Capítulo sem título 26

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A vida de cada um

Durante mais ou menos dez anos Telma não teve notícias de Silas. E Silas também sequer ouviu falar de Telma, apesar de sempre passar em frente à casa dela tentando vê-la.

Sila conseguiu muito sucesso no seu trabalho, viajando e trabalhando por várias cidades do interior do estado. Ganhou vários prêmios e viagens da empresa. Mas sempre com uma lembrança, Telma a musa de sua vida. Com sua esposa teve dois filhos, Carlos e Sergio. Carlos veio para cidade natal de Silas, para estudar e morava com sua avó. Silas vinha toda final semana para a casa da mãe. Tentava encontrar Telma, mas sem conseguir.

Telma levou sua vida entre um emprego e outro e um casamento de fachada, sem amor, talvez só porque a idade vinha chegando. Desse casamento com Moacir, teve uma filha, chamando-a de Jamile. A separação ocorreu ao final do segundo ano, porque ela descobriu que seu coração tinha outro dono, que talvez nunca mais visse. Aquele seu chefe, que ela tanto desprezou. Ele era o seu grande amor. Isso ela descobriu depois que se casou, porque seu pensamento nunca estava em Moacir, mas em Silas. Até mesmo no relacionamento mais íntimo, por vezes ela chamou Moacir de Silas. Isso irritava Moacir até o ponto de pedir a separação. Com a separação ficou sem chão, pensando como cuidaria da filha. Agora só restava sonhar e viver a sua vida, cuidar da filha, talvez arrumar alguém para ajudá-la nessa missão, enganando essa pessoa que ela o amava. Ela precisava alguém para se estabilizar. Conheceu Dirceu, um senhor de cinquenta anos, viúvo, aposentado. Ele tinha dois filhos, mas os filhos não davam muita atenção ao pai.

- Quero me casar com você, Telma. Dizia Dirceu sempre.

- Nós vamos, mas primeiro precisamos saber, o que Jamile pensa disso. Falava Telma.

- Eu gosto dela, aceito ela como filha. Falava Dirceu.

- Calma, preciso saber a opinião dela. Dizia Telma.

Então com o tempo tudo foi se esclarecendo, Jamile, concordou com mãe e Telma se casou novamente.

Dirceu era um anjo para ela e a sua filha, parecia que agora ela tinha acertado a sua vida.

Mas com o tempo, Dirceu começou a colocar as maguinhas de fora e revelar sua segunda personalidade. Além de mulherengo, alcoólatra, violento, passou a bater nela. Esse comportamento gerou vários "BO" e a vida de Telma passou a ser insuportável.

Então novamente sem um chão firme ela decidiu se separar de Dirceu e voltar a morar com sua mãe.

Nesse tempo passou a ser perseguida por Dirceu que não aceitava a separação.

Mais desconfortos e preocupações com ela mesma e com a filha, vários "Bo" de importunação e sua vida se tornou um tormento.

Esse transtorno durou dois anos, até que Dirceu sofreu um acidente de carro, ficando sem movimentos numa cadeira de rodas.

Telma sempre que podia visitava Dirceu e ficava várias horas consolando o ex-marido, apesar de Dirceu tratá-la com muita indelicadeza.

Só com a filha, morando na casa da mãe, Telma seguia sua vida, agora empregada na secretaria de uma escola. Ela prestou concurso e conseguiu um emprego mais estável. Em uma escola onde conheceu Antônio, que se enamorou de Telma, iniciando um namoro. Nesse tempo Telma perde sua mãe, passando a viver sozinha com sua filha. Antônio já com algum tempo de namoro, convence Telma e vai morar com ela. Não muito tempo, alguns meses apenas Telma recebe um telefonema que a deixa sem chão novamente.

- Alô, tudo bem, com quem eu falo? Diz a voz do outro lado.

- Telma, com quem você queria falar? Pergunta Telma.

- Com Antônio, ele está. Responde a voz.

- Não, não está, quem é você? pergunta Telma.

- Sou a esposa de Antônio, e você quem é? Pergunta a voz

- Esposa, mas ele não me disse que tinha esposa. Diz Telma.

- Não, quem é você, a dona da pensão? Pergunta a voz do outro lado.

- Que pensão, minha senhora, sou mulher dele. Responde Telma.

- Mulher, mas que safado, disse que morava em uma pensão, preciso falar com ele, esse cafajeste, vai me pagar. Fala a voz do outro lado do telefone.

- De onde a senhora fala, minha senhora? Pergunta Telma.

- De Marilia. Sou esposa dele e ele tem dois filhos aqui comigo. Fala a voz ao telefone.

- Como é o nome da senhora? Pergunta Telma

- Meu nome é Tereza, acho que vou até aí pra resolver isso, esse safado, tá brincando. Fala Tereza.

- É, é bom mesmo a senhora vir aqui. Fala Telma fulminando de ódio e já pensando

o que faria a Antônio.

- Vou mesmo, e vai ser amanhã mesmo. Fala a voz no telefone.

- Vem mesmo. Termina Telma, desligando o telefone.

Ao desligar o telefone, Telma pega as roupas e pertences de Antônio, coloca em um saco e deixa perto do portão. Quando ele chega, não tem tempo nem de entrar na casa.

- Aqui está suas traias, some de minha frente, não quero nem ver sua mulher que disse que vai aqui. Fala Telma com ódio nos olhos e sentindo grande magoa no coração.

- Que mulher, o que está acontecendo, gagueja Antônio, tentando explicar.

- Eu estou separado dela, Telma. Tenta se explicar Antônio.

- Fala para ela, a hora que ela chegar. Diz Telma fechando o portão na cara de Antônio.

Não teve tempo para explicações. Com vergonha dos vizinhos que já se aglomerava na rua, Antônio pegou o seu saco e roupas e pertences, colocou no carro e partiu. Os vizinhos foram à casa de Telma para consolá-la. Telma nunca mais ouviu falar de Antônio.

Novamente Telma passou a viver só para cuidar da filha. Vendeu a casa de sua mãe e comprou uma nova casa em outro bairro, para não recordar o passado recente daquela casa, todos os dias.

Num descuido da sua mente, ela pensou com seus botões," onde será que está o Silas.

Eu deveria ter investido mais naquele amor". Telma adormeceu no sofá cansado pelo dia vivido.

MINHA VIDA É VOCÊWhere stories live. Discover now