Notas iniciais do capítulo
"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente." - William Shakespeare
Chang abre a porta cuidadosamente, pouco se importando com a frase a cerca do paraíso escrita e presa fortemente à porta. A subida foi um pouco longa e por momentos pensei que nunca chegaria ao topo, até que então vi uma esperança surgindo – a porta – a qual Chang está se encarregando de abrir. Pouco a pouco, vai se revelando para nós um ambiente semelhante a uma igreja, o santuário o qual Chang e Carl Thomas haviam citado. O santuário do deus, onde provavelmente seria realizado o ritual com Anette. O lugar se parece um pouco com a pequena capela existente na universidade de Aldebras, uma capela a qual eu sempre frequentava, conversando com o padre sobre meus sonhos malucos, sonhos estes que eram tão intensos que me amedrontavam o dia inteiro e eu sempre achei que era algo ligado ao sobrenatural pelo qual sempre busquei. Chegando à Silent Hill, constatei que meus sonhos eram muito parecidos com a realidade desse lugar, me remetendo a ele... Mas meus sonhos pareciam mais lembranças, e não sonhos inéditos. Eles sempre acabavam com o cara com a cabeça de pirâmide erguendo a sua espada. Quando contava ao padre, ele sempre me dizia que eu deveria parar de jogar videogames ou até mesmo deixar essa história de sobrenatural pra lá. Embora eu tenha tentado, sempre me pegava buscando sobre novos mitos na internet e até mesmo me surpreendo por nunca ter visto nada relacionado à Silent Hill.
O lugar está repleto de bancos grandes de madeira, formando duas filas nas laterais e deixando um estreito corredor ao centro e dois mais estreitos ainda nas laterais. O cheiro do lugar não é nada agradável, sendo completamente embargado em álcool misturado com o familiar cheiro de podre da cidade, que embora imergido no outro lado, parece intacto. As paredes estão apenas desgastadas do tempo e o chão é de cerâmica, um pouco quebrada, mas de cerâmica e não das horríveis e podres grades. As paredes não pulsam e tão pouco estão cheias de sangue. Me sinto de certa forma seguro. À frente, há alguns mosaicos completamente quebrados, não dando assim pra compreender a imagem a qual mostravam. Embaixo dele, um altar com uma mesa em cima, sem nada, está recoberto por um pano vermelho que à luz do próprio lugar parece molhado por algum líquido, provavelmente álcool, o que produz o cheiro forte presente no lugar. A mesa está exatamente no centro de um desenho com alguns círculos e alguns símbolos dentro, escritos ou desenhados no chão em vermelho, feitos com sangue. Então, lembro-me do real motivo de estar aqui: Anette.
–Chang... O ritual! – falo apontando para o altar.
–Calma Matthew. Ainda não foi feito. Podemos fazer alguma coisa!!
–Mas o quê? Temos que encontra-la...
–Não Matt! Pense bem!! Se o ritual vai ser aqui, então em algum momento vão trazê-la pra cá! Se procurarmos e nos perdermos, como poderemos impedir de algo acontecer? Temos que ficar aqui e tentar fazer o que pudermos!
Chang tem razão. Procurar como dois loucos só piorariam as coisas... Talvez seja melhor ficar e esperar, fazer alguma coisa... Mas como? Angela fez o favor de descarregar a arma, não encontramos mais munição desde então... Como poderemos impedir esse ritual? Eu ainda tenho minha chave inglesa na mochila, mas... Não sei se vai ser o suficiente. Pelo menos é melhor do que o ritual acontecer e nós não estarmos aqui.
–Tudo bem, vamos esperar.
Chang suspira e senta em uma dos bancos, de frente ao local preparado para o ritual. Eu começo a andar pelo lugar, não muito grande. Vejo uma porta à esquerda e alguns quadros presos nas laterais do lugar. Aproximo-me de uma das paredes e vejo três quadros. O primeiro mostra três pessoas sofrendo ou se lamentando, não consigo enxergar muito, pois parecem muito antigos. O segundo mostra um homem e uma mulher sentados em uma espécie de rocha, como se estivessem conversando com o nada. O terceiro é o mais diferente, porém me deixa um pouco perturbado: Há várias pessoas recebendo uma mulher, uma mulher cujo vestido vermelho toma conta de quase toda a pintura. Sinto calafrios ao olhar a pintura, como se aquela mulher fosse... Fosse... Deus. De repente, uma mão toca meu ombro e me viro rapidamente. É Chang.
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Silent Hill: O Artefato
HorrorEU achei que ERA apenas mais um aluno de história; EU achei que estava apenas buscando por mais uma LENDA; EU achei que não tinha nada a ver com o que estava acontecendo nessa CIDADE; EU achei que o SELO DE METATRON fosse apenas um artefato arqueoló...