Notas iniciais do capítulo
"Toda a discussão reduz-se a dar ao adversário a cor de um tolo ou a figura de um canalha." - Paul Valéry
Com o Selo na mão direita, toco na maçaneta com a outra mão. Sinto-me puxado pra dentro de alguma coisa e meu estômago revirar... De repente, o que parecia ser a luz do sol começa enfraquecer como se estivéssemos presenciando uma espécie de eclipse. Anette e Mateus olham pra mim como se eu tivesse culpa de alguma coisa. A porta ainda não se abre, mesmo com minhas tentativas constantes ao girar a maçaneta várias vezes. Toda a cidade começa a escurecer e vejo as paredes brancas do hotel se modificando em paredes negras e vermelhas pulsantes. Sinto Mateus e Anette se agarrarem as minhas mãos temendo por alguma coisa, tento não demonstrar medo, mas é difícil uma vez que já se sabe o que vai acontecer.
–Matt... O que está acontecendo?
–Sinceramente, Anette... Eu não sei!
Agora já está tudo escuro. Tiro a lanterna da mochila, soltando a mão de Mateus. O céu está negro, sem sinal nenhum de Lua ou estrelas. Anette tapa o nariz ao entrar em contato com o fétido cheiro de morte presente nessa realidade da cidade. Sinto o enxofre, a carne podre... Tudo entra no meu nariz revirando minha mente. Tento girar a maçaneta mais uma vez, agora da porta de metal enferrujado e para minha surpresa a porta se abre com facilidade. Olho pra Mateus me perguntando em como ele sabia sobre isso, mas ele dá de ombros. O garoto não parece mais estar com medo, mas demonstra certa segurança.
–Mateus, como você sabia disso?
O garoto fica em silêncio e decido não perguntar mais. Anette segura na minha mão e eu seguro a lanterna com a outra. Entramos.
Seguimos por um corredor escuro, pouco iluminado pela luz da lanterna. Um pouco mais a frente, vemos um espaço maior com a bifurcação do corredor, para a direita e esquerda com uma enorme escadaria que desce. O piso é feito das mesmas grades do hospital, revelando apenas um enorme abismo abaixo. As paredes, algumas feitas por grades e ouras tradicionalmente descascadas, enegrecidas e pulsantes. Nós nos entreolhamos, tentando decidir que rota pegar.
–Okay, vamos para... Hm...
–Espera, Matt... Havia um mapa bem na entrada.
Mateus pega a lanterna e corre até a porta de entrada. Eu fico observando o escuro ainda com a mão segurada pela de Anette. A garota parece tremer um pouco e ainda consigo sentir certo medo vindo dela, certa dor... Como suportar ver seu pai sendo torturado? E ainda mais pelo que parece ser uma projeção da pessoa que era o seu professor? Começo a me preocupar com Mateus. Afinal, é o mesmo corredor até a entrada, nem é tão longe e o garoto ainda não voltou. Me viro na direção de onde é a entrada e vejo a lanterna caída no chão, iluminando o nada.
–Mateus!
Solto a mão de Anette e corro até o lugar onde está a lanterna. Não vejo mais o garoto, muito menos o mapa. No lugar onde deveria estar, vejo um quadro vazio.
–Droga. Anette, Mateus sumiu!
–Como assim?
Ela corre ao meu encontro. Apanho a lanterna e saímos do hotel, correndo pelo jardim que não é muito grande. Olho pro cais e o barco ainda continua lá. Então para onde Mateus foi?
–Será que ele...
–Não, ele não pode ter pulado na água.
–E se alguém... Ou alguma coisa...
–Não, eu nem quero pensar.
Minha mente fica mais confusa. Eu havia prometido a ele que o levaria até o seu pai... Mas como posso fazer isso se o garoto some? Porém, também não dá pra sair vasculhando por ele agora que estou com Anette, pois ela corre perigo. Pular na água do lado seria perda de tempo, porque é bem provável que o garoto não tivesse feito isso...
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Silent Hill: O Artefato
HorrorEU achei que ERA apenas mais um aluno de história; EU achei que estava apenas buscando por mais uma LENDA; EU achei que não tinha nada a ver com o que estava acontecendo nessa CIDADE; EU achei que o SELO DE METATRON fosse apenas um artefato arqueoló...