Encontro

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Notas iniciais do capítulo

"Quando um homem não se encontra a si mesmo, não encontra nada." - Johann Goethe

Abro os olhos e vejo um pouco de luz entrar pela janela. Parece que tudo voltou ao normal, a loja está mais visível e posso ver finalmente as coisas que estão dentro. Vejo flashes de tudo o que aconteceu no dia anterior em minha mente e começo a chorar incontrolavelmente. Incontrolavelmente, pois me sinto perdido, me sinto com medo... Isso me lembra da época em que meus pais me deixavam sozinho em casa para trabalhar... A casa era muito assustadora e tudo me dava medo, medo igual o que eu sinto agora. Meus olhos lacrimejam incessantemente, enquanto vou aos poucos recobrando a consciência, ainda sentado por trás de uma bancada na loja. Porque eu tive essa maldita ideia de ir até Silent Hill?

De repente, alguém parece bater à porta. Levanto-me rapidamente colocando a mochila nas costas e puxando a chave inglesa do bolso para me armar. Nem tenho tempo de fazer nada e logo tenho que me preparar para qualquer ataque... E se for um daqueles manequins estranhos?

–Olá? Tem alguém aqui?

–Tem! Espere um pouco!

Corro até a porta. A possibilidade de haver mais alguém ali me alegra novamente. O professor Thompsom me abandonou achando que eu estava delirando ou fingindo... Essa voz é feminina, então não há possibilidade de ser ele. Puxo o canivete especial da mochila e abro a porta da loja dando de cara com a mesma mulher que encontrei no cemitério. Ela me olha com uma expressão de decepção.

–Ah, é você...

–Oi! Devia ter ouvido o que você disse à respeito de vir a Silent Hill... Desculpa. Você pode me ajudar a sair daqui?

Ela olha pra mim aparentando não entender muita coisa.

–Sair? Não se pode sair daqui! A estrada pela qual você veio desabou... Agora tem um enorme abismo por lá. Temos que encontrar outra saída. Há algumas ruas bloqueadas, por algumas grades, esse lugar está uma loucura.

–Como assim NÃO DÁ PRA SAIR?

–E a culpa é minha? Eu avisei a você. Disse que era uma ideia idiota vir aqui... Mas você insistiu, então...

Respiro fundo. Decido não verificar, provavelmente ela deve estar falando a verdade. Será melhor encontrar logo uma saída do que me decepcionar procurando uma que está bloqueada.

–E... É realmente sério isso?

Ela revira os olhos, parece um pouco preocupada ou irritada com algo.

–Sim, é sério! Quer que eu desenhe pra você?

–Não, me desculpe.

–Tudo bem...

–Escuta, você disse que era uma ideia idiota vir aqui... Porque está aqui então?

–Eu? Eu... Vim procurar por minha mãe.

–Sua mãe?

–É. Sei que ela está por aqui e preciso encontra-la. Sabe, preciso me desculpar por umas coisas...

–Hm... E o que ela estaria fazendo aqui?

–Eu... Eu não sei.

Respiro fundo mais uma vez. A mulher olha para mim, mas sem prestar atenção em algo especial, apenas olhando para o nada. Penso em ajuda-la.

–Oi, eu sou Matthew Liward, se quiser ajuda... Também estou perdido – estendo a mão mais uma vez – e não sei muito que fazer, mas talvez juntos consigamos sair daqui e até encontrar sua mãe.

Silent Hill: O ArtefatoOnde histórias criam vida. Descubra agora