Notas iniciais do capítulo
"Por fora, já desistiu. Por dentro, sempre descobre alguma desculpa para recomeçar." - Fabrício Carpinejar
Fecho a porta do banheiro e respiro fundo mais uma vez. Estou livre, livre de tudo. Mas... E quanto às outras pessoas? E quanto a Anette? Estou confuso. Acordar do nada em minha cama faz com que eu pense que tudo foi um sonho, e na verdade, é o que estou torcendo pra ser. Torcendo para encontrar Anette e Thompson na aula, torcer pra que tudo não tenha passado apenas de ilusões do meu cérebro. Estou com uma sensação horrível, mas independente do que tenha acontecido, eu não porei meus pés em Silent Hill por motivo algum, está definido. Vou até a porta e pego a mochila, estando cinco minutos depois de frente pro meu carro, estacionado na mesma vaga de sempre, o que reforça a ideia de tudo não ter passado de um sonho. Abro a porta com facilidade e então me lembro de que estou sem a chave.
–Droga!
Dou uma olhada por dentro e vejo que, estranhamente, a chave repousa encaixada à ignição. Talvez eu a tenha esquecido depois da aula de ontem... Mas o que aconteceu? Quantos dias se passaram? Olho então para o relógio no painel do carro, que marca estranhamente 88h e 88min. Meu coração acelera isso só pode ser brincadeira. Talvez esteja quebrado.
–Ok Matthew... Tudo foi um sonho. O relógio quebrou só isso.
Giro a chave sendo reconfortado pelo conhecido barulho do motor. Pressiono o botão do rádio, pronto pra ouvir minha música favorita de Owl City, porém não é o que sai dos fones. Um barulho muito estranho, como se fosse de metal sendo retorcido somado a um forte chiado saem quase rompendo meus tímpanos.
–Mas que PORCARIA É ESSA?!!
Giro o botão baixando o volume o máximo que posso e coloco na frequência das ondas de rádio. Tento sintonizar alguma coisa, girando o botão para esquerda ou direita. Então consigo captar alguma coisa:
– ... Matthew... sou eu... você... abandonou... aqui. Volte... venha me buscar... socorro...
Não poderia ser essa voz... Desligo o rádio no mesmo instante. Não, Mateus não existe, não... Ele era fruto dos meus sonhos e nada mais. Sem contar que... ELE ESTÁ MORTO! Isso, isso não faz sentido... Talvez Chang tenha razão e eu esteja ficando louco... Mas que Chang? Não, Chang não tem razão de nada! Eu nunca fui à Silent Hill, eu nunca tive nenhum momento com Chang lá! Respiro fundo, sabendo que preciso me controlar, que preciso fazer alguma coisa ou vou enlouquecer de vez, se é que já não estou louco.
–Okay Matt, você consegue!
Acelero o carro e entro na rua principal da universidade, seguindo em direção ao departamento onde vou assistir a minha próxima aula do dia... Aula de Mitologia e Lendas com o professor Thompson. O carro vai ganhando velocidade e vejo vários outros carros passando em ambos os sentidos. Alguns alunos correm pela calçada, calçada que começa a se deteriorar diante dos meus olhos. Tudo começa a escurecer como se o sol não existisse mais.
–Droga droga droga droga DROOOOOGAAAAAA!!!
O rádio começa a emitir o som de uma sirene e de repente todo o asfalto cai em alguma espécie de abismo, se transformando em grades enferrujadas e podres. Os outros carros somem do nada e meu nariz é invadido pelo cheiro podre, o cheiro do meu sonho. Meus olhos não conseguem acreditar no que estou vendo e a universidade se transforma em um inferno. Acelero o carro na tentativa de sair dali o mais rápido possível, mas em cada rua que eu entro, a situação é a mesma. O farol do carro ilumina uma forte névoa, que recobre toda a frente. Entro em uma rua aparentemente comprida e acelero o carro o máximo que posso. Então, como que se estivesse atravessando a rua, um garoto vestido de camisa verde e jeans se coloca bem no meio, como se quisesse ser atropelado pelo carro. Eu reconheceria aquele garoto em qualquer lugar, é Mateus.
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Silent Hill: O Artefato
TerrorEU achei que ERA apenas mais um aluno de história; EU achei que estava apenas buscando por mais uma LENDA; EU achei que não tinha nada a ver com o que estava acontecendo nessa CIDADE; EU achei que o SELO DE METATRON fosse apenas um artefato arqueoló...