Aula de Mitologia

84 5 0
                                    

Notas iniciais do capítulo

"A vida é uma escola, é uma pena que as melhores lições venham nas últimas aulas" - Desconhecido.

Abro os meus olhos e vejo um dos meus colegas de quarto ainda adormecido na cama em frente, Don. Aos poucos, vou recobrando a consciência. Como quase todos os dias, provavelmente eu tenha tido algum sonho, mas nunca me lembro deles. Sento na cama e observo o lugar ainda coçando um pouco os olhos. Pego o celular embaixo do travesseiro, que me mostra que acordei cinco minutos antes do despertador tocar. Olho em volta para o ambiente familiar do quarto: paredes brancas, algumas prateleiras com livros bagunçados nelas. O piso de cerâmica branca, com a cama de Don em frente à minha e a de Chang um pouco mais à esquerda. Ao lado da minha cama está o guarda-roupas, dividido em compartimentos e gavetas entre nós três. À direita da cama de Don há duas portas, a mais a direita leva ao banheiro e a outra ao corredor do dormitório. Levanto, pego uma toalha e roupas limpas no guarda-roupa e me direciono ao banheiro para “acordar” com um banho.

Termino o banho, saio ainda penteando o cabelo meio bagunçado com as mãos. Pego meu material de aula em cima de uma das prateleiras da parede começo a caminhar para fora do quarto, deixando Don dormindo e Chang, que provavelmente já deve estar em sua aula. Nós três somos de cursos diferentes, pois o sistema da faculdade é colocar sempre alunos de cursos diferentes em dormitórios, a fim de promover uma maior integração de conhecimentos. Don o curso de Tecnologia da Informação e Chang de História da Ciência. Aqui nós fazemos o nosso próprio horário e no caso, eu tenho aula às 8h. Minha primeira aula de hoje é no departamento de História Antiga, aula de Mitologia e Lendas, uma matéria opcional do meu curso. Sou um aspirante a historiador muito interessado nessa área de mitologia antiga, o que sempre me faz buscar mais evidências sobre tais coisas porque sempre penso na existência de alguma relação sobrenatural com o mundo material em que vivemos. Semestre passado, cursei uma disciplina chamada Mitologia Antiga, também opcional ao meu curso. Ouvi muitas histórias e inclusive, saí para investigar a veracidade delas. Busquei em livros, em apostilas, bibliotecas antigas e até mesmo visitei lugares monumentais e abandonados, passei noites em cidades fantasmas e prédios abandonados... Nada. Nunca encontrei evidência alguma da veracidade de algum dos mitos que ouvi falar nas minhas aulas, o que me causou um pouco de decepção com o curso e com essa área da história. Mas, esse semestre eu decidi dar uma última chance. Me matriculei nessa disciplina como um último suspiro por essas áreas e, mesmo esperando me decepcionar novamente, ainda tenho alguma esperança de que encontrarei alguma coisa que faça sentido, que me mostre alguma conexão desse mundo com outro, com outra realidade. Anseio por evidências.

Paro em frente a uma barraca no pátio central. Tenho quinze minutos para comer alguma coisa e chegar à aula. Olho para Filtch, o conhecido vendedor que sempre compro café e peço um cappuccino expresso. Puxo a carteira do bolso de dou uma nota de cinco dólares para ele. Ele prepara e me entrega rapidamente. Ainda tenho dez minutos, então corro com o copo na mão até o estacionamento, entrando no meu carro e fazendo o conhecido ritual: tranco as portas, fecho as janelas e ligo o rádio e o ar condicionado e começo a cantarolar junto com o vocalista de Owl City, minha banda favorita. Dou a partida e entro na via central da universidade. Dirijo rapidamente e chego ao departamento de História Antiga em cinco minutos, estaciono o carro em uma rua adjacente ao local. A aula fica na sala b5. Tiro a tampa do copo e vou correndo com o material em uma mão e o copo em outra, tomando um ou outro gole de café. Chego em frente ao departamento e vejo uma moça loira parada diante do mapa do departamento. Ela é menor que eu, tem a pele um pouco morena, mas é estranhamente loira. Ela se vira para trás ao perceber minha aproximação. Reconheço seus olhos castanhos, ela é Anette, minha colega de turma.

–Matthew!

Olho para ela ficando um pouco mais aliviado por não ser o único a chegar atrasado na primeira aula.

Silent Hill: O ArtefatoOnde histórias criam vida. Descubra agora