O Protetor Sagrado

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Notas iniciais do capítulo

"Alguém dentro de mim mente para me proteger." - Desconhecido

Esfrego os meus olhos e torno a dar uma olhada no lugar com a lanterna. A igreja, ou seja lá o que for isso, está completamente diferente. Tudo está muito escuro e só consigo ver alguma coisa pela luz da lanterna. Ilumino o lugar e percebo que não há portas nem janelas: estou trancado dentro de quatro paredes completamente fechadas. As paredes pulsam, o chão é uma enorme grade enferrujada que me mostra um abismo profundo. Meu coração acelera e começo a vasculhar por qualquer buraco que possa encontrar: nada!

–Mas que droga!

Olho em volta. Os bancos queimados e bagunçados e a única coisa que faz sentido é o altar. Começo a andar em voltas dentro do local, procurando algum outro objeto ou coisa que possa me tirar daqui.

–Mateus!

O que esse menino queria? Me matar por asfixia ou inanição? Provavelmente ele sabia disso e me fez entrar aqui sozinho... Mas, como ele sabe? Ele não estava aqui perdido junto com o pai? Como pode saber de tanta coisa assim?

Continuo vasculhando pelas coisas, não acho nada. Vou até o altar, próximo à mesa coberta por um pano vermelho com uma espécie de vasilha cheia de um líquido transparente que parece água. Eu não consigo ver sentido nenhum. Tento dar a volta na mesa e consigo encontrar na toalha uma inscrição em grego antigo feito provavelmente com um objeto muito quente, queimando assim a toalha e deixando a escrita como buracos. Ilumino com a lanterna e agradeço por ter tido aula de grego na faculdade de história. Aos poucos, começo a entender o que está escrito.

“Para o protetor sagrado, uma oferta de sangue.”

De repente, as coisas começam a fazer sentido na minha mente. Sento no chão de grades e vasculho a mochila retirando o objeto, isto é, o Selo de Metatron e em seguida os escritos que encontrei dentro da maleta.

O Selo de Metatron, um objeto circular de ouro que possui o selo gravado na sua frente. O objeto possui o poder da própria entidade, sendo emprestada a pessoa que o usar. O poder é capaz de fazer coisas além da naturalidade humana. Se assemelha ao poder da Mãe Sagrada, porém é ainda mais forte. O objeto foi deixado na Terra com o objetivo de capacitar a pessoa que seria responsável por cuidar da mãe sagrada, protegendo-a também do julgamento de deus enquanto o mesmo é gerado. Ao usar o selo, o seu portador obtém acesso ilimitado ao poder da entidade, entretanto, esse poder é incapaz de ser habilmente controlado se não for usada pelo seu usuário original, isto é, o protetor da Mãe Sagrada, uma vez que Metatron é o protetor de deus enquanto ele não assumir a sua forma completa. O objeto confere força suficiente para o seu utilizador para caminhar por entre as duas realidades presentes durante o julgamento de deus quando ele ainda não assumiu sua forma original.

–É isso. Encontrei o selo e o protetor sagrado seria esse tal de Metatron aí... Agora as coisas fazem sentido. Pra continuar com o Selo, eu preciso derramar sangue.

Olho para o altar e vejo a bacia com a água dentro. Guardo as coisas na mochila, exceto o objeto. Vou até a mesa e coloco o Selo dentro da tigela. Respiro e puxo o canivete. Faço um corte na palma da minha mão, trincando os dentes por causa da dor e espero goteja um pouco dentro do líquido junto com o selo. Caem algumas gotas de sangue eu rasgo uma parte da camisa usando ainda o canivete, fazendo uma espécie de torniquete na mão. A minha mão dói. Espero acontecer alguma coisa: nada. Derramei sangue em vão.

Decido pegar o objeto e quando o seguro firmemente em minhas mãos, a mesa onde estava a bacia com o líquido começa a pegar fogo diante dos meus olhos, me fazendo recuar alguns passos. Vejo o fogo consumir por completo a mesa e os objetos e então se revela um pequeno alçapão com uma escada. Era a minha chance de sair. Jogo o Selo dentro da mochila e vou até a pequena escada descendo devagar. As coisas estão um pouco escuras e tento segurar a lanterna ao mesmo passo que uso as duas mãos para descer a escada, ainda sentindo um pouco de do corte que fiz em uma das mãos.

Silent Hill: O ArtefatoOnde histórias criam vida. Descubra agora