Notas iniciais do capítulo
"Estar sozinho nunca me pareceu certo. Às vezes me senti bem, mas isso nunca me pareceu certo." - Charles Bukowski
–Corre Mateus!
Estamos correndo em meio a Nathan Avenue. Apareceram uns cachorros muito estranhos querendo nos atacar. Precisamos chegar ao Silent Hill Historical Society que segundo o mapa, há um lugar onde podemos pegar um barco para atravessar o lago. Esse lugar não me parece muito estranho. Segundo Mateus, sempre há dois ou três barcos a espera, pois ele já havia ido com o pai dele. De algum modo, também tenho a impressão de ter vindo aqui com meu pai quando viemos visitar minha tia, já faz alguns anos.
Continuamos correndo e os cachorros nos perseguindo. Eu tento puxar Mateus pela mão o máximo que posso. Era uns dois ou três, não vi direito por causa da névoa. Há uma espécie de alambrado e grade impedindo com que pulemos para a parte que não tem asfalto. A névoa a nossa frente nos impede de ver muita coisa. De repente, um borrado negro aparece em nossa frente, ficando mais nítido a medida em que nos aproximamos. Consigo ver então um prédio com algumas placas, segundo o mapa, aquele era o local. Olhamos para trás e vemos os cachorros em nossa direção um pouco mais lentos. Se a porta dessa coisa estiver fechada, então os cachorros nos pegam. Temos que dar a volta.
Procuro por algum buraco no alambrado e para a minha sorte, encontro um portão trancado, mas que impede apenas a entrada de carros. Pego o garoto ofegante e passo-o por cima do portão, pulando logo em seguida. Começamos a dar a volta até encontrarmos mais um alambrado e consequentemente subimos e conseguimos passar, deixando finalmente os cachorros para trás.
–Poxa, essa foi por pouco... – falo ainda ofegante – Se não fosse esse alambrado, estaríamos ferrados.
Mateus assente com a cabeça respirando golfadas de ar enevoado. Abro a minha mochila e tiro uma das barras de cereal, entregando a Mateus que come rapidamente como se não tivesse comido há dias. Dou também a garrafinha de suco, que ele faz desaparecer metade em poucos segundos. Olho em volta e vejo um pequeno cais com dois barcos com remos dentro. Era como ele havia dito. Estamos prestes a atravessar o lago e chegar do outro lado da cidade, tendo então uma possibilidade de sair daqui. Havia um poste aceso, acrescentando uma pequena claridade ao lugar dando a ele alguns tons místicos. Observo o lago, mas não vejo muita coisa por causa da névoa.
–Mateus... Como fazemos pra chegar ao lugar onde queremos?
–Olhe para ali!
O menino aponta em uma direção que aparente não tem nada, mas que ao perceber bem, vejo uma pequena luz tremeluzindo em meio à névoa.
–Ali fica o Hotel Lakeview. Mas antes temos que pegar uma coisa no meio do lago, numa pequena ilha.
–Tem uma ilha no meio do lago?
–Tem sim. Ela aparece mais quando o lago está um pouco vazio, mas tem uma ilha. Fica mesmo no meio do caminho.
–Certo... mas não me lembro de ter visto nada parecido quando vim a Silent...
Eu paro as minhas palavras. Nunca tive tanta certeza de que estive aqui, e agora falo involuntariamente. O que está acontecendo comigo? De repente, começo a ver flashes em minha cabeça.
[–Como assim pai? Vamos atravessar o lago sozinhos?
Meu pai sorri ao olhar pra mim. Estamos num cais e vejo o lago Toluca. O sol de verão ilumina a água formando uma paisagem muito linda. Mais a frente consigo ver bem distante uma construção, o hotel onde meus pais passaram sua lua de mel. O Lakeview hotel. As águas do lago estão calmas e tem mais uma fila de pessoas aguardando a nossa ida de barco para fazerem o mesmo depois.
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Silent Hill: O Artefato
HorrorEU achei que ERA apenas mais um aluno de história; EU achei que estava apenas buscando por mais uma LENDA; EU achei que não tinha nada a ver com o que estava acontecendo nessa CIDADE; EU achei que o SELO DE METATRON fosse apenas um artefato arqueoló...