Foto Em Cima Da Escrivaninha

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Notas iniciais do capítulo

"Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo." - Mark Twain

O lugar está completamente escuro, o que faz com que imediatamente eu pegue a lanterna e a ligue. Estou num tipo de corredor com algumas prateleiras e armários... Tudo parece podre e sujo, como se ninguém os tivesse usado por muito tempo. Consigo ainda enxergar alguns ratos passando sorrateiramente. Caminho direto até a porta que está a minha frente, ela está arrancada deixando apenas um buraco revelando um grande salão de boliche. O lugar é espaçoso, mas me dá arrepios. Há uma pequena luminária em uma escrivaninha, das pistas de boliche. As paredes estão rachadas, como se o lugar houvesse passado por um terremoto. Sinto um pouco de medo, minhas mãos começam a gelar e tento me aproximar da escrivaninha. Não sei, mas sinto meu coração acelerar rapidamente como se eu estivesse amedrontado mais do que já estou. Meus olhos vão se acostumando a luz fraca emitida pelo abajur verde. Sinto que meu coração está prestes a sair pela boca. Me aproximo o suficiente para ver o que está em cima da mesa: uma foto. Meu corpo inteiro gela e sinto minhas mãos suarem ao olhar para a criatura. Era exatamente a coisa que sempre encerrava meus sonhos, a coisa a qual sempre tive medo a minha vida inteira, a coisa que também apareceu nas fotos que procurei sobre Silent Hill na internet. Era... ele!

Dou alguns passos para trás, recuando como se aquele ser fosse sair da foto e me perseguir com aquela espada. Meus sentidos começam a se confundir, não consigo pensar direito, e sinto perder minha consciência. Porque aquela droga de foto estaria tão destacada, sendo a única coisa iluminada por aqui? Olho a minha volta, vejo todo aquele salão com manequins, manequins segurando bolas de boliche por todos os lados. Vejo aquelas coisas monstruosas me cercarem e o medo invadir minha mente... Pareciam pessoas, pessoas que foram transformadas em coisas, em objetos! Minha respiração acelerou e por pouco não grito. Tento recuar até a porta de fora dessa droga de prédio e aos poucos apresso o passo e corro até a porta, dando de cara mais uma vez com a rua.

Respiro golfadas e mais golfadas daquele ar enevoado. Passo a mão na testa e sinto a enorme quantidade de suor que a molha. Meu coração, ainda acelerado, reflete as cenas vistas e vividas à minutos atrás.

–Será que realmente valeu a pena vir a Silent Hill?

Viro para a esquerda e vejo aquela mulher, Angela Orosco se não me engano. Ela me olha ainda com uma expressão indiferente. Tenho a impressão de que ela me persegue.

–Angela... O que ainda faz aqui?

Ela me olha, ainda sem expressão alguma como se não se importasse com o meu estado.

–Humpf! E tudo por causa de uma lenda idiota, de um artefato poderoso.

Minha mente se reorganiza. Relembro o motivo de vir aqui, era por causa da lenda, do Selo de Metatron.

–Como sabe?

–Ahh, eu sei. Muitos já vieram a Silent Hill tentar encontrar esse objeto, o Selo de Metatron. Alguns a pesquisa, outros para tentar ressuscitar pessoas e até mesmo para se dar bem na vida. Mas uma coisa eu te afirmo, não há nada que esse objeto possa trazer de bom. A morte é irrevogável, falo isso porque eu sei.

–Angela... Aquele túmulo então...?

Ela olha pra mim rapidamente, como se desconfiasse que sei de algo. Tento disfarçar, virando o rosto.

–O que sabe sobre tudo isso? Mal chegou aqui, já quer mandar na minha vida? Garoto – ela puxa uma faca suja de sangue e vem até minha direção olhando fixamente nos meus olhos – você não sabe onde está se metendo...

–Eeer... – falo recuando alguns passos para trás – eu realmente não sei. Não estou me metendo em nada... Apenas vim investigar sobre essa droga de cidade ver se era real! Tudo que eu quero agora é achar Mateus e ir embora. Por favor, guarde isto.

Silent Hill: O ArtefatoOnde histórias criam vida. Descubra agora