Notas iniciais do capítulo
"Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor." - Johann Goethe
[Era uma manhã típica de janeiro. Estava frio, muito frio. Meu pai havia saído de casa enquanto minha mãe chorava no quarto: ele iria beber. Meu pai era alcóolatra e não conseguia ficar mais de 48 horas sem ingerir alguma coisa que contivesse álcool. Nós sabíamos disso e sempre nos lamentávamos por causa desse vício do meu pai. Apesar de tudo isso, ele era legal, isto é, quando estava sóbrio. Ele sempre brincava comigo nesses momentos apesar de eu já ter doze anos de idade e ser um pouquinho velho para o tipo de brincadeiras que ele costumava fazer comigo como esconder coisas e me fazer procura-las dizendo se eu estava “frio” ou “quente” além de outros tipos de brincadeiras. Mas naquele dia, era um dia de tristeza porque sabíamos como ele voltaria do bar. Era sempre a mesma coisa: batia a porta e queria comida. Se minha mãe falasse qualquer coisa, eles brigavam e ela apanhava feio. Meu pai era alto, forte... O suficiente para conseguir fazer um grande estrago na minha mãe.
Olhei pro quarto dela, vendo-a chorar com as mãos no rosto. Já sabíamos por quê. Ela olhou pra mim de repente, percebendo que eu já sabia de tudo e fez um gesto com a mão me chamando mais pra perto. Fui até o quarto e sentei na cama junto com ela, do seu lado. Ela enxugou os olhos com as mãos e olhou pra mim fingindo um sorriso torto.
–Matthew, tudo bem?
Ajeito os óculos no meu rosto tentando não esboçar nenhuma expressão.
–Err... Sim mamãe. Mas porque a senhora está chorando?
–Eu? Ahh... É porque me lembrei de uma coisa muito triste.
–Tem a ver com o papai?
–Ah... – ela se atrapalhou um pouco nas palavras – Tem sim filho. Acho que já chega de esconder as coisas de você.
Naquela manhã descobri tudo sobre o meu pai. Certo que algumas coisas eu já havia visto, mas não da perspectiva da minha mãe. Ela me contou o quanto ele era horrível quando bebia que gastava todo o dinheiro com álcool e que havia meses que não sobrava nada para comprar comida e que os finais de semana que eu passava na casa da minha tia eram devido à escassez de comida em casa, que eu precisava me alimentar. Ela me falou quantas vezes passou fome por causa do meu pai e seu vício idiota.
–Filho... Provavelmente essa semana eu terei que mandar você pra casa da sua tia em
Silent Hill mais uma vez. Seu pai recebeu dinheiro ontem e não guardou nada... Acho que vai gastar tudo hoje.–Mas mãe... Eu quero ficar com a senhora. Eu não quero mais ter que ir à Silent Hill toda vez que isso acontecer e lhe deixar aqui sozinha com o papai. Eu agora estou com medo de que aconteça alguma coisa.
–Filho... – ela enxuga mais uma vez os olhos com as mãos – Mas você vai! Eu não quero ver você em casa com fome. A próxima semana sai o dinheiro do meu salário e então vou lhe buscar. Não se preocupe com isso. E se você não quiser ir, eu vou lhe levar assim mesmo! Sou sua mãe!]
Abro os olhos. Estou caído perto de uma porta e sinto um cheiro podre invadir minhas narinas ao mesmo tempo em que gritos agudos e gemidos de dor tomam conta dos meus ouvidos e mente. A realidade ao meu redor mostra paredes pulsantes, pelo menos é o que a lanterna caída no chão me mostra. Levanto sentindo dor por todo meu corpo e com muito esforço me mantenho de pé. Vou até a lanterna e a pego, dando uma olhada pelo lugar. A escadaria some no meio do escuro fazendo com que um calafrio passe pela minha espinha. O cheiro lembra enxofre junto com animais mortos, fazendo com que eu sinta náuseas. Lembro-me de Mateus, preciso encontra-lo. Começo a subir a escada lentamente, que já não é mais de metal e sim de madeira. Os degraus fazem um rangido toda vez que eu piso em um deles, o que me dá calafrios a cada passo que dou. Consigo subir o primeiro lance de escadas, faltando mais um para chegar ao próximo andar. De repente, ouço o barulho de uma porta se abrindo. Era a porta onde eu estava caído. Volto um pouco para ver se era Mateus e vejo um homem sem camisa, com uma espécie de toalha em volta da cintura com uma enorme espada na mão e uma cabeça de metal formando uma espécie de pirâmide. Era a coisa da foto.
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Silent Hill: O Artefato
HorrorEU achei que ERA apenas mais um aluno de história; EU achei que estava apenas buscando por mais uma LENDA; EU achei que não tinha nada a ver com o que estava acontecendo nessa CIDADE; EU achei que o SELO DE METATRON fosse apenas um artefato arqueoló...