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KRISTA

Eu consegui ligar para Barry no final de semana e o xingar de todos os nomes possíveis. Consegui dizer a ele que ele foi horrível. Ele não só me traiu como se aproveitou que perdi a memória em relação aquele dia para fingir que não e continuar comigo antes de me dispensar porque a faculdade era legal demais para estar lá namorando.

Eu disse tudo e então desliguei. Não queria dar tempo de ele dar desculpas.

Como eu pude ser tão burra? Eu jurei que aquele traidor era meu amigo e que tinha sido um namorado muito bom.

Quando na verdade ele era bom em colocar o pênis dele em outras vaginas pela escola. Sim, no plural. Porque eu tenho essa intuição que talvez não foi a única vez.

— Você está nos dando medo. — Lili fala e aponta a garrafa de suco em minha mão, sendo amassada. — Mas é isso aí, coloque o ódio para fora.

É uma segunda feira. Oito dias depois do dia da descoberta, meu primeiro dia de volta a Durham. Estou contando a Lili e Rae a história toda.

Passei na escola de dança antes, por incrível que pareça não perdi meu emprego, o que me deixa meio culpada por dizer que estava cuidando da minha tia doente.

— Eu chorava por ser uma namorada ruim, que dava muita coisa para ele lidar. Eu me culpava por termos parado de transar quando minha mãe morreu porque eu estava abalada demais. — Coloco a garrafa na mesinha. — Ele dizia que estava tudo bem, e é claro que estava, ele devia estar transando muito com outras.

Fiquei controlada em casa. Eu não queria surtar na frente de Jerome, mas agora aqui eu posso despejar tudo.

— Eu nunca entendo porque eles não podem ser apenas honestos. — Rae opina.

— Isso.

Me levanto do sofá e começo a andar pela sala, parecendo um pouco idiota e atordoada. Mas é que ainda não consigo acreditar nisso.

— Você sabe o que? Eu poderia perdoar ele por me trair, talvez a gente terminaria, mas eu não o odiaria. — Falo com sinceridade. — Eu sempre fui muito fácil de perdoar.

— É a outra coisa que te incomoda mais. — É Lili quem concluiu.

Eu assinto em concordância e me controlo para lágrimas não caírem de meus olhos.

— Ele... eles me enganaram, acharam que podiam manipular as informações a me dar. Um deles porque queria livrar a cara dele e o outro provavelmente porque, sei lá, não era importante, eu fui só o sexo de formatura.

Droga, eu estou tão irritada com ele.

Josh continua mandando mensagens para mim e eu continuo as ignorando. Eu ainda não estou pronta, não para falar com ele.

— Ele te ama Krista. — Lili fala baixinho, de um jeito meio não como ela. — Deus me livre defender um homem, principalmente depois que um dessa espécie me deu essa coisinha na testa, mas ele te ama. É notável. Não seria bom conversarem?

Respiro fundo.

Não quero isso agora. Eu não quero elas bancando as advogadas do diabo, elas precisam me dar razão.

Reservo um olhar para a testa de Lili onde há dezesseis dias um cara acidentalmente acertou uma garrafa. Foram belos quatro pontos e um galo majestoso. Pelo menos agora o corte está fechado e menos feio, exceto pela cicatriz que pode demorar meses para sumir.

— A testa está bem melhor do que quando viajei. — Comento me permitindo respirar antes de surtar de novo.

Lili leva a mão a testa verificando com seus dedos.

— Acho que sim.

— Contou aos seus pais?

Ela move o rosto de um lado para o outro negando. Não entendo qual o problema dela com os pais, na verdade eu não entendo nada de problemas com os pais.

Meus pais sempre foram bons e eu sempre os obedeci, quase sempre. Nas vezes que não fiz ou nunca fui descoberta ou eles foram compreensivos.

Eles eram bons em tudo. Nossa casa nunca teve brigas, nem entre eles.

Quando meu pai perdeu o emprego uma vez ele teve seu primeiro problema com o álcool, durou meses. Mas mamãe nunca gritou. E logo ela estava grávida e ele mudou por Jeremy.

Depois teve o segundo problema com o álcool, quando mamãe morreu. Ele não ficou agressivo ou um pai ruim, ele só estava triste. Ele provavelmente estava bêbado quando a casa pegou fogo.

— Ok. Ela viajou para longe. Cansou do assunto?

Olho para Lili e nego. Eu ainda quero o assunto.

— Acho que você pensava que Joshua era a prova de erros, mas nenhum homem é. — Rae opina. — Eu sei que um dia vão comprovar cientificamente que homens nascem defeituosos em suas capacidades de pensar.

A ouvindo você poderia dizer que essa garota tem horror a homens, mas eu juro que ela ama a espécie de ser humano do sexo masculino.

— Sabe ele só não podia ter escondido. É minha vida. — Estou sentindo meu corpo relaxar. Indo de raiva para tristeza, frustração. — O que acontece se um relacionamento começou com um lado não sendo honesto?

Eu me jogo no sofá, me sentando dramaticamente e suspiro.

— Droga, eu amo ele. Eu odeio ele ter mentido, detesto as pessoas ricas chatas do mundo real dele, eu odeio que tenho certeza que a mãe dele não quis ser apresentada a mim. — Desabafo. — Mas eu amo Josh e é muito triste para mim amar tanto ele e não querer estar perto dele por estar tão magoada.

Lili e Rae se sentam comigo, cada uma de um lado, ambas mexendo em meu cabelo.

— Acho que precisa se dar tempo, para essa mágoa passar e depois ver o que vai fazer. Se quer conversar.

— Mas se isso tiver te magoado de forma que não tem perdão não precisa se sentir pressionada. — Lili intervém. — Só você sabe o quanto algo feriu você.

Assinto devagar e deixo o assunto se esvair. Elas não tem obrigação de me escutarem lamentar por horas.

— Vou tomar um banho e ir para a academia de dança.

Me levanto puxando minha mala comigo em direção ao meu quarto. Uma vez que estou nele saio das minhas roupas me enfiando em um roupão para ir ao banheiro.

Antes disso porém pego o celular e leio as mensagens de Josh nos últimos oito dias. Vários pedidos de desculpas, pedidos para conversarmos.

Passo o dedo sobre a tela, resistindo, pensando no que devo fazer agora. Eu não estou pronta, estou?

Deixo meus dedos irem.

Estou de volta a Durham. Não me procure, por favor. Te mando mensagem quando pudermos conversar.

É isso. Sei que ele vai respeitar.

Deixo o celular e sigo para o banho com meus pensamentos em Josh quando já estou debaixo da água.

O sorriso de Josh, os cabelos arrumados perfeitamente, o abraço forte, o jeito dele gostar de me conhecer e conhecer minha vida.

Mas também o Josh que me escondeu memórias. É até difícil dizer se estou com mais raiva por ele ter escondido ou por achar que ele roubou minhas memórias, as tendo enquanto eu nunca poderei.

Conhecendo você (Astros de Duke #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora