Dragão de Prata (HIATUS)

XXXVII. A astúcia de uma velha raposa

Cr.: 一指风雷- (Weibo)

Sheng Zi era uma criatura extremamente sensível. Costumava atribuir tal sensibilidade ao seu caminho de cultivo, que era baseado em conhecer e manipular o ambiente ao seu redor. Portanto, seu corpo adaptou-se a isso e mecanicamente, ficava alerta em tempo completo. Era algo bom se estivesse em ambientes hostis, pois facilitaria a detecção de possíveis perigos, todavia, podia ser um empecilho em outras situações. Um bom exemplo disso era a sensação estranha que estava sentindo naquele momento: um arrepio gélido de terror que percorria sua coluna vertebral de cima a baixo e voltava, num looping.

Era uma manhã como todas as outras, estava ajudando Da ZiCheng, um dos membros da Associação, a criar um reagente para uma de suas poções, quando o primeiro arrepio surgiu como uma corrente elétrica eriçando cada fio de seu corpo.

Um mal pressentimento?

Sensações como essa surgiam às vezes, seu corpo sentia alterações anímicas no ambiente físico e acabava reagindo, fosse por algo estúpido como ao mal humor de Chen ZhanYe ou coisas sérias, como os estados de coma que Jiang Lu vinha enfrentando. Imediatamente, temeu pelo bem estar de seu mestre.

O cultivo de Jiang Lu era difícil. O rapaz se dedicava bastante a estudar e praticar, todavia, sempre que se ausentava para meditar e cultivar, após uma longa de sessão de absorção e purificação de qi, seu corpo colapsava e entrava em coma. A última vez aconteceu pouco antes de Li Xiao desaparecer, ele já estava inconsciente quando aconteceu e permaneceu assim até três meses mais tarde, quando acordou de repente gritando que precisava comer alguma coisa. Naquele estágio de cultivo, seu corpo poderia alimentar a si mesmo por um longo tempo sem prejuízos, ainda assim, ele jamais abriu mão de comer três vezes por dia.

O resultado estava na massa extra nas coxas, braços, bumbum e cintura.

Mesmo Lu sendo uma pessoa curiosa e tranquila na maior parte do tempo, Sheng Zi não deixava de se preocupar. Nos últimos anos, desde que o trouxe de volta, apenas ele tinha experimentado as fortes crises que o jovem enfrentava sempre que a memória do abuso retornava. O contrato estabelecido entre eles era frágil, então estava sempre ao seu redor pronto para consolá-lo nos momentos em que o menino só reconhecia a dor. Jiang Lu era orgulhoso e se recusava a mostrar fraqueza perto de outras pessoas, principalmente se fosse Li Xiao ou Chen ZhanYe. Permitia-se ser ele mesmo apenas diante da besta mágica e passava noites em claro chorando no peito do ruivo, soluçando como uma criança; prendia-se no banheiro e se esfregava por horas porque “estava sujo”, até sangrar ou até Sheng tirá-lo da banheira; balbuciava palavras estranhas e xingava a si mesmo; às vezes, apenas sentava no escuro e encarava o vazio por horas a fio. Completamente sozinho com os pensamentos.