você? Construa memórias para mim.
Ele sorri e então a história esta lá, toda aquela noite resumida as palavras dele.
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Conhecendo você (Astros de Duke #3)
RomanceKrista Guzman todos os dias precisa provar algo para si mesma, que ela é capaz de qualquer coisa, principalmente agora que está sozinha na Universidade de Duke, como sempre sonhou. É claro que no seu sonho seus pais estariam vivos, cuidando do seu i...